Ripley na Netflix

Por vezes lemos um livro e pensamos que daria um bom filme. Muitas vezes ficamos desiludidos.

Outras vezes ““ raramente, vemos um filme e ficamos com vontade de ler o livro que lhe deu origem.

Esta série de oito episódios, realizados por Steven Zaillian, despertou-me a vontade de reler os excelentes livros de Patricia Highsmith que têm a personagem de Tom Ripley como protagonista.

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Ripley é um sociopata bem-sucedido, que consegue viver í  grande í  custa de esquemas fraudulentos que, muitas vezes, incluem alguns assassínios.
Andrew Scott é um actor irlandês que personifica, na perfeição, a personagem de Ripley.

Toda a série é primorosa, desde o facto de ser filmada a preto e branco, com alto contraste, até aos locais de filmagem escolhidos, entre a costa almafitana, Roma, Nápoles, Palermo e Veneza, passando pelos pormenores deliciosos, dos quais destaco o gato Lúcio e o elevador avariado, no 5º episódio.

Mas o génio vai, em grande parte, para Patricia Highsmith, que inventou esta personagem complexa, com uma capacidade inusitada para enganar o próximo ““ mas Zaillian fez um excelente trabalho ao adaptar o texto da escritora para a televisão.

Espero bem que haja uma segunda temporada!

After Life, de Ricky Gervais (2019-2020)

Gervais encontrou, nesta série, o tom certo para “…brincar com coisas sérias”.

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Uma imagem com animal, exterior, sentado, mamífero

Descrição gerada automaticamenteAfter Life é uma série de apenas 12 episódios, divididos em duas temporadas, e que nos conta a história de um redactor de um jornal de província, Tony, que perdeu a mulher há pouco tempo, vítima de cancro. Tony está deprimido, suicida e, uma vez que acha que perdeu tudo na vida, diz e faz o que lhe apetece, sem remorsos, acabando por espalhar azedume í  sua volta – mas com muita graça.

Ricky Gervais é um Tony convincente, sempre de rosto fechado, só sorrindo quando, de algum modo, goza com os seus estranhos colegas do jornal.

A série decorre numa vila de província, com as suas figuras estranhas, o carteiro, a prostituta, a cuidadora do Lar, o psiquiatra (talvez a personagem menos conseguida, porque demasiado caricaturada).

Gostámos muito.

“Ozark”, de Bill Dubuque (2017-2020)

Terminámos hoje o visionamento de Ozark, uma série da Netflix.

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São três temporadas, cada uma com 10 episódios de uma hora e picos. Uma quarta e última temporada está quase pronta.

Ozark conta a história de um conselheiro financeiro de Chicago (Marty Byrde), que se muda com a mulher e os dois filhos para Ozark, depois do seu sócio ser assassinado pelo cartel mexicano dirigido por Navarro.

Byrde lava dinheiro para Navarro e acaba por envolver a mulher, Wendy, e os dois filhos, Charlotte e Jonah.

Marty Byrde é interpretado por um excelente Jason Bateman, que raramente se ri ao longo dos 30 episódios, consegue quase sempre manter a calma perante todas as adversidades, mesmo quando está quase a ser morto por vários tipos de diversas proveniências, quase sempre entalado entre o FBI, o cartel e vários mafiosos locais.

Wendy, interpretada por Laura Linney, a pouco e pouco vai entrando no negócio e, í s tantas, parece querer rivalizar com o marido em manobras e artimanhas.

Destaque ainda para Ruth (Jluia Garner), uma miúda local que começa a trabalhar para Byrde e que se envolve cada vez mais nos negócios e nas suas desgraças e Marlene (Lisa Emery), uma sessentona local, dona de um vasto terreno onde cultiva papoilas para o fabrico de heroína e que se torna sócia de Byrde, mas sempre com a ameaça de o trair.

Toda a série envolve momentos de grande tensão e violência latente, a fotografia é óptima, sempre sombria e, logo a partir do terceiro episódio, estamos com a impressão de que Marty Byrde vai ser assassinado por alguém.

Não vai ““ pelo menos, até ao fim da terceira temporada…