impostos
Por favor, não copiem o meu Coiso…
O nosso adorado governo inventou uma taxa sobre os suportes digitais, cujos proventos irão para os bolsos dos autores.
Se comprares um cartão de memória, uma fotocopiadora, impressora, computador, pen, tablete ou telefone esperto, tens que pagar uma taxa porque se parte do princípio que vais copiar uma música, um vídeo, um texto, qualquer coisa da autoria de um artista qualquer que, assim, está a ser roubado!
Portanto, qualquer um de nós se transforma num pirata digital ao comprar uma daquelas coisas.
Desde a dona de casa entesoada que, assim que compra o seu primeiro telefone esperto, vai logo a correr copiar um vídeo do Tony Carreira, que é aquele tipo que canta nas feiras do Continente, até ao velhote que compra um telemóvel, daqueles que tem uns números enormes, só para ligar para o 112 quando tiver o AVC – todos, mas todos, têm que pagar a taxazinha, em prol dos artistas.
O nosso quase-ministro da Cultura, aquele que mais se parece com um membro da Brigada dos Mártires do Crescente Digital, quer assim proteger os nossos artistas e juro que já vi um sorriso de satisfação na cara de alguns deles.
Mas agora falta taxar as Bimby’s – não se esqueçam que também há cozinha de autor!
Pela hora da morte
Um vento de protesto passa por terras do Douro.
O povo de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde une-se para protestar contra o aumento das taxas dos cemitérios.
Por exemplo: no caso de enterros em sepulturas, o preço era de 17,20 euros e vai passar a ser 49,60, o que corresponde a um aumento de 180%.
Mas o maior aumento dá-se nos enterros aos fins de semana, em que a taxa passa de 42,30 para 123 euros, ou seja, um aumento de 190%!
Morrer no Douro está pela hora da morte.
Portanto, esta malta de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde é muito capaz de decidir não morrer, o que irá prejudicar, ainda mais, a sustentabilidade das pensões da Segurança Social.
Sempre quero ver o que é que a troika tem a dizer sobre isto!…
Um governo prejudicial í saúde
Factos:
1. No final da reunião do Conselho de Ministros de terça-feira passada, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque disse que teremos que ter mais «contributos adicionais do lado da receita, designadamente na indústria farmacêutica ou de tributação sobre produtos que têm efeitos nocivos para a saúde».
2. No dia seguinte, o secretário de Estado da Saúde, Leal da Costa, revelou a intenção de criar uma taxa sobre produtos com alto teor de sal ou açúcar.
3. Hoje, o Público diz que o ministro da Economia, Pires de Lima disse: «Não há taxa. É uma ficção, um fantasma que nunca foi discutido em Conselho de Ministros e cuja especulação só prejudica o funcionamento da Economia».
Estes três factos permitem as seguintes cinco perguntas:
1. Um secretário de Estado que é Leal da Costa também será leal do interior?
2. Um pires de loiça não seria preferível a um Pires de Lima?
3. Maria Luís Albuquerque é mesmo um pãozinho sem sal?
4. Leal da Costa sofre de amargos de boca?
5. O secretário de Estado da Saúde tem alguma empresa produtora de aspartame?
Em resumo: se Maria Luís Albuquerque quer taxar os “produtos com efeitos nocivos para a saúde” por que não começa por ela própria?
E quem fiscaliza o fiscal, afinal?
O governo avisa que quem não exigir factura está sujeito a uma multa de 75 a 2 mil euros.
Esta bizarria pressupõe que haja fiscais das finanças í porta das lojas.
Do lado de fora, claro.
A gente sai lá de dentro, com o saquinho das calças de bombazine acabadinhas de comprar e o gajo ataca:
“Onde está a factura?”
E nós, í brocha, í procura da dita, de bolso em bolso.
E toma lá: multa de 75 a 2 mil euros, dependendo, se calhar, dos nomes que chamares ao fiscal.
O ex-secretário de Estado da Cultura, Viegas, ficou famoso (finalmente!) pelo texto que publicou, sobre esta formidável questão.
Escreveu ele, no seu blog A Origem das Espécies:
“Caro Paulo Núncio: queria apenas avisar que, se por acaso, algum senhor da Autoridade Tributária e Aduaneira tentar «fiscalizar-me» í saída de uma loja, um café, um restaurante ou um bordel (quando forem legalizados) com o simpático objectivo de ver se eu pedi factura das despesas realizadas, lhe responderei que, com pena minha pela evidente má criação, terei de lhe pedir para ir tomar no cu, ou, em alternativa, que peça a minha detenção por desobediência.”
Esta reacção (mandar o fiscal tomar no cu) deve valer 2 mil euros de multa, digo eu…
Mas… e se eu sair da loja sem factura e não aparecer nenhum fiscal para me multar?
Poderei eu multar o Estado?
Esta é que é a grande questão.
O governo tem que arranjar maneira de fiscalizar os fiscais, para ver se eles estão, efectivamente, a fiscalizar os cidadãos.
Em breve viveremos num verdadeiro paraíso fiscal, em que todos seremos fiscais uns dos outros!
Grande amigo dos reformados!
Dona Susete, Senhor Umbelino, quanto recebeis de reforma?
Se for mais que 293 euros mensais, tendes que começar a declarar IRS.
Nem mais!
O Gaspar manda, o Coelho obedece!
E tendes que preencher o impresso através da intermete.
Não tendes computador? Não sabeis o que é isso da intermete?
Azar!
Tereis que pagar a um contabilista ou ides levar com uma coima.
De qualquer das maneiras, ides pagar!
Como diz aquele gajo do banco: aguentas? Ai aguentas, aguentas!…
Verbo furtar, presente do indicativo
Eu fano
Tu tiras
Ele saca
Nós subtraímos
Vós roubais
Eles aumentam o IRS!
Coisas…
1. Um livro de poemas para adultos de Alice Vieira foi recomendado a crianças no Plano Nacional de Leitura.
Parece-me correcto.
Em Portugal, o livro mais vendido é “As 50 Sombras Mais Negras” e o segundo mais vendido é “As 50 Sombras de Grey” – dois calhamaços escritos por uma dona de casa que fez uma dieta í base de Pau de Cabinda.
Talvez começando a fornecer poesia í s criancinhas, consigamos mudar os hábitos de leitura desta malta!
2. Todas as escolas do 1º ciclo de S. João da Madeira vão passar a ensinar mandarim.
Justificação? Preparar futuros contactos comerciais com o “maior mercado da Humanidade”.
Já estou a imaginar os jovens de S. João da Madeira a abrir lojas de chineses em Xangai…
3. O comissário europeu Oli Rehn insiste na necessidade de manter em Portugal o “espírito construtivo” que tem caracterizado o ambiente político e acrescentou que quer os partidos a “trabalhar em conjunto”.
Mas quantos de nós votaram neste gajo?
4. Portugal foi o segundo país com maior aumento de impostos entre 2009 e 2012, só suplantado pela Argentina.
í“ Gaspar – vamos lá a fazer só mais um esforçozinho!
Ninguém gosta de ficar em segundo lugar quando pode ficar em primeiro!
A voz do povo
Dutch Pingo Doce
A família Soares dos Santos, detentora da Jerónimo Martins e dos supermercados Pingo Doce, decidiu mudar o seu domicílio fiscal para a Holanda.
Quer dizer que, a partir de agora, Alexandre Soares dos Santos, um dos poucos portugueses que figura na lista da Forbes , como um dos mais ricos da Europa, vai deixar de contribuir, com os seus impostos, para o nosso Serviço Nacional de Saúde e para a nossa escola pública, e vai passar a ajudar os holandeses, que devem estar muito precisados.
Obrigado, Sr. Alexandre, por essa demonstração de solidariedade para com os seus conterrâneos!
Já não bastava massacrares-me com aquela música abrasileirada do pingo-doce-venha-cá – agora, pisgas-te para a Holanda…
Bem sei que te estás borrifando, mas informo-te que nunca mais entro num dos teus supermercados nojentos!