Esta pequena notícia que saiu no Público de ontem é uma pedrada no charco dos eufemismos que nos inundam.
Já o falecido George Carlin se insurgia contra os eufemismos, no livro “Quando é que Jesus Traz as Costeletas” (Europa-América, 2004).
Não são “contínuas”, são “auxiliares de acção educativa”, não são “empregadas da limpeza”, são “auxiliares de acção médica”, a “instrução primária” passou a “ensino básico”, o “lixo”, agora, são “resíduos sólidos urbanos”, e etc, etc…
Por isso, é de louvar esta Associação Nacional dos Coxos (ANC), que não tem vergonha nenhuma de se chamar assim mesmo, sem eufemismos – nem Associação Nacional das Pessoas com Deficiência numa Perna, nem Associação Nacional dos Indivíduos que Andam de Forma Diferente. É dos Coxos e acabou!
E mais: a Associação Nacional dos Coxos não tem problema nenhum em pedir í Assembleia da República que institua o dia 23 de Março como o Dia Nacional dos Coxos!
Mas os deputados devem todos pertencer í Associação Nacional dos Surdos e ainda não deram ouvidos í proposta dos Coxos. Diz o presidente da ANC, António Francisco: “se houvesse deputados coxos, o dia já era nosso”.
Olha que não sei, ó Francisco. É óbvio que há deputados gagos e não é por isso que há um Dia Nacional dos Gagos.
Mas estou contigo quando dizes que “ser coxo não é defeito”. Ser deputado pode ser muito pior!
Finalmente, um aviso: não será perigoso fazer um Encontro Nacional de Coxos em Fátima?
Imaginem que a Nossa Senhora decide fazer um milagre…
A Associação Nacional dos Coxos deixaria de existir…