“Annie John”, de Jamaica Kinkaid (1983)

Jamaica Kinkaid é o pseudónimo da escritora Elaine Potter Richardson, nascida em 1949 na ilha de Antígua e Barbuda. Aos 17 anos, deixou a sua ilha natal e emigrou para Nova Iorque. Acabou por se tornou colaboradora da revista New Yorker e este “Annie John” foi o seu romance de estreia.

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É um pequeno livro que se lê de uma penada e que nos deixa tristes por acabar, ao contrário de muitos calhamaços que agora se escrevem e que não precisavam de ser tão densos e longos.

O livro, quem sabe autobiográfico, conta-nos a história de uma menina, Anni John, que vive numa ilha caribenha com o pai, um homem já velho, e a mãe, muito mais nova que ele e com quem Annie tem uma relação muito próxima – relação que se vai modificando à medida que ela cresce.

Todo o livro é delicioso e escolho este pedaço como podia escolher outro qualquer:

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“Passámos pelo consultório do médico que disse três vezes à minha mãe que eu não precisava de óculos e que lhe recomendou que, se eu sentisse que tinha a vista fraca, tomasse um copo de sumo de cenoura por dia, para a fortalecer. Isto aconteceu quando eu tinha oito anos. todos os dias, no intervalo, corria para o portão da escola, onde a minha mãe me esperava com um copo de sumo de cenoura acabadas de ralar e espremer; depois de beber, corria outra vez para me juntar às minhas colegas. Bem sabia que não tinha problema nenhum nos olhos, mas tinha lido recentemente, no The Schoolgirl’s Own Annual, uma história cuja heroína, uma rapariga poucos anos mais velha do que eu, me impressionara tanto com o modo como estava sempre a endireitar os óculos pequenos e redondos, com armação de tartaruga, que senti que precisava de ter uns óculos iguais”.

Recomendo!