Johnny Depp é um actor sui-generis, capaz de encarnar personagens tão estranhas como o Eduardo Mãos-de-Tesoura ou o pirata das Caraíbas e, nos intervalos, vestir-se de John Dillinger e ser um duro clássico, ao estilo dos gangsters de Chicago.
Os norte-americanos, como não têm heróis com mais de 200 anos, do tipo da Deuladeu Martins, Joana d’Arc, D. Quixote ou Ivanhoe – para citar apenas quatro -, fazem filmes sobre bandidos que, nas décadas de 30-40, assombraram as ruas de Chicago.
Michael Mann é um realizador excessivo e gosta dos planos rodopiantes, com a câmara a rodar em volta do actor e, depois, a subir, até se obter um plano aéreo, mas esses truques não substituem a caracterização das personagens. É por isso que não se percebe muito bem que tipo de pessoa era Dillinger, a não ser que desprezava o futuro e que vivia só para o dia-a-dia. Por que se tornou gansgter, por que escolheu assaltar bancos, em vez de ter uma vida honesta, de simples empregado do McDonalds? Dillinger não tem densidade, como personagem.
Mas enfim – se eu quisesse densidade (e chatice!…) – tinha alugado um filme europeu…