“Midnight in Paris”, de Woody Allen

—E vão 36 filmes do Woody Allen.

Até “Matchpoint” (2005), não falhei nenhum. Desde então, cansei-me um pouco de Woody Allen e só vi “Vicky Cristina Barcelona” (2008) e “Whatever Works” (2009), tendo falhado outros três filmes.

Mas Allen ainda não perdeu o jeito e este “Midnight in Paris” está bem esgalhado.

Ao estilo de “The Purple Rose of Cairo” (1985), o protagonista (Owen Wilson) torna-se personagem da sua própria fantasia.

Em “A Rosa Púrpura do Cairo”, o herói (Jeff Daniels), viu tantas vezes o mesmo filme que acabou por saltar para dentro da tela e contracenar com os personagens.

Em “Midnight in Paris”, o medíocre argumentista Gil Pender (Wilson a fazer de Woody Allen), salta no tempo para os anos 20 parisienses, ao entrar num velho Peugeot, í  meia-noite.

Nesses saltos no tempo, Pender vai conhecer Picasso, Hemingway, Dali, Gertrudes Stein (Kathy Bates), Luis Buí±uel, Man Ray, Cole Porter – enfim, todos os seus heróis e também Adriana (Marion Cotillard), que foi amante de Modgiliani e de Braque e que vive agora com Picasso.

Esta nova realidade, que Pender passa a viver, todas as noites, depois da meia-noite, afasta-o cada vez mais da sua realidade, isto é, da sua fútil noiva e dos seus futuros e execráveis sogros.

Mas Allen leva este “regresso ao passado” mais longe, já que Adriana gostaria de ter vivido na bélle époque e ambos acabam por fazer uma visita a essa era, onde encontram Degas e Gaugin, que gostariam de ter vivido no Renascimento. Para já não falar no detective que, a certa altura, começa a seguir Pender…

Woody Allen está em forma. Novamente.

PS – Há muito tempo que não ia ao cinema e já não me lembrava bem porquê. Hoje confirmei: sentámo-nos numa das salas vazias das Amoreiras í s 13h e começámos a ver o filme í s 13h25, depois de uma chuva de anúncios idiotas, com um som altíssimo!!! Cerca de 50 minutos depois, o filme é cortado í  faca para um intervalo de sete minutos! Porquê?!

“Revolutionary Road”, de Sam Mendes

revolutionaryroadUm grande dramalhão, adaptação de um romance de Richard Yates que foi finalista do National Book Award, em 1962.

Realizado por Sam Mendes e protagonizado por Kate Winslet e Leonardo DiCaprio, conta-nos a história de um casal que vê os seus sonhos de uma vida fantástica se esfumarem na vidinha de todos os dias.

A acção decorre nos anos 50 e o casal Frank e April Wheeler parecem formar o casal perfeito: ele, empregado de escritório, numa firma conceituada, ela, uma dedicada dona de casa e mãe de dois filhos.

No entanto, April não está satisfeita com a rotina do dia-a-dia e acha que Frank pode e deve aspirar a voos mais altos.

De súbito, decidem largar tudo e ir viver para Paris. Mas uma promoção inesperada, na firma de Frank e a gravidez ainda mais inesperada de April, desencadeiam a tragédia final.

Por vezes um pouco dramático de mais, dá a sensação que a adaptação cinematográfica deixa algumas coisas importantes de fora.

A realização não tem surpresas e os actores são bons (já se sabia…)