Foi o título do livro que me despertou a atenção, claro.
Mas confesso que as histórias de Keret são, no mínimo, estranhas.
Etgar Keret é um escritor israelita, nascido em 1967, conhecido como autor de histórias curtas, novelas e argumentos para televisão.
O Motorista de Autocarro que Queria Ser Deus é o título da primeira história desta colectânea que, originalmente, se intitula Missing Kissinger, que é a quarta história.
Claro que o título escolhido para a edição portuguesa não é inocente.
Por vezes, a escrita de Keret faz lembrar os Contos do Gin Tónico, do Mário-Henrique Leiria, mas só por vezes.
Um exemplo:
A história Atravessar Paredes, começa assim:
“Ela tinha um daqueles olhares, meio desiludido, meio quero-lá-saber! Como alguém que descobre ter comprado leite magro por engano e não tem força para ir trocá-lo.”
Outro, tirado do início da história Exclusividade:
“Foi exactamente nessa altura que deitei abaixo uma parede. Os jornalistas são todos umas putas e eu deitei abaixo uma parede”.
Não há dúvida que são inícios prometedores mas, depois, a coisa perde-se um bocado.
A edição é da Sextante e a tradução, do hebraico, é de Lúcia Liba Muczick.