Geoff Dyer (n. 1958) é um escritor e jornalista inglês que, entre muitas outras coisas, escreve sobre viagens… e drogas – se bem que as drogas que ele usa (ou usou), lhe permitem algumas viagens, mesmo sem sair do mesmo sítio.
Este livro junta onze textos que, embora sejam sobre diversos locais do mundo, não são especificamente sobre esses locais – e daí o título, até porque o escritor nunca fala de yoga.
Os textos falam-nos do Camboja e de outras regiões do sudeste asiático (com muitos cogumelos alucinogénios pelo meio), de Roma, de Black Rock City, Detroit e da Líbia, mas fala-nos, sobretudo, do autor, das suas angústias, das suas dúvidas existenciais, que são muitas.
Dyer já viajou muito e parece uma pessoas cansada; cansada das viagens, cansada de ser quem é, cansada de tudo – ou então, é pose.
Parece que, para ele, as viagens são um grande frete e pergunto-me: por que viaja, então?
Deve ser pose.
No Camboja, num passeio de barco, Dyer salienta a imundice:
«Vagueando pela água, a menos de um metro do barco, estava um enorme cagalhão humano. Parecia uma grande maçaroca de milho. Não queria ver aquilo mas era incapaz de desviar o olhar. Na verdade, num ambiente que conduzia apenas í diarreia e í cólera, a firmeza e o tamanho do cagalhão era um acontecimento colossal – um testamento í capacidade humana de se adaptar ao ambiente.»
Ainda por cima, parece que tudo se vira contra o homem:
«Eu tenho uma maldição meteorológica. A meteorologia altera-se de acordo com a minha presença. As frentes frias avançam. As áreas de baixa pressão acumulam-se. Chego a qualquer lado e começa a chover. Sou sempre informado que, até ao dia anterior, o tempo estava perfeito. Até ao dia anterior í minha chegada não caiu uma gota de chuva durante seis semanas, não havia uma única nuvem no céu desde que existem registos meteorológicos. Mas, se eu chegar, chove.»
É pose, claro.
Muito divertido, o texto sobre a Líbia, ainda no tempo de Khadafi.
Um curioso livro de viagens para quem não está para ler um livro sobre viagens.