Vamos supor que sou liberal e que tenho um amigo que é secretário de Estado no governo.
Vamos supor, por absurdo, que me chamo Passos Coelho e que esse amigo se chama Miguel Relvas.
Decido ser consultor e depois administrador (ou vice-versa) de uma empresa de formação, a que dou o nome de Tecnoforma.
Se alguém me perguntar o que faz a empresa, digo que dá formação.
Se alguém perguntar que tipo de formação dá a minha empresa, respondo formação técnica.
Convém deixar tudo suficientemente vago para poder encaixar em qualquer oportunidade que o meu amigo Relvas me arranjar.
E ele arranja um programa com um nome bonito: Floral.
Há umas massas do Fundo Europeu e mais uns milhões do erário público.
Pensamos nos funcionários das autarquias, coitados.
Alguns não têm mais que a 4ª classe…
Será que conseguiam ajudar a fazer aterrar uma avioneta?
Claro que não!… Tristes!…
E se nós lhes déssemos formação para poderem fazer não-sei-o-quê nos aérodromos?
Bora lá!
O meu amigo Relvas dá uma ajuda, tenho outro amigo na região Centro, que foi meu colega na JSD que também dá uma mãozinha e voilá! – a Tecnoforma ganha um concurso de 1,2 milhões de euros para dar formação a mil funcionários autárquicos para eventualmente poderem vir a trabalhar nos 2 – dois – 2 aeródromos em actividade.
Depois, mais tarde, quando for primeiro-ministro e o Relvas for meu adjunto, depois, então, havemos de cortar nas despesas do Estado.
í€ fartazana!
Mas agora, carago, é de aproveitar esta oportunidade!
Podemos ser liberais, mas não somos estúpidos!
PS – e depois havemos de arregimentar aquele professor universitário obeso, que usa muito gel na cabeça, Amorim ou Abreu ou assim, e que tinha uma coluna no Notícias Magazine chamada “É difícil ser liberal em Portugal”… de facto!