A notícia do Expresso é quase incrível.
Saiu ontem e diz assim: «O magistrado chegou vinte minutos atrasado ao julgamento de um caso banal, ouviu um reparo da juíza e justificou-se com o despertador do telemóvel, que não tocou. Depois, mandou o funcionário judicial ir ao casaco buscar umas folhas e disse dez quadras que escreveu durante a viagem de metro até ao tribunal cível de Lisboa».
Tudo isto já parece impossível, mas o jornalista Rui Gustavo (rgustavo@expresso.impresa.pt) faz questão de desenvolver a notícia e de nos presentear com quatro das dez quadras que o procurador José Vaz Correia escreveu.
A qualidade das quadras fica logo atestada por esta:
“Os comboios já vão cheios / muitos se levantam cedo
nas mulheres aprecio os seios / mas têm outro enredo”
Pausa para podermos reler a quadra e imaginar o procurador a lê-la, em voz alta, para a juíza – ou melhor ainda, para imaginarmos este membro de um órgão de soberania, sentado no metro, a escrever esta quadra.
As outras duas quadras têm, também, fino recorte literário, mas a minha preferida é esta:
“São sete e pouco da manhã/ viajo de Metro para o trabalho
fi-lo ontem, farei-o amanhã /só sou aquilo que valho”
“Farei-o”?!
Do verbo farar?!
A notícia continua dizendo que «o procurador pí´s baixa médica e não tem estado no tribunal».
Deve estar a aprender a escrever português…
País de poetas…
País de patetas…