Na semana em que todas as notícias se concentraram na ameaça de demissão do primeiro-ministro devido í chamada “coligação negativa”, entre a Direita (PSD e CDS) e a Esquerda (PCP e Bloco), o pasquim Sol, escolheu outro tema para primeira página.
Estava o Mário Nogueira a choramingar pelo facto dos partidos da Direita lhe terem tirado o tapete que lhe tinham estendido três dias antes, estava a Sãozinha a tentar justificar a cambalhota que deu e o Rio a fingir que não tinha dado – enfim, estava Marcelo caladinho, o que é algo de inédito (pois se ele até aparece junto do eléctrico que capotou, no próprio dia em que isso acontece, e nada diz no dia em que o Costa ameaça demitir-se!) – em resumo, estava o país suspenso deste magno problema e o Sol preocupava-se com este soco intermilitar.
Não li a notícia toda, nem sei quem são os protagonistas – e não quero saber.
No entanto, o título permite-me diversas conclusões e outras tantas dúvidas.
Se fosse ao contrário? Se fosse um general a dar um soco num tenente-coronel, seria aceitável?
E se o soco fosse noutra região anatómica, sem ser a cara?
O General Chaves acusa o tenente-coronel Ferreira de lhe dar um soco assim que ele abriu o vidro do carro. Será que, se Ferreira tivesse, primeiro, feito continência, e só depois desferisse o soco, tal seria mais correcto, do ponto de vista da condição militar?
E quanto í testemunha ocular? Quem seria? Disse essa testemunha que encontrara o general “a sangrar como um touro” – seria a testemunha um aficionado tauromáquico?
Se o general estivesse a sangrar como um bezerro, o crime seria menos grave?
Poderíamos desculpar o tenente-coronel Ferreira se o general Chaves estivesse apenas a sangrar como um cordeirinho?
Isto sim, são assuntos importantes!