A mensagem de Natal que Pedro Passos Coelho colocou no Facebook, não é um simples fait diver.
Aqueles três parágrafos revelam muita coisa – revelam que Passos Coelho, além de medíocre, é triste.
Começa ele por nos dizer que «este não foi o Natal que merecíamos». E porquê?
Porque «muitas famílias não tiveram na Consoada os pratos que se habituaram». Por outras palavras: habituados a morfarem perus obesos, cabritos informes e manadas de bacalhaus, as famílias tiveram que se contentar com uma sardinha e pão com azeitonas.
Comíamos acima das nossas possibilidades!
Mas Pedro diz mais: «Muitos não conseguiram ter a família toda í mesma mesa». E porquê?
Aqui, as dúvidas são muitas: a família aumentou e a mesa é mais pequena e não cabem todos í mesa e alguns tiveram que comer em pé? A família não aumentou mas a mesa encolheu? A mesa é a mesma, mas alguns elementos da família seguiram o conselho do Pedro e emigraram? As famílias decidiram fazer cisões e os avós sentaram-se uma mesa, enquanto os filhos e os netos se sentaram a outra mesa?
Pedro não esclarece, mas acrescenta: «E muitos não puderam dar aos filhos um simples presente.»
Quer dizer: armaram-se ao pingarelho e, em vez de darem um simples presente, deram um presente complicado!
A seguir, Pedro diz algo de muito estranho: «Já aqui estivemos antes».
Aqui, onde, pá?
E acrescenta: «Já nos sentámos em mesas em que a comida esticava para chegar a todos, já demos aos nossos filhos presentes menores porque não tínhamos como dar outros»
Ah! estás a fazer poesia, Pedro!…
Falas em sentido figurado… «já nos sentámos em mesas em que a comida esticava para chegar a todos»… e estamos a voltar a esses tempos em que éramos pobres mas honrados, em que estávamos orgulhosamente sós, em que, em qualquer casa portuguesa, bastava pão e vinho sobre a mesa. E, no fundo, tu achas que isso foi bom, formou o nosso carácter, ensinou-nos a não sermos exigentes, a contentarmo-nos com pouco.
No terceiro parágrafo, Pedro diz: «peço apenas que procurem a força para, quando olharem os vossos filhos e netos, o façam não com pesar mas com o orgulho de quem sabe que os sacrifícios que fazemos hoje, as difíceis decisões que estamos a tomar, fazemo-lo para que os nossos filhos tenham no futuro um Natal melhor»
Por outras palavras: Pedro pede-me para, quando eu olhar para os meus filhos e netos, não olhe com pesar, mas com orgulho.
E não poderei olhar com pesar e orgulho?
Porquê a conjunção adversativa “mas”, entre “pesar” e “orgulho”?
O resto da frase não faz qualquer sentido: «o orgulho de quem sabe que os sacrifícios que fazemos hoje… fazemo-lo para que os nossos filhos tenham no futuro um Natal melhor»?
Os sacrifícios fazemo-lo?!
Depois da patética mensagem de Natal transmitida pela televisão, Pedro quis emendar a mão e fazer de conta que é muito bonzinho e está muito preocupado com as famílias.
Fez mal.
O texto que publicou no Facebook é uma redacção medíocre e até tem erros gramaticais.
O meu professor da Escola Primária ter-lhe-ia dado 4 valores, numa escala de 20.