Jardim dixit

O DN recorda, hoje, algumas frases lapidares do Alberto João. Ei-las:

Sobre a possível candidatura de Cavaco a Belém: «A ida do professor Cavaco para Belém seria nociva ao país e ao PSD. O sr. Silva devia ser expulso do PSD.»

Sobre a candidatura de Passos Coelho í  liderança do PSD: «Acha que depois de 30 e tal anos de política, estou para ser liderado por ese indivíduo?»

Sobre António José Seguro: «Esse senhor chegou a secretário geral do PS? Desculpa, o que eu me lembro do sr. Seguro é de andar a distribuir preservativos pelas praias».

Sobre Sócrates: «Sócrates está obcecado contra um povo, que é o madeirense, e quer fechar a imprensa que lhe é adversa. É nitidamente um Mugabe».

Sobre Guterres: Â«É um tonto… e caloteiro».

O facto deste gajo estar no poder desde 1978, sem que ninguém, nunca, o tenha posto na ordem, é um daqueles mistérios insondáveis.

E claro que vai ganhar as eleições novamente – pois se até o sr. Silva o desculpa…

Cavaco feliz

O homem não cabe em si de contente!

Finalmente, conseguiu realizar o sonho de Sá Carneiro – um presidente, um governo, um coiso e tal.

E desatou a dar opiniões, a falar por tudo e por nada, a armar-se em presidente!

Foi bonito ver o homem mudar de opinião e zangar-se com as agências de rating. Enquanto, no ano passado, dizia que não devíamos criticar essas agências, mas sim fazer o nosso trabalho, agora, diz que é escandaloso que elas digam que somos lixo.

E foi curioso vê-lo hoje defender mudanças no Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente, a sua abertura aos privados e o contributo dos cidadãos de acordo com os seus rendimentos.

Claro que Cavaco não explicou, por exemplo, que isso implica que muita gente passe a pagar quimioterapias, transplantes hepáticos, colocações de stents e outras coisas que, hoje em dia, o SNS faz, quer ao desempregado, quer ao director de empresa.

Obviamente que Cavaco está a lançar a semente para que, depois, quando o governo avançar com a ideia, a coisa já esteja a germinar.

E ainda faltam quase 5 anos para o homem se ir embora!

Primeiro-ministro de 1985 a 1995 e presidente desde 2006, quer fazer passar a ideia de que não tem culpa de nada.

E ainda faltam quase 5 anos para se ir embora!

Os calos de Cavaco Silva

Hoje, no Fundão, no dia em que se comemorou o 10 de Junho, Cavaco Silva fez o elogio das cerejas.

Disse, por exemplo, que, na sua juventude, gastava todo o dinheiro do almoço em cerejas, “e depois ficava sem almoço”. Explicou que isso acontecia porque, no Algarve, de onde é oriundo, não havia cerejas. E garantiu que as cerejas fazem bem a tudo – “até aos calos”!

Cavaco disse piadas!

Cavaco está distendido, tranquilo, quase feliz – embora um tipo tão oriundo como Cavaco, raramente se possa sentir feliz.

E o que faz Cavaco tão alegre?

A resposta é óbvia e tem a ver com a saída de cena de Sócrates.

Aliás, a retirada de Sócrates é um dos momentos políticos mais relevantes dos últimos anos.

Nunca tantos se juntaram no ódio a uma só pessoa. A esmagadora maioria dos jornalistas e comentadores da nossa praça nutria um ódio de estimação por Sócrates – o que só pode abonar em seu favor.

De facto, um tipo que foi, ao longo destes seis anos, o alvo das críticas mais ferozes de tipos tão diversos, de Pacheco Pereira a Vasco Pulido Valente, de Manuel Maria Carrilho a Marcelo Rebelo de Sousa, para não citar uns gajos que eu cá sei que, de repente, de transformaram em comentadores, com direito a páginas inteiras no DN – um tipo desses tem que ter algo de especial.

Mais: o que vai ser da primeira página do Sol, agora que Sócrates sai de cena?

Ver, agora, um telejornal da Sic, por exemplo, é uma experiência totalmente nova. Os repórteres, muito simpáticos, planam em redor de Passos Coelho e de Paulo Portas, pedem desculpa por existirem, respeitam os seus silêncios, fazem vénias, põem-se a jeito.

Mesmo assim, Passos Coelho não confiou nos seus compatriotas e contratou uma brasileira (quem mais?!) para organizar a sua campanha eleitoral. Alessandra Augusta, de sua graça, especialista em marketing, assegurou ao Expresso que “Passos foi o primeiro político a ganhar eleições dizendo o que pensa”.

És burra, Alessandra! Ao dizeres isto publicamente, nunca mais vais ser contratada. Então, todos os restantes políticos a quem organizaste campanhas eleitorais, não pensavam o que diziam? Ou não diziam o que pensavam?

Burra, também, foi Ana Gomes, ao dizer que Paulo Portas não devia fazer parte do governo, devido aos seus problemas anteriores (submarinos, cabeleiras postiças…).

Burra porque esse tipo de ataques resultavam com Sócrates, que foi maricas, falso engenheiro e corrupto no Freeport – mas não resultam com Portas, que toda a gente vê que é um estadista, até pelo modo como beija as peixeiras ou aperta firmemente a mão aos agricultores.

E já que estou a falar de burros, voltemos a Cavaco e í  sua devoção pela agricultura.

As lágrimas vieram-me aos olhos quando li o artigo de Cavaco, hoje, no Expresso, incentivando os jovens a dedicarem-se í  agricultura.

É bonito vermos um homem que contribuiu para a destruição da agricultura e das pescas, em troca de dinheiros comunitários para o cimento, enquanto foi primeiro-ministro, render-se, agora, í  Terra e a quem a trabalha.

Uns aninhos a mais, ou umas gotas para o cérebro a menos, e Cavaco adere ao PCP.

O Jerónimo que se cuide!…

10 Notas sobre a política caseira

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1. Passos Coelho deu ontem a sua primeira entrevista como primeiro-ministro.

2. Claro que o gajo ainda não foi eleito… mas isso é um pormenor. Os jornalistas já o bajulam como se fosse…

3. Ideias?… Nenhumas… O homem está a preparar-se para ser primeiro-ministro há mais de um ano mas ainda não foi capaz de apresentar um programa alternativo por inexperiência de Catroga, o jovem que lidera a equipa que está a preparar o programa do governo PSD.

4. Primeira medida tomada por Passos, como faz-de-conta-que-já-é-primeiro-ministro: revogar a avaliação dos professores. Os mercados internacionais agradecem…

5. Passos quer uma maioria absoluta e um governo alargado que pode incluir o PS, mas sem o seu secretário-geral, Sócrates. Boa ideia era o Passos Coelho candidatar-se a secretário-geral do PS. E ganhar.

6. Sócrates vai ser reeleito líder do PS com mais votos que o futuro presidente daquele clube com a camisola í s riscas mas, nos telejornais, foram as eleições dos lagartos que ocuparam mais espaço noticioso.

7. O filósofo-fashion Carrilho, ou a versão pedro-passos-coelho do PS, António José Seguro, são cães que ladram.

8. Eu, se fosse ao Sócrates, pegava nos 2 milhões que dizem que recebeu como luvas pelo licenciamento do Freeport, mais o quase-milhão que o seu amigo Vara recebeu do BCP, e começava a aliciar gajos do PSD para votarem no PS

9. Passos não revela o teor da conversa que teve com Merkel porque não percebe patavina de alemão

10. E Cavaco, mais uma vez, não tem nada a ver com isto. Penso, até, que o gajo é presidente de outro país qualquer…

Cavaquismos

Os jovens portugueses devem participar em “missões e causas essenciais ao futuro do país”, com “a mesma coragem, o mesmo desprendimento e mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar”.

Ora aqui está uma coisa que António Oliveira Salazar poderia ter dito, se continuasse vivo.

Mas não foi ele, foi Cavaco Silva, nas comemorações dos 50 anos da guerra do Ultramar.

Salazar e Cavaco – a mesma luta!

Aliás, dentro de alguns anos, estaremos a aturar o Cavaco tantos anos quantos aturámos o Botas…

Então o Presidente pensa que, nos anos 60, os jovens iam para a guerra com DESPRENDIMENTO?

Assim, do tipo: eu quero lá saber de emprego, carreira ou família, o que eu quero é morrer pela pátria e se morrer que se lixe, ah! que vontade de ser herói nacional e matar pretosÂ í  fartazana?!

Toma as gotas, Aníbal!

 

Ameaças…

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Ouve lá, ó Sócrates, só falta mesmo dormir com a Valquíria! Não sei o que vês nessa fulana, que tudo o que ela diz, tu fazes, pá!

Liberta-te, homem!

E tu, Cavaco, estás farto do governo? Demite-o!

Quanto a ti, Coelho, vê se te decidides: não apoias as novas medidas de austeridade? Apresenta uma moção de censura!

E tu, Santana, quando é que passas das ameaças í  acção e inventas um novo partido?

País de cães que ladram, mas não mordem…

Cavaquistão

Quando Cavaco foi eleito Presidente, o meu neto ainda nem sequer existia. Quando Cavaco terminar o seu segundo mandato, o meu neto estará perto de terminar o Ensino Básico.

Isto traumatiza qualquer pessoa!

Mas há mais…

Estávamos em 1985 e tínhamos um cocker, chamado Gin Tónico.

No terraço da nossa casa, bastava que apontássemos para o horizonte e gritássemos “Gin! Olha o Cavaco!” e logo o fiel Gin corria, que nem um desalmado, de um lado para o outro, ladrando furiosamente. Se o Cavaco ali se materializasse subitamente, seria estraçalhado pelas mandíbulas do cocker. Seguramente!

O pobre do Gin morreu em 2000 e o Cavaco continuou…

Foi em novembro de 1985 que Cavaco se tornou primeiro-ministro e, desde então, não mais deixou de nos azucrinar a cabeça.

E ainda o vamos aturar mais 5 anos!

Diz ele que não é político profissional…

Faria se fosse!

Este país é uma enxabarda!

A população de Enxabarda, concelho do Fundão, boicotou as eleições para a presidência da República.

Segundo a notícia da SIC, os habitantes de Enxabarda exigem a abertura da casa mortuária, cujas obras já estão prontas; no entanto, o empreiteiro não dá a chave da porta da casa mortuária porque a Junta de Freguesia ainda não pagou as obras.

Acresce que o sr. prior já disse que, na igreja, não quer mais mortos porque está muito frio, segundo afirmaram alguns habitantes de Enxabarda.

Um país que tem uma terra chamada Enxabarda, cuja população boicota as eleições presidenciais porque não tem a casa mortuária aberta, merece mesmo ter Cavaco como presidente mais 5 anos!