“Pequenas Coisas Como Estas”, de Claire Keegan (2021)

Claire Keegan (Wicklow, Irlanda, 1968), foi finalista do Booker Prize de 2022 com este livro.

Depois de ter lido um calhamaço com mais de 600 páginas, despachei este pequeno livro de 80 páginas numa penada.

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Por vezes, não é preciso escrever muito para se conseguir o que se pretende. O que esta escritora irlandesa quis foi falar-nos, de um modo simples, de mais uma tragédia relacionada com a igreja católica.

No final do livro, uma nota dá-nos conta das chamadas Lavandarias de Madalena, instituições ligadas a conventos que albergavam raparigas “…pecadoras”, aquelas que engravidavam depois de terem sido violadas, ou depois de uma relação ocasional, e que eram solteiras. Diz a nota que essas mulheres eram “…escondidas, aprisionadas e obrigadas a trabalhar nessas instituições”. Muitos dos registos dessas lavandarias foram destruídos e não se sabe ao certo quantas mulheres albergaram. Há quem fale em 10 mil, há quem diga que foram 30 mil. Muitas dessas mulheres perderam os seus bebés, muitas perderam as suas vidas. Um relatório recente da Comissão de Investigação dos Lares para Mães Solteiras concluiu que 9 mil crianças morreram em apenas 18 das instituições investigadas. Em 2014, a investigadora Catherine Corless descobriu que 796 bebés morreram entre 1925 e 1961 no lar de Tuam, no condado de Galway.

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É sobre isto que trata esta pequena, mas eloquente novela.

Bill Furlong vendia carvão, antracite e lenha. Vivia numa pequena vila irlandesa, com a sua mulher e as suas cinco filhas. Um dia, ao entregar carvão no convento local, deparou-se com uma rapariga presa no reservatório de carvão.

Depois de muito matutar, Bill Furlong tomou uma decisão em relação í quela rapariga. O que fez, não foi nada de especial, mas são Pequenas Coisas Como Estas que podem fazer a diferença.

Vale a pena ler.

“Milkman”, de Anna Burns (2018)

Anna Burns (Belfast, 1962) é um escritora da Irlanda do Norte que conseguiu o feito de vencer o Man Booker Prize no ano passado, com este livro.

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Diz Kwame Anthony Appiah, membro do júri do Man Booker Prize: “Nenhum de nós leu algo assim antes. A voz incrivelmente distintiva de Anna Burns desafia o pensamento tradicional e ganha forma numa prosa surpreendente e imersiva”.

Milkman está escrito de uma forma muito próxima da oralidade. A narradora é uma jovem de 18 anos, sem nome, designada como filha do meio. Aliás, ninguém tem nome, nesta história. A filha do meio tem um namorado mais ou menos e vários irmãos e irmãs, designadas por irmã um, irmã dois, irmãs mais pequenas – e começa a ser assediada por um paramilitar, apelidado de Leiteiro (não confundir com o leiteiro de verdade, com letra pequena, também conhecido como a pessoa que não gostava de ninguém, mas que acaba por ser o apaixonado da mãe da narradora, que é viúva).

Toda a acção se passa na Irlanda do Norte e envolve católicos e protestantes, forças governamentais e antigoverno, militares e paramilitares, informadores, bombistas e afins – embora o romance nunca refira, explicitamente, o conflito irlandês.

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Foi com dificuldade que acabei de ler Milkman. A tal oralidade, í s tantas, chateia, porque penso que a autora abusa dessa técnica e torna a escrita confusa e repetitiva.

O membro do júri diz que nunca leu nada assim, foi porque nunca leu O Discurso da Desordem, um livro de António Rebordão Navarro, de 1972, e que é também torrencial e pelo de oralidade e, na minha opinião, muito mais “revolucionário” do que este Milkman.

Li até ao fim, mas com dificuldade e algum fastio.

Merry Dublin

Os pubs, cheios até í  porta, de irlandeses de Guiness em punho, as portas georgianas, pintadas de cores garridas, a Christ Church, os jardins de St. Stephen e da Merrow Square, o rio Liffey e a Ha’Penny Bridge, Temple Bar e a multidão pelas ruas medievais, os artistas de rua, O’Connell Street e the Spire, as ruas pedonais, Grafton e Moore Street, com o mercado de legumes, Meeting House Square e o mercado de comidas, o Castelo e o Trinity College, as Wicklow Mountains e Glendalough, as ruínas e os lagos.

Já lá estive.

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