Pela primeira vez vi uma série toda de enfiada e não me arrependi.
Boston Legal passou na ABC entre 2004 e 2008 e é uma criação de David E. Kelley, autor de outros êxitos televisivos como a série Ally McBeal.
Tendo por base uma firma de advogados, a Crane, Poole & Schmidt, a série caracteriza-se pelos grandes “bonecos” criados por William Shatner (Denny Crane) e sobretudo por James Spader (Alan Shore).
Denny Crane é um advogado septuagenário que em tempos foi famoso, gabando-se de nunca ter perdido um caso. Republicano, conservador, reaccionário, Crane está a braços com um Alzheimer no seu início, que muitas vezes serve de desculpa para dizer e fazer grandes barbaridades.
Alan Shore é o advogado das causas perdidas, defendendo-as sempre com grande brilhantismo. Democrata e progressista, pelo menos comparado com Crane, aceita os casos mais absurdos, acabando sempre por apresentar uma argumentação fortemente politizada.
Outra característica da série é a cena final de cada episódio, em que Crane e Shore conversam na varanda do escritório, fumando um charuto e bebericando Chivas Regal. Os diálogos são quase sempre deliciosos e é fantástico como foi possível escrever 101 destes diálogos, sem que nunca sejam banais.
As figuras secundárias, tirando Candice Bergen, que é a Schmidt, uma advogada contida e que terá sido uma devoradora de homens (incluindo Crane), têm pouca importância na série, se comparadas com os dois principais.
Já conhecia Spader de filmes como “Sex, Lies & Videotape”, mas em Boston Legal ele compõe uma figura que vai perdurar na história das séries. Menos brilhante, mas também muito divertida a participação do ex-capitão Kirk, William Shatner.