Montero pensa que a criatividade e a loucura talvez não andem de mãos dadas, mas têm apenas uma parede finíssima a separá-las.
Nascida em 1951, esta escritora espanhola, de quem já li A Boa Sorte, A Ridícula Ideia de Não Voltar a Ver-te e Instruções Para Salvar o Mundo, dá-nos inúmeros exemplos de escritores, uns famosos, outros menos, que lutaram contra a loucura ou que a deixaram tomar conta de si próprios e que a aproveitaram para criar as suas obras.
Com efeito, são inúmeros os exemplos. Rosa Montero gosta, especialmente, de Sylvia Plath (1932-1963), Virginia Woolf (1882-1941) e Emmanuel Carrí¨re (1957). Plath suicidou-e com a cabeça dentro do fogão da cozinha, Woolf suicidou-se metendo-se no mar, vestindo um sobretudo cheio de pedregulhos, e Carrí¨re, embora não se tenha suicidado, sofre de uma perturbação bipolar.
Mas há muitos outros exemplos de criadores suicidas, alcoólicos ou loucos ““ e Montero compara-se com eles, em certa medida, embora nunca assuma nenhuma doença mental ou vício de substâncias aditivas.
A sua tese é que a criatividade está ligada a mentes diferentes das mentes das pessoas, digamos, comuns, banais.
Tem razão, certamente, mas não penso que seja absolutamente necessário dar as mãos í loucura para ser criativo – e poderia elencar uma lista de nomes de autores que criaram grandes obras sem estarem a entrar e sair de instituições psiquiátricas. Apesar disso, recomendo.