Em outubro de 1973 houve eleições para a Assembleia Nacional.
Concorreram a Acção Nacional Popular (ANP) e… a Acção Nacional Popular.
A Comissão Democrática Eleitoral (CDE), que congregava diversas forças da Oposição, desistiu antes do acto eleitoral, considerando que as eleições não eram democráticas.
Foi o último acto eleitoral antes do 25 de Abril de 1974, a última farsa permitida pelo sardónico Marcelo Caetano, que tinha prometido uma abertura democrática, que nunca aconteceu. No entanto, alguma liberdade de imprensa foi permitida, durante a campanha eleitoral.
Foi graças a essa ténue abertura, que foi possível publicar, no suplemento Fim de Semana do jornal República, estas pequenas “piadas”, sobre as eleições, a que chamámos “O Maumento Eleitoral” (claro que a ANP era a Lista A… e não havia mais nenhuma lista candidata…; três das curtas cenas foram ilustradas por um tipo que assinava Patrício e que, sinceramente, nunca conheci pessoalmente…)
Tudo isto parece um pouco patético e até infantil, mas era a única maneira de passar pelas malhas da censura e, digo-vos muito sinceramente, na altura fiquei espantado como aquele suplemento do República veio a público.
O Maumento Eleitoral
1º Voto
Um cavalheiro entra numa loja:
– Bom dia, eleições?
– Não temos.
2º Voto
3º Voto
Em frente í urna. um cidadão:
– Eu vinha votar, mas posso ter a certeza de que o sigilo do meu voto será mantido?
– Certamente! Passe para cá o seu voto na Lista A!
4º Voto
5º Voto
– Já contaram os votos do Barreiro?
– Não. As urnas foram a enterrar!
6º Voto