Hoje, no Fundão, no dia em que se comemorou o 10 de Junho, Cavaco Silva fez o elogio das cerejas.
Disse, por exemplo, que, na sua juventude, gastava todo o dinheiro do almoço em cerejas, “e depois ficava sem almoço”. Explicou que isso acontecia porque, no Algarve, de onde é oriundo, não havia cerejas. E garantiu que as cerejas fazem bem a tudo – “até aos calos”!
Cavaco disse piadas!
Cavaco está distendido, tranquilo, quase feliz – embora um tipo tão oriundo como Cavaco, raramente se possa sentir feliz.
E o que faz Cavaco tão alegre?
A resposta é óbvia e tem a ver com a saída de cena de Sócrates.
Aliás, a retirada de Sócrates é um dos momentos políticos mais relevantes dos últimos anos.
Nunca tantos se juntaram no ódio a uma só pessoa. A esmagadora maioria dos jornalistas e comentadores da nossa praça nutria um ódio de estimação por Sócrates – o que só pode abonar em seu favor.
De facto, um tipo que foi, ao longo destes seis anos, o alvo das críticas mais ferozes de tipos tão diversos, de Pacheco Pereira a Vasco Pulido Valente, de Manuel Maria Carrilho a Marcelo Rebelo de Sousa, para não citar uns gajos que eu cá sei que, de repente, de transformaram em comentadores, com direito a páginas inteiras no DN – um tipo desses tem que ter algo de especial.
Mais: o que vai ser da primeira página do Sol, agora que Sócrates sai de cena?
Ver, agora, um telejornal da Sic, por exemplo, é uma experiência totalmente nova. Os repórteres, muito simpáticos, planam em redor de Passos Coelho e de Paulo Portas, pedem desculpa por existirem, respeitam os seus silêncios, fazem vénias, põem-se a jeito.
Mesmo assim, Passos Coelho não confiou nos seus compatriotas e contratou uma brasileira (quem mais?!) para organizar a sua campanha eleitoral. Alessandra Augusta, de sua graça, especialista em marketing, assegurou ao Expresso que “Passos foi o primeiro político a ganhar eleições dizendo o que pensa”.
És burra, Alessandra! Ao dizeres isto publicamente, nunca mais vais ser contratada. Então, todos os restantes políticos a quem organizaste campanhas eleitorais, não pensavam o que diziam? Ou não diziam o que pensavam?
Burra, também, foi Ana Gomes, ao dizer que Paulo Portas não devia fazer parte do governo, devido aos seus problemas anteriores (submarinos, cabeleiras postiças…).
Burra porque esse tipo de ataques resultavam com Sócrates, que foi maricas, falso engenheiro e corrupto no Freeport – mas não resultam com Portas, que toda a gente vê que é um estadista, até pelo modo como beija as peixeiras ou aperta firmemente a mão aos agricultores.
E já que estou a falar de burros, voltemos a Cavaco e í sua devoção pela agricultura.
As lágrimas vieram-me aos olhos quando li o artigo de Cavaco, hoje, no Expresso, incentivando os jovens a dedicarem-se í agricultura.
É bonito vermos um homem que contribuiu para a destruição da agricultura e das pescas, em troca de dinheiros comunitários para o cimento, enquanto foi primeiro-ministro, render-se, agora, í Terra e a quem a trabalha.
Uns aninhos a mais, ou umas gotas para o cérebro a menos, e Cavaco adere ao PCP.
O Jerónimo que se cuide!…