Emigra, Passos, emigra

Passos Coelho parece um elefante numa loja de cristal.

Na sua ânsia de explicar a crise aos portugueses, dá entrevistas a torto e a direito e, quando mais fala, mais se enterra.

PPC é incapaz de nos dar uma boa notícia e, católico como é, bem comportadinho como é, conservador como é, sente-se culpado e repete as desculpas, entrevista após entrevista.

E para tornar a realidade mais real, vai acrescentando mais austeridade í  austeridade.

A crise é grande?

Vai ser pior!

Os tempos estão difíceis?

Ainda não viram nada!

O desemprego aumenta, nomeadamente, no seio dos professores?

Pois que emigrem!

Foi esta a sua última sugestão, numa entrevista ao Correio da Manhã.

Sugestão interessante.

“Fait divers”, disse o seu mais genuíno lacaio, Carlos Alberto Amorim, o famoso liberal que achava difícil ser liberal mas que, agora, que é deputado pelo PSD, já se está marimbando para o liberalismo e adora fazer parte de um partido que se diz social-democrata (ah! ah!).

Eis a minha sugestão: peguemos no Coelho e no Amorim e obriguem-nos a emigrar para a Coreia do Norte, onde serão forçados a chorar pela morte do Querido Líder.

Deuladeu Martins e Sócrates – a mesma estratégia

Para quem nunca soube ou para quem já não se lembra, Deuladeu Martins é uma personagem histórica, responsável por uma lenda típica do engenho e arte dos portugueses em enfrentar as adversidades.

Deuladeu Martins era a esposa do alcaide de Monção, nos tempos em que D. Fernando, o Formoso, lutava contra os castelhanos, que pretendiam anexar-nos. História habitual.

O alcaide estava fora da cidade quando os castelhanos decidiram atacar. Deuladeu Martins tomou o comando das poucas tropas e resistiu. Ao fim de alguns dias de cerco, os mantimentos escasseavam em ambos os lados. Então, a nossa heroína decidiu juntar a pouca farinha que havia na vila e fez meia dúzia de pães. Depois, no cimo de uma das torres da fortificação que defendia Monção, atirou com os pães aos castelhanos, gritando: «Deus lo deu, Deus lo ha dado!»

Os palermas dos castelhanos, vendo tanto desprendimento, pensaram que os portugueses estavam cheios de comida e que, por isso, iriam aguentar mais duas ou três semanas de cerco, enquanto que eles, os atacantes, estavam na penúria.

Por isso, levantaram o cerco e regressaram a terras de Castela.

E o que esta história tem a ver com o ex-primeiro-ministro Sócrates.

Tudo.

Depois de meses de silêncio, eis que surge um vídeo gravado í  surrelfa, em que Sócrates, numa conferência universitária, em Paris, diz que as dívidas dos países não são para pagar, mas sim para se irem gerindo – isto é, disse, em voz alta, aquilo que toda a gente pensa. Algumas virgens escandalizadas, ficaram muito espantadas com estas declarações. Caso de Freitas do Amaral que, por sofrer problemas da coluna, deixou de ser ministro dos Negócios Estrangeiros do primeiro governo de Sócrates, mas vai conseguir ser administrador da GALP. Parece que as cadeiras da GALP são mais confortáveis que as do Palácio das Necessidades. Foi também o caso do Paulo Portas, que disse que teve que ler duas vezes as declarações de Sócrates para as conseguir entender. Claro que Portas  pretende pagar a nossa dívida toda, incluindo a dos submarinos que ele comprou…

Mas não é por isto que Sócrates se parece com Deuladeu Martins.

Hoje mesmo, o Expresso e o I, pelo menos, noticiam que Sócrates gastou 75 mil euros em duas cerimónias de apresentação do novo museu dos Coches, que nem sequer existe ainda.

É aqui que Sócrates se aproxima da mulher de Monção.

Assediado pelos mercados, com a dívida soberana a crescer e os juros a subir, Sócrates continuava a esbanjar dinheiro, como se tivesse os cofres cheios.

Se o tivessem deixado continuar, os mercados acabariam por desistir, tal como os castelhanos o fizeram há séculos – e perdoavam-nos a dívida.

Porque, meus amigos, as dívidas dos países não são para pagar.

Sócrates dixit.

Portugueses preparam-se para o fim do euro

Mais uma cimeira que poucos resultados deu.

Os líderes europeus não se entendem, a Merkel não consegue mandar em todos, os britânicos continuam uns emproados, o Sarkozy quer é voltar para casa, para o aconchego da Bruni, os suecos não fazem nada sem um referendo, os húngaros não percebem o que se passa porque falam mal inglês e francês e recusam-se a aprender alemão, os belgas não se entendem a eles próprios, os portugueses são portugueses…

Portanto, o mais provável é o euro continuar o seu declínio.

Os larápios portugueses já perceberam isso e, segundo o DN de ontem, quatro mulheres carteiristas foram surpreendidas, em Alfama, a roubar um turista japonês.

Estavam a roubar uma carteira repleta de ienes.

Espertas…

O sexo da Angela

Como será o sexo de Angela Merkel?

Falo dos vários sentidos da palavra sexo, não só o género (sexo feminino?), mas também no que diz respeito í  actividade sexual e até í  anatomia do sexo.

Deixo aqui um espaço para pensarem um pouco sobre a actividade sexual de Angela Merkel.

E mais um pouco de espaço para imaginar a anatomia dos seus órgãos sexuais.

Quanto a Sarkozy, não é difícil imaginar a Carla Bruni, de negligé e guitarra na mão, ronronando uma canção romântica, enquanto o Nicolas, de fio dental, mete o nariz em tudo o que é Carla e mexe em tudo o que é Bruni.

Isso, nos poucos momentos livres em que o pobre do francês não está a aturar a alemã.

Agora, imaginar a Angela de negligé é que é mais complicado!

Ainda consigo fantasiá-la de corpete de cabedal e de chicote na mão, zurzindo as nádegas de alguém ao som do Tanhauser, de Wagner.

Mas duvido.

E por que razão estou a discutir o sexo da Angela? Que importância é que isto tem para a resolução da actual crise do euro?

Muita!

Se, na sua vida privada, a Angela não tem sexo satisfatório, vinga-se e, publicamente, fode-nos a nós! Todos!

Madeira – farol da Democracia

Na véspera de uma Greve Geral, em que milhares de portugueses irão mostrar a sua indignação perante as medidas de austeridade que nos estão a atirar para a recessão, num momento em que muitos se interrogam sobre o destino da Democracia, numa altura em que o capitalismo selvagem parece estar a tomar conta das nossas vidas – eis que a Madeira, a Pérola do Atlântico, nos mostra o caminho.

Como?

Simples!

Os deputados do PSD na Assembleia madeirense decidiram que um único deputado pode votar pelos restantes 25.

De facto, por que raio é que 25 deputados se hão-de deslocar í  Assembleia, quando um único pode fazer o trabalho de todos?

O PSD continua com a maioria absoluta, mas mais curta do antes; com efeito, o PSD tem apenas mais dois deputados do que a soma dos deputados da Oposição. Imagine que, por exemplo, dois ou três deputados do PSD têm outra coisa mais importante para fazer do que ir apanhar secas na Assembleia. O partido fica em minoria e pode perder votações.

Nada disso.

O líder da bancada do PSD vota e o seu voto vale pelos 25 deputados!

É assim mesmo!

Obrigado, Alberto João, pelo exemplo que continuas a dar!

E obrigado pelos 3 milhões que vais gastar no fogo de artifício!

Eu próprio já contribuí para os teus foguetes, com metade do meu subsídio de Natal!

Espero que te rebentem na peida, pá!

Economistas de Família

Crise.

Vivemos acima das nossas possibilidades.

Cortes nos ordenados e nos subsídios.

Famílias falidas.

Crédito malparado.

A pressão dos mercados.

Dívida soberana.

Quem se consegue orientar por entre esta floresta de novos conceitos?

Que devo fazer para apertar o cinto, sem sofrer demais?

É nesta perspectiva que avanço com esta grande ideia: a criação da figura do Economista de Família, especialista em Economia Geral e Familiar.

í€ imagem e semelhança do Médico de Família, o Economista de Família teria a seu cargo uma lista de cerca de 1500 a 2000 utentes e seria da sua responsabilidade aconselhar os seus utentes sobre a melhor maneira de gerir os respectivos ordenados.

Poderei comprar uma máquina de lavar nova, apesar de não receber subsídio de Natal; estarei em condições de comprar um carro novo, a crédito; terei dinheiro para comprar um par de sapatos ou deverei, em primeiro lugar, renovar o meu stock de cuecas?

Estas e outras perguntas poderiam ser respondidas pelo nosso Economista de Família.

Vamos nisso?

A pão e água

Segundo o DN, «o PS vai propor na terça-feira que a Comissão parlamentar do Ambiente passe a consumir água da torneira, uma medida para dar o “exemplo” no Parlamento, onde se consomem anualmente mais de 45 mil garrafas de água».

Acho mal.

Percebe-se que, em tempos de crise, os deputados fiquem a pão e água, mas penso que os nossos deputados deviam ajudar a nossa economia e passar a consumir vinho.

As sessões parlamentares seria muito mais divertidas!

Salvemos o escudo!

Segundo o Sol, «o Estado está a preparar-se para derreter as moedas de escudo que estão guardadas desde 2002 – momento da adesão í  moeda única europeia».

São toneladas de moedas de escudo que estão í  guarda de militares da Força Aérea, no campo de tiro de Alcochete.

Derreter tantos escudos, quando o euro está í  beira de explodir, será boa ideia?

Se calhar, é altura do Otelo pegar nos seus 800 homens e assaltar Alcochete!

Il vero amore de Berlusconi

A crise prejudica todos.

Vejam lá que o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, foi obrigado a adiar a edição do seu terceiro disco, intitulado “Il Vero Amore”.

Gravado em parceria com o músico napolitano Mariano Apicella, o disco, que já devia estar aí, a subir nos tops, só sairá, talvez, lá para o fim do mês.

Percebe-se, agora, por que razão Berlusconi pediu a supervisão do FMI.

Ainda o vamos ver fazer um dueto com a Christine Lagarde…

O referendo grego

O problema central não é o primeiro-ministro grego ter decidido fazer um referendo, mas sim que pergunta fazer nesse referendo.

Papandreu (pronuncia-se mais ou menos assim, mas escreve-se de maneira muito diferente) diz que o referendo não é sobre o euro, mas sim sobre as medidas de austeridade.

Mas também há a possibilidade de Papandreu desistir do referendo, a favor da formação de um governo de coligação entre os socialistas e o partido í  sua direita.

Nesse caso, Papandreu cederia o seu lugar a Papadamus (não tenho bem a certeza se é assim que se pronuncia…)

Fica claro que o problema grego é uma questão de Papas.

Por cá, o nosso Papa-Açorda anda a reboque, ora dizendo que não é preciso renegociar com a troika, ora afirmando que são precisos ajustamentos…

Voltando ao referendo e í  sua pergunta.

Poderá ser, simplesmente: «deve a Grécia manter-se no euro ou deve voltar ao dracma?»

Ou ainda: «deve a Grécia aceitar as medidas impostas pela troika ou deve fazer-lhes um manguito?»

Ou talvez: «deve a Grécia manter-se na Europa ou passar-se para a ísia, que fica já aqui ao lado?»

Ou, finalmente: «deve a Grécia pedir a extradição de Duarte Lima, conceder-lhe a cidadania e nomeá-lo primeiro-ministro e, depois, sair do euro?»

Eu votaria nesta última pergunta.