Manuel Alegre, como poeta, é um mau político.
Os jornalistas adjectivam-no como “histórico deputado socialista”, mas devem usar o adjectivo “histórico”, no sentido de “dinossáurio”.
Alegre defendeu a convergência das esquerdas, que é como diz, o estrabismo de esquerda.
Todos os esquerdistas a olhar para si próprios – um olho na merda, outro no infinito.
Marcelo Rebelo de Sousa, na sua homilia, esfregou logo as mãos de contente, dizendo que com um novo partido, liderado pelo Alegre, talvez o PSD, mesmo esfrangalhado, conseguisse mais votos que o PS.
Tinha a sua graça: o PS e o PSD empatarem nas eleições e ficarmos sem governo por causa de um novo partido de esquerda, lançado por um poeta serí´dio. Como se a esquerda precisasse de mais partidos. Como se a esquerda não estivesse já suficientemente fragmentada e enfraquecida.
De cachecol branco em redor do pescoço e casaco de pele de antílope, quiçá caçado por ele próprio, Alegre disse outras coisas lindas, como esta: “esta é a nova coragem que é preciso ter”!
E mais esta: “Dante reservou os lugares mais quentes do Inferno para aqueles que em tempo de crise moral se mantivessem neutros”.
E ainda esta: “Ninguém é proprietário da esquerda, ninguém tem o monopólio da verdade, ninguém é dono do futuro.”
A mim ninguém me cala!
Manuel Alegre, como político, é um mau poeta…