As eleições europeias são completamente desnecessárias.
Primeiro, realizavam-se as legislativas. Depois, consoante os resultados, cada partido tinha direito a “xis” deputados europeus, designados pelas respectivas direcções partidárias.
Da maneira como as coisas estão, as eleições europeias acabam por ser, sempre, um teste ao desempenho do governo em exercício.
Sendo assim, é natural que, na campanha, se fale quase exclusivamente de assuntos internos e pouco, muito pouco, da União Europeia.
É assim que se justifica o ataque do candidato Vital, que chamou a atenção para a “roubalheira” do caso BPN. No seu blogue, Causa Nossa, até lhe chamou “tranquibérnia”, o que obrigou os jornalistas a correrem ao dicionário, para ficarem a saber que tal palavrão significa “confusão, desordem, negócio de má-fé, trampolinice, falcatrua, tramóia, fraude, trapaça, burla.”
Que língua tão rica, a nossa. Quantos sinónimos para algo tão velho como a Humanidade: enganar o próximo.
Mas a palavra “roubalheira”, na boca do candidato Vital, fez estremecer as instituições. Claro que toda a gente sabe que a malta do BPN se abotoou, se aboletou, sacou, fanou, surripiou, gamou, desviou – numa palavra: roubou alguns milhões de euros.
Mas, uma coisa é saber o que eles fizeram, outra é dizer abertamente, que eles roubaram e que, entre eles, há “figuras gradas do PSD”.
Até a Maria de Belém ficou chocada. Diz que não usa esse tipo de linguagem. Gostaria de saber como diz ela, quando alguém lhe rouba a carteira: “Senhor polícia aquele senhor apropriou-se indevidamente da minha carteira?”
Mas logo veio José Lello, dizer: “choca-me a displicência da deputada Maria de Belém”.
O PS não precisa de inimigos. O próprio PS se encarrega de se lixar.
Claro que é tudo uma questão de linguagem.
Se Oliveira e Costa, Dias Loureiro e seus amigos ficaram, indevidamente, com dinheiro que não lhes pertencia, não será uma roubalheira?
Segundo Miguel Portas, do Bloco, é uma “negociata”.
Roubalheira, negociata, tranquibérnia… bambochata (grande patuscada).
Mas há uma terceira coisa que me agrada nas eleições europeias (a primeira foi o ressurgimento da Carmelinda Pereira e a segunda foram os comentários ao texto que escrevi sobre ela…): ver o Paulo Rangel de corpo inteiro.
É que estou habituado a vê-lo na Assembleia da República, atrás da bancada. Sabia que ele me fazia lembrar uma figura da banda desenhada, mas não me lembrava qual.
Ontem, ao vê-lo, na TV, a percorrer as ruas de Aveiro, ao lado de Ferreira Leite, vi-o de corpo inteiro e percebi quem é ele, de facto.
Paulo Rangel não passa de uma incarnação de um Blue Meannie, um dos mauzões do filme “Yellow Submarine”.
E não me desmintam!