írbitros e anestesistas

A partir do próximo dia 1 de Janeiro, os hospitais públicos vão ter que cumprir a determinação do ministério da Saúde: médico contratado só pode ganhar 35 euros por hora.

Os “media” chamaram a atenção para o facto de existirem médicos a ganharem 100 euros í  hora, nomeadamente, anestesistas que, nesse caso, num banco de 12 horas, poderiam ganhar 1200 euros.

Ora bem: segundo o Diário de Notícias, um árbitro da Primeira Liga de futebol, pode ganhar, por jogo, 1090 euros, o que representa um aumento de cerca de 10%, em relação ao que se pagava no ano passado.

Não há dúvida que decidir se a mão do Miguel Vitor foi, ou não, decisiva para invalidar o golo do Benfica, é muito mais importante do que anestesiar uma vítima de um acidente de viação, para que possa ser operada de emergência.

O mais engraçado de tudo isto é que os jornalistas ficam mais incomodados com os 1200 euros ganhos pelo anestesista do que pelos 1090 ganhos pelo árbitro…

A auto-avaliação

Juro que quando escrevi o post em que propunha que os professores fizessem auto-avaliação, estava a brincar. Talvez a piada não fosse muito boa, mas juro que era a gozar.

Pois não é que os sindicatos propuseram exactamente isso í  ministra, que cada professor elaborasse um relatório de auto-avaliação, que seria depois apreciado pelo Conselho Pedagógico?

Custa a acreditar que seja esta a alternativa que os professores têm para contrapor ao modelo da ministra que, com tantas simplificações, já pouco deve a ter com o modelo inicial.

E pronto – continua o desacordo e vamos continuar a assistir ao espectáculo dos professores, na rua e nas escolas, contrariando uma decisão de um governo aprovado pela maioria absoluta dos eleitores.

Se fosse aos professores, esperava calmamente pela eleições (são já para o ano) e votava em todos os partidos menos no PS e convencia os familiares, amigos e pais dos alunos a fazerem o mesmo.

Entretanto, segundo o Público, vem aí mais uma guerra, desta vez com os médicos. Parece que o governo quer aumentar o horário de trabalho dos médicos de 35 para 40 horas semanais, sem contrapartidas.

Fica já dito que, por mim, podem estar í  vontade: é rara a semana que não trabalho entre 45 e 50 horas.

Mas acho que os sindicatos dos médicos devem exigir apenas uma coisa: que o horário dos médicos passe a ser igual ao dos professores.

ER – séries 10 e 11

—Em Itália, uma Associação de médicos sugeriu que a televisão deixasse de transmitir as séries sobre médicos (ER, Scrubs, House e Grey’s Anatomy). Razão: ao verem as referidas séries, as pessoas são levadas a pensar que é fácil fazer uma traqueostomia com um canivete e uma caneta Bic, ou uma cesariana com uma tesoura da poda.

Penso que os médicos italianos são um pouco exagerados, mas percebo o seu ponto de vista. Os médicos do ER, por exemplo, são capazes dos malabarismos mais virtuosos – embora sejam incapazes de levar uma vida amorosa estável, por exemplo.

—Estas duas séries do ER, de 2002 a 2005, têm episódios que provocam algum bocejo porque os argumentistas cederam í  facilidade da telenovela: Kerry descobre a sua mãe biológica, o filho de Carter morre í  nascença, o Kovac não consegue manter a pila dentro das calças. É seca.

Tudo isto acontece em qualquer das outras séries. O que distingue o ER das restantes séries são os grandes acidentes com politraumatizados, os esfaqueados, os membros dos gangs cheios de balas.

E o ER ainda consegue ter alguns bons episódios, como o último da 11ª série, que deixa água na boca para a série seguinte, apesar do abandono do “velho” John Carter – o ER mudou muito com a “morte” do Dr. Greene; será que sobrevive í  saída de Carter?