No passado dia 5, morreu Ray Bradbury. Tinha 91 anos e foi um dos mais influentes autores de ficção científica.
Ficou famoso, sobretudo, por Fahrenheit 451, novela publicada no ano em que eu nasci, 1953.
Muito antes de ler o livro, li a adaptação cinematográfica que François Truffaut fez de Fahrenheit 451. O filme foi estreado em Portugal em dezembro de 1967 e já não me lembro se o vi no Estúdio 444 ou no Quarteto.
Lembro-me, no entanto, que o filme me impressionou, não só pela Julie Christie, que impressionava muito boa gente nos anos 60, mas sobretudo pela história: uma sociedade onde os livros são proibidos; quem é apanhado com livros é severamente castigado e os livros são destruídos por uma brigada especial de bombeiros, que os queimam í temperatura de 451 graus Fahenheit. Por isso, os defensores dos livros decidem decorar as grandes obras; cada militante é um livro. Encontram-se clandestinamente para recordarem, uns aos outros, as grandes obras, que assim se manterão, através da tradição oral.
E não terá sido através da tradição oral que as grandes obras nasceram?
Bradbury foi ainda autor de muitas short stories de ficção científica, muitas delas adaptadas ao cinema ou í televisão.
De Bradbury, para além de Fahrenheit 451, li ainda Muito Depois da Meia-Noite (Long After Midnight, 1974) e A íšltima Cidade de Marte (I Sing The Body Electric, 1948-1969), duas colectâneas de contos publicadas na colecção Argonauta, da qual fui fã na década de 80, e também o romance A Morte é um Acto Solitário (Death is a Lonely Business, 1985).
Entretanto, afastei-me da ficção científica e acho que já não tenho muita pachorra para esse estilo de histórias; ou então, escasseiam autores como Bradbury, Asimov, Philip K. Dick ou Robert Heinlein.