A comunicação social, em geral, adopta, cada vez mais, esta atitude de procurar sempre a defesa das minorias, o que poderia ser uma coisa digna de aplauso, mas que acaba por ser uma posição irritante.
O exemplo mais recente desta atitude centra-se no combate í pandemia.
Ninguém estava preparado para o covid 19.
Quando se fizerem as contas, no final de mais esta pandemia, ninguém se poderá vangloriar de ter antecipado o problema e de o ter enfrentado com notável sucesso.
Ao longo destes meses, a comunicação social tem enchido a boca com o exemplo da Suécia. Hoje, o rei dos suecos declarou publicamente que o país tinha falhado, no que respeita combate contra o covid, sobretudo nesta segunda onda.
Outro exemplo que a comunicação social levou aos píncaros, nomeadamente a Dona Sandra Felgueiras, da RTP, foi o da República Checa. Também já passou í história, perante o aumento do número de casos.
Por cá, os jornais e as televisões partiram sempre do princípio de que o SNS é uma merda e que a ministra da Saúde é uma incompetente e que a directora-geral da Saúde, uma tonta. Os hospitais estiveram sempre í beira da ruptura, os doentes estiveram sempre a morrer por falta de diagnósticos, nunca houve testes suficientes, as medidas foram sempre insuficientes ou, pelo contrário, foram a mais, os ventiladores eram poucos, depois eram suficientes, mas faltava-lhes um adaptador para o oxigénio (gostava de saber se os jornalistas fazem ideia do que é um ventilador, quanto mais uma cena para o oxigénio…).
O Público e a RTP conduziram um inquérito sobre a avaliação que os portugueses fazem do trabalho das autoridades, no que respeita ao combate ao covid.
Anunciaram, em parangonas, que 17% dos inquiridos classificavam como mau ou muito mau o desempenho da ministra Marta Temido; no entanto, mais de 80% disseram que o trabalho dela foi razoável, bom ou muito bom.
Idêntico raciocínio fez a comunicação social em relação a António Costa ou Graça Freitas, ou seja, as opiniões positivas ou razoavelmente positivas foram escamoteadas, em favor da minoria das opiniões negativas.
Mas, no que respeita í vacina contra o covid, a atitude da comunicação social é ainda mais preconceituosa.
Os jornalistas, em geral, ignoram que Portugal é um dos países do Mundo com taxas mais elevadas de vacinação ““ e que essa vacinação é feita, toda, nos nossos Centros de Saúde. As nossas equipas de enfermagem vacinam contra o tétano, poliomielite, tosse convulsa, parotidite, sarampo, rubéola, meningite, etc, há décadas.
E como são ignorantes neste campo, os jornalistas encheram a boca com os alemães, que estão a preparar pavilhões para vacinações em massa, como quem diz, vêem como eles são bons e nós somos uma merda?!…
Afinal, parece que a Pfizer não vai ser capaz de fornecer o número de doses que previa, pelo que, a nós, Portugal, cabem 9 750 doses, para já. Para as nossas enfermeiras, vacinar 9 750 pessoas vai ser como limpar o cu a meninos.
Ontem mesmo, os jornais embandeiravam com a notícia de que a França e a Alemanha iam começar a vacinação a 27 de dezembro. Afinal, parece que TODOS os países da União Europeia vão começar nesse dia. Portugal TAMBÉM!
Finalmente, no tal inquérito do Público e da RTP, perguntava-se se os portugueses estavam dispostos a ser vacinados contra o covid.
Três em cada quatro responderam que sim, mas isso era mau, em termos de notícia. Pois se estava estabelecido, pelos órgãos de comunicação social, que a campanha de vacinação ia correr mal, que não havia pessoal suficiente, que os centros de saúde não seriam capazes de cumprir a tarefa ““ era preciso dar uma ideia diferente da opinião geral dos inquiridos.
Por isso, noticiou-se que um em cada quatro portugueses não pretende ser vacinado para já…
Ora, porque não vão dar banho ao cão?…