John Banville (Wexford, Irlanda, 1945) venceu o Booker Prize de 2005 com o romance “O Mar”, razão pela qual esperava algo de melhor.
Este “Abril em Espanha” é um romance “antigo”. Embora tenha sido publicado apenas há três anos, a história cheira a velho: não há telemóveis, muito menos computadores, a máquina de escrever ainda é usada, toda a gente fuma e em todo o lado, dentro dos hotéis, até no hospital – e isto não seria nada de especial se, em algum lado, durante o romance, soubéssemos em que época a história se passava.
Depois, todas as personagens são demasiado caricaturadas. O assassino a soldo é, todo ele, uma caricatura. O patologista alcoólico idem idem. E a história é pouco credível.
Esta passagem da página 226 é bem ilustrativa do mofo da história:
“Observou o homem do outro lado da secretária. Olhando para ele, com aquela cabeça quadrada e aqueles ombros enormes, ninguém diria que era maricas. Mas, numa noite de nevoeiro, não há muitos anos, os Gardas tinham-no apanhado na casa de banho dos homens em Burgh Quay, de joelhos, em frente a um rapaz que tinha as calças pelos tornozelos”.
Já não se usa…