O sapo do Portas

Portas é um artista.

Meteu o coelho na cartola e de lá tirou um sapo.

Um sapo chamado Gaspar.

Durante este ano e meio, Portas andou por aí. Foi ao Brasil, í  Líbia, í  Venezuela, a Moçambique. Diplomacia económica, disse.

Por cá, os restantes membros do Governo iam fazendo o possível e o impossível para agravar o défice.

Depois, de repente, perceberam que, afinal, a austeridade tinha que ser agravada.

E Gaspar propí´s um enorme aumento de impostos.

Portas esteve quase para repetir aquilo que disse em junho de 2010: «o PSD não é de fiar em matéria de impostos».

Ou então, repetir o que disse em março do ano passado: «”…Eu uso de franqueza. Quando concordo, concordo. Quando discordo, discordo. E tenho que vos dizer isto com toda a franqueza. Subir impostos é aumentar a recessão. Disse-o ontem e digo-o hoje”Â».

Ou ainda o que disse de Sócrates, em julho de 2009: Â«É preciso ter descaramento. Um primeiro-ministro que aumentou todos os impostos e conseguiu uma consolidação do Orçamento í  custa de impostos e não de contenção de despesas vem agora fazer este anúncio (de que não pode baixar impostoso), eu digo que é descaramento».

Ou o que disse em maio de 2010: «Aumentar impostos é, como dizia o próprio engenheiro Sócrates quando se apresentou aos portugueses, o caminho mais fácil, mas não faz bem í  economia».

Ou o que disse a Teixeira dos Santos em janeiro de 2010: “…A ameaça do ministro das Finanças fez” só merece uma resposta “…se quer aumentar os impostos não conta com CDS” para uma viabilização do Orçamento do Estado.

Ou, finalmente, o que disse em setembro de 2007: «Quem está a combater o défice não é o governo, mas o contribuinte português, com os seus impostos, cujas receitas aumentaram 8,3% e estão a pagar a factura».

Mas não disse nada disso.

Preferiu engolir o sapo.

O bom aluno

Na perspectiva da Sra. Merkel e na de Os Mercados, o bom aluno não é só aquele que absorve bem a matéria proposta e passa em todas as avaliações com distinção.

Para Merkel e Os Mercados, o bom aluno é, sobretudo, aquele que nunca questiona a matéria dada, nunca faz perguntas, nunca procura alternativas.

Estamos a ser governados por um bom aluno e estamos tramados!

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O melhor povo do mundo

Gaspar é um ministro sádico.

Primeiro, informa que nos vai ao bolso, com um enorme aumento de impostos; depois, passa-nos a mão pelo pelo, dizendo que somos o melhor povo do mundo.

O seu homónimo rei mago, ofereceu mirra a Jesus; Gaspar, o ministro, oferece-nos uma porra!

Ele quer que fiquemos mais pobres.

Ao ouvi-lo, veio-me í  memória aquela cantiga reaccionária da Amália, que dizia assim: “A alegria da pobreza/ está nesta grande riqueza/ de dar, e ficar contente”.

Pobres mas honrados.

Cheira a Salazar.

Gaspar é sádico.

Fode-nos e depois dá-nos beijinho…

Vamos lá aumentar a receita, Paulo!

—O empresário chinês (de Hong Kong), Cecil Chao, decidiu oferecer 50 milhões de euros ao homem – qualquer homem – que consiga seduzir a sua filha, Gigi.

(De repente, lembrei-me daquela canção do Paulo de Carvalho: “Chamava-se Gigi, vestia de organdi…” – e lembrei-me que o Passos Coelho, depois de ter anunciado ao país, através da televisão, que nos ia lixar com a TSU e outras cenas, foi com a esposa a uma “noite cultural”, como disseram os jornalistas; “noite cultural” essa que consistiu em assistir a um show do dito Paulo de Carvalho, autor do hino do PSD, show que contou, também, com a participação do nosso Coelho, que cantou, com a sua voz de tenor, a tal cantiga da Nini, que vestia de organdi…)

Adiante…

Gigi Chao tem 33 anos e é lésbica. Assumidamente lésbica. Terá, até, juntado os trapinhos com a sua companheiro dos últimos sete anos, Sean Eav, em Paris.

Mas Cecil não se dá por vencido e diz que a sua Gigi é “uma muito boa menina, com talento e um bom visual, dedicada aos pais, generosa e que participa em trabalhos voluntários”.

Por isso, o homem – qualquer homem, “não me importo que seja rico ou pobre” – que consiga seduzir a Gigi e casar com ela, receberá 50 milhões de euros.

Ora, considerando que Paulo Portas é solteiro, que tem um bom emprego e que tem o dever patriótico de ajudar Portugal a reduzir o défice, penso que ele deve deslocar-se a Paris – pode ir até num dos nossos Falcon – seduzir a miúda e casar com ela!

Sempre são 50 milhões que entram, caramba!

Pedro, o medíocre

Tivemos vários Pedros na nossa História: o Cru ou Cruel, que não perdoou aos que assassinaram Inês, foi o Primeiro; D. Pedro II foi o Pacífico e pouco rasto deixou; o terceiro, casado com D. Maria, foi o Edificador; D. Pedro IV foi o Libertador – no Brasil, deu o grito do Ipiranga e foi o primeiro Imperador das terras de Vera Cruz; o quinto Pedro foi o Muito Amado e reinou num curto período, nos anos 1850, lutando contra a escravatura, criando a Faculdade de Letras e o Hospital D. Estefânia.

Agora, temos que aturar Pedro, o Medíocre.

De seu apelido Passos Coelho, Pedro lixa-nos bem lixados e, depois, vem fazer-nos festinhas no Facebook.

Esta noite, já depois da meia-noite, Pedro decidiu ir ao Facebook e “postou” um texto.

Medíocre.

São cinco parágrafos de conversa mole e lugares comuns, dignos de um Nicholas Sparks de Massamá.

O texto, que se pode ler aqui, começa por nos chamar amigos, que é sinal que nos está prestes a saltar-nos para cima.

Triste, Pedro diz que fez “um dos discursos mais ingratos que um Primeiro-Ministro pode fazer – informar os Portugueses, que têm enfrentado com tanta coragem e responsabilidade este período tão difícil da nossa história, que os sacrifícios ainda não terminaram.”

E esses sacrifícios ainda não terminaram porquê? Pedro não explica. Nem explicou, na sua comunicação ao país. Se nos portamos tão bem, se cumprimos tão bem aquilo que a troika manda, por que razão continuamos na mesma?

Continuando com a sua conversa fiada, Pedro acrescenta: “O nosso país é hoje um exemplo de determinação e força, e esse é o resultado directo dos sacrifícios que todos temos feito”.

Ora, se o nosso país é um exemplo, por que carga de água Pedro nos penaliza ainda mais e decide tirar-nos mais um ordenado?

Quer dizer: quanto mais nos baixamos, mais mostramos o cu, não é Pedro?

Mais í  frente, Pedro diz esta frase lapidar, que vai ficar na história: “Queria escrever-vos hoje, nesta página pessoal, não como Primeiro-Ministro mas como cidadão e como pai, para vos dizer apenas isto: esta história não acaba assim”.

A vulgaridade destas palavras até dói. “Esta história não acaba assim”? Ai não?! O que vais fazer, Pedro? Dar uma coça nos gajos da troika? Rasgar o memorando? Torcer o pescoço í  Merkel? Ou, simplesmente, continuar a lixar-nos, dia após dia, até que o déficit chegue aos 3%, dê por onde der, doa a quem doer, desde que continua a doer apenas aos do costume?…

Mas há uma frase que se destaca, deste pobre discurso: “Vejo todos os dias o quanto já estamos a trabalhar para corrigir os erros do passado, e a frustração de não poder poupar-nos a estes sacrifícios é apenas suplantada pelo orgulho que sinto em ver, uma vez mais, do que são feitos os Portugueses”

Conversa de ir ao cu, pura e simples.

Pedro – assim assina este texto o primeiro-ministro de Portugal – diz que sabe “do que são feitos os Portugueses”.

Eu não sei de que são feitos os portugueses, mas sei que Pedro está a conseguir, a pouco e pouco, que os portugueses fiquem feitos em merda!

 

Súplica ao Tribunal Constitucional

Por favor! Peço, imploro, suplico – não se metam mais nas decisões do governo do Sr. Coelho!

A culpa foi vossa!

Foi graças í  vossa decisão tão democrática que a dupla Coelho-Gaspar decidiu, em vez de tirar dois ordenados aos funcionários públicos, tirar um ordenado aos trabalhadores do privado e… dois ao funcionários públicos.

Dispensamos “ajudas” dessas!

Tudo na mesma…como a lesma…

Estive uma semana ausente e só hoje dispensei algum tempo í  leitura dos jornais.

Não sei o que esperava encontrar, mas fiquei desiludido.

Afinal, nada se passou de importante…

Anne Sinclair, aquela senhora ainda muito apresentável, casada com o Strauss-Khan, separou-se do homem.

Finalmente.

Neste momento, aquele que poderia estar no lugar do Hollande, é suspeito de se ter envolvido com uma rede de prostituição. Parece que Anne Sinclair terá dito: enganares-me com jornalistas, ministras e modelos, ou mesmo como empregadas de hotel, ainda vá – mas com putas, nunca!

Falando de enganos, na Roménia, parece que se provou que o primeiro-ministro copiou mais de 80 páginas da sua tese de doutoramento, razão pela qual se pede que lhe seja tirado o título de doutor.

O senhor, que é conhecido como Dr. Victor Ponta, passará a ser, simplesmente, Victor Ponta.

E já vai com sorte em só perder o doutor e manter a ponta…

Quem não deve andar com muita ponta por estes dias é o nosso Vitor, o Gaspar. Afinal, o déficit está nos 7,9%, muito longe dos prometidos 4,5% que deveríamos atingir no final do ano.

Parece que, afinal, reduzir os salários e aumentar os impostos, acabou por diminuir o consumo e as receitas dos impostos e aumentar as prestações sociais, com mais gastos do Estado em subsídios de desemprego e rendimentos de inserção.

Onde está o espanto?

De tanto falar num desvio colossal, causado pelo anterior governo, Gaspar acabou por conseguir um desvio colossal criado por ele próprio.

Talvez nos safemos, graças ao Mário Monti, de Itália.

Parece que, ao mesmo tempo que a Itália despachava a Alemanha do Euro do futebol, o primeiro-ministro italiano conseguia dobrar a Merkel, obrigando-a a aceitar um acordo mais favorável aos italianos e as espanhóis.

Pode ser que escorra algo para nós – ao fim e ao cabo, pertencemos ao clube dos PIIGS e convém recordar que dos 4 semi-finalistas do Euro, três eram PIIGS.

E isto quer dizer o quê?

Provavelmente nada…

Mas a notícia que mais me animou foi o modo como o ílvaro foi recebido no distrito de Castelo Branco.

A inteligência de um ministério também se mede por coisas destas: esta semana, 400 trabalhadores do call-center da Segurança Social de Castelo Branco foram despedidos e o mesmo aconteceu a 300 trabalhadores da delegação local da Delphi. Por outras palavras: num momento em que 700 trabalhadores vão para a rua em Castelo Branco, o ministro da Economia decide visitar… Castelo Branco.

Inteligência rara!

Estava-se mesmo a ver o que ia acontecer. Desde filho da puta até pastel de nata do catano, tudo o ílvaro teve que engolir. A culminar a festa, um manifestante atirou-se para cima do capot do carro do ílvaro e amolgou-lhe o emblema do Mercedes!

Isso não se faz!

O ílvaro ainda tentou acalmar os ânimos e até se dirigiu aos manifestantes, numa tentativa de lhes explicar por que razão o governo corta salários, flexibiliza despedimentos, aumenta os impostos e a merda cada vez é maior, mas a gritaria era muita e o ministro desistiu.

O sagaz presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, que estava presente e é calmeirão, colocou-se entre o Alvarito, que é pequenito, e os manifestantes e resolveu gozar com o pagode, dizendo esta coisa extraordinária: «senhor ministro, a verdade é que, para algumas pessoas, o único governo que se preocupou com os trabalhadores foi, em 1975, o governo de Vasco Gonçalves».

O Carlos Pinto não deve saber que mais de 35% dos desempregados ainda não eram nascidos quando Vasco Gonçalves foi primeiro-ministro.

Esperteza saloia, portanto.

E o ílvaro lá foi, rabinho entre as pernas, após mais uma demonstração de desconhecimento do país que governa (?)

Em resumo: afinal, está tudo na mesma…

Como a lesma…

O povo, o povo e o povo

O povo andou í  porrada nas lojas do Pingo Doce.

Diz Pacheco Pereira, no seu texto “Humilhação”, publicado hoje no Público:

«Procedeu-se como se no meio de um ajuntamento qualquer, de “manifestação”, seja ela pelo que for, atirasse um molho de moedas para mostrar que era fácil levar as pessoas a andar pelo chão a apanhá-las, quebrando o ajuntamento. As pessoas ficam melhor com o dinheiro que apanharam, mas sabem muito bem que isso significou andar de gatas pelo chão e isto humilha-as. O modo como se escolheu o 1º de maio, o mais politizado dos feriados portugueses, também o mais “social” dos feriados portugueses, o único que está associado a uma simbologia de luta e de reivindicação dos trabalhadores, para fazer isto, tem um significado que não pode ser ignorado. O modo como as coisas correram não foi muito diferente de abrir promoções de 50% na carne na sexta-feira santa, o que naturalmente seria visto como uma provocação desnecessária aos crentes que aceitam as obrigações dietéticas da sua religião.»

E diz Miguel Sousa Tavares, na sua crónica de hoje, no Expresso:

«A direita acredita na caridade, a esquerda acredita na justiça social. (…) Terça-feira passada, o que a Jerónimo Martins fez foi um gesto de pura arrogância empresarial, uma operação reveladora de profundo desprezo e desrespeito pelos seus clientes, disfarçada de caridadezinha social. E não apenas por o fazer sem aviso num primeiro de maio – o que, já de si e para mais na situação actual, revela uma profunda ignorância histórica e uma atitude de ‘vale tudo’. Mas atirar descontos de 50% aos pobres, como outrora os senhores ricos atiravam moedas aos pedintes í  porta das igrejas e ficar a gozar o espectáculo da multidão a disputar a esmola, é a direita novecentista no seu pior, é juntar o insulto í  pobreza.»

Pacheco e Sousa Tavares estão enganados.

Aquela maltósia que andou í  chapada para comprar 250 rolos de papel higiénico a metade do preço, não era o povo.

O povo estava a descer a Avenida da Liberdade, com o Proença da UGT í  frente, dando vivas ao 1º de Maio.

Ou talvez eu esteja enganado e o povo estivesse, isso sim, em frente í  Fonte Luminosa, de punho erguido, gritando palavras de ordem ensinadas pelo Arménio da CGTP.

E daí, se formos a ver bem, o povo, aquilo a que se chama povo, estava em casa, calmamente a ver um daqueles programas televisivos idiotas.

Porque essa do “povo unido”, aconteceu uma vez, ali para o Largo do Carmo – e correu bem porque o Jerónimo Martins, o verdadeiro, não se lembrou de, nesse dia, vender tudo com 50% de desconto.