“Nomadland”, de Chloe Zhao (2020)

A localidade de Empire, no Nevada, existia graças í  mina de gipsita (gesso) e í  empresa que procedia í  sua extracção. Todas as casas pertenciam í  empresa e Empire chegou a ter 750 habitantes, uma piscina, escola, e até aeroporto. A partir de 2008, com a crise económica, a construção civil deixou de precisar de tanto pladur e a empresa foi í  falência; a maior parte dos empregados e respectivas famílias abandonou a cidade, que se transformou numa cidade-fantasma em 2011.

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Francis McDormand interpreta o papel de Fern, a viúva de um trabalhador da mina que, depois da morte do marido e da falência da empresa, decide meter-se na sua carrinha e partir, tonando-se uma nómada ““ como ela diz, não é uma “…homeless”, é uma “…houseless”.Ao longo de quase duas horas vamos acompanhando Fern e conhecendo alguns dos nómadas que vivem em caravanas e carrinhas, de cidade em cidade, aproveitando trabalhos sazonais. Fern trabalha na Amazon, na altura do Natal, quando as encomendas aumentam, mas também num parque de caravanas nas badlands, num restaurante de fast food, ou na apanha da beterraba, no Nebraska.É um filme comovente e profundo e as pequenas conversas que Fern vai tendo com alguns nómadas (que não são actores), falam-nos da vida, da solidão, da morte, das coisas boas da vida, da liberdade, da memória.Gostei da fotografia e da música e a interpretação de Frances McDormand é excelente.Um filme elegante e maduro da realizadora chinesa Chloe Zhao, que só tem 29 anos.

“Burn After Reading”, de Ethan e Joel Coen

—“Destruir Depois de Ler” é mais uma daquelas comédias mais ou menos malucas que os irmãos Coen gostam de fazer, de quando em vez. Começaram com “Arizona Junior” e, sazonalmente, chateiam-se do “cinema sério” (“True Blood”, “The ManWho Wasn’t There” e etc) e fazem uma coisa destas (um “objecto cinematográfico com discurso de comédia”, como escreveria um crítico profissional). Nem sempre se saem bem. Se “The Big Lebowski” acabou por se tornar um clássico da comédia, e “O Brother, Where Art Thou?”, embora um pouco pateta, ainda se aguenta, “Intolerable Cruelty”, também com Clooney, é uma seca.

Mas este filme, de 2008, é muito recomendável. O resumo do argumento diz tudo: «a disk containing the memoirs of a CIA agent ends up in the hands of two unscrupulous gym employees who attempt to sell it.»

George Clooney, Frances McDormand, John Malkovich e um surpreendentemente pateta Brad Pitt, são os principais intérpretes e cumprem, com nota alta.

Foi o primeiro filme que vi, através do videoclube do Meo.

Zon down!

Meo rules!

“North Country”, de Niki Caro

—Em 1989, as minas do Minnesota foram obrigadas pelo Supremo Tribunal a contratar mulheres e não é que contrataram logo a Charlize Theron?…

“North Country” é um filme baseado numa história verídica. Charlize faz o papel de Josey Aimes, mãe solteira de dois filhos, um de cada pai, e com fama de ser estouvada e danada para a brincadeira.

Assim, quando decide empregar-se nas minas, é alvo de provocações diárias, por parte dos mineiros todos e nem consegue a solidariedade das restantes mulheres, meia-dúzia de mães de família que não querem perder o emprego. A única que a apoia é uma delegada sindical (Frances McDormand), que acaba vítima de esclerose múltipla.

Afinal, acabamos por descobrir que Josey foi violada por um professor e a única testemunha, o seu primeiro namorado, nada fez para a ajudar e é agora um dos mineiros que mais a provoca.

O assunto é sério mas, sinceramente, ver a Charlize vestida de mineira, com capacete e tudo, tira a seriedade í  coisa e faz com que comecemos, também nós, a mandar umas bocas machistas, armados em mineiros do Minnesota.

E a coisa acaba por saber a soap opera…