Sócrates strikes back

Deixemo-nos de embustes, Sócrates dá 5 a zero a qualquer outro político da actualidade.

Não diz a verdade toda mas fá-lo com convicção.

Não há narrativas que superem a sua prosa.

O Seguro não vai morrer de velho – o Seguro está morto.

Ao pé dele, Portas é um postigo, Passos tropeça, Coelho não passa de um láparo.

E o Cavaco?

Depois daquela sova já terá saído dos cuidados intensivos?

 

 

Não esquecer que o Portas faz parte deste governo

portas_barroso Continua a tentar passar entre os pingos da chuva.

Ainda esta semana, fez uma prelecção perante uma plateia de especialistas, em que deu uma série de ideias para a dinamização da economia portuguesa.

Por momentos, parecia um ministro da Economia.

Pena que ele não dê tantas ideias no conselho de ministros.

Ao seu lado, outro gajo que não tem nada a ver com a nossa crise: Durão Barroso.

Lembram-se que ambos fizeram parte de uma coligação governamental em 2002-2004?

Mas ambos estão inocentes, claro.

Temos cá uma sorte!…

Refundidos e mal pagos

—Mas que raio de ideia te trespassou, Passos!

Queres refundar o quê?

Fundar, refundar, fundir, refundir, afundar, transfundir, tresandar, tresmalhar, transmitir, retransimitir, formar, reformar, reformular, reorganizar, enfaralhar, enfarinhar!

Se fosses mas era refundar a tua prima!

Que aconteceu?

Acordaste um dia de manhã e pensaste: tenho que refundar isto!

Foi um tique? Foi um traque? Foi um flic-flac?

Foi o Relvas, foi o Gaspar, qual deles te fez avançar com esta ideia espectacular de querer refundar?

Refundar o memorando? Quando?

Vai refundar o raio que te parta!

Vamos morrer gordos!

Passos Coelho é uma inspiração.

De repente, toda a gente começou a fazer humor, graças a ele.

Manuela Ferreira Leite já tinha tentado fazer stand up comedy daquela vez em que propí´s que se suspendesse a democracia por seis meses.

Mas agora, que o seu rival, que ela, no fundo, despreza, chegou a primeiro-ministro, transformou-se numa comediante de alto gabarito, zurzindo no Governo como poucos.

A D. Manuela não acredita na receita da troika e diz que o Orçamento do Gaspar é impossível de cumprir.

Diz não crer que “haja a possibilidade de haver alguém que considere que, na situação presente em que está a economia portuguesa, a situação melhore com o aumento de impostos”.

Diz que “estamos a tentar passar um atestado de estupidez aos credores, eles estão a perceber que não vamos conseguir cumprir”.

Diz “o que é que interessa Portugal não entrar em falência, se no fim vamos estar todos mortos?”.

E diz “concordo que é preciso emagrecer; mas aquilo que recomendo é que as pessoas não aceitassem morrer antes de emagrecer. Morrer gordo é do pior que há, especialmente depois de se fazer uma dieta tremenda”.

Confesso que nunca pensei sorrir com uma frase pronunciada por esta senhora.

Morrer gordo é do pior que há, é uma punch line do camandro!

Mas lá está: ela, bem como Bagão Félix e outros perigosos esquerdistas, estão postados em derrubar este governo coeso. Tão coeso que até Portas emitiu um comunicado assegurando que vai votar a favor do Orçamento – coisa rara num tipo que até faz parte do Governo.

Portas acrescentou, mais tarde, que uma crise política deixaria “Portugal muito perto da Grécia”!

Portugal muito perto da Grécia? Que grande volta na geografia! Se Portugal ficasse muito perto da Grécia, a Espanha iria para cima da Turquia e a França para a zona do Irão ou do Iraque!

Mas Passos Coelho inspira outros cómicos, mesmo além fronteiras.

A revista inglesa Economist diz que Portugal vai ficar cada vez mais pobre e passará a chamar-se Poortugal.

Cada vez mais Passos Coelho faz lembrar Santana Lopes.

Ainda vamos ter saudades do homem…

 

 

O sapo do Portas

Portas é um artista.

Meteu o coelho na cartola e de lá tirou um sapo.

Um sapo chamado Gaspar.

Durante este ano e meio, Portas andou por aí. Foi ao Brasil, í  Líbia, í  Venezuela, a Moçambique. Diplomacia económica, disse.

Por cá, os restantes membros do Governo iam fazendo o possível e o impossível para agravar o défice.

Depois, de repente, perceberam que, afinal, a austeridade tinha que ser agravada.

E Gaspar propí´s um enorme aumento de impostos.

Portas esteve quase para repetir aquilo que disse em junho de 2010: «o PSD não é de fiar em matéria de impostos».

Ou então, repetir o que disse em março do ano passado: «”…Eu uso de franqueza. Quando concordo, concordo. Quando discordo, discordo. E tenho que vos dizer isto com toda a franqueza. Subir impostos é aumentar a recessão. Disse-o ontem e digo-o hoje”Â».

Ou ainda o que disse de Sócrates, em julho de 2009: Â«É preciso ter descaramento. Um primeiro-ministro que aumentou todos os impostos e conseguiu uma consolidação do Orçamento í  custa de impostos e não de contenção de despesas vem agora fazer este anúncio (de que não pode baixar impostoso), eu digo que é descaramento».

Ou o que disse em maio de 2010: «Aumentar impostos é, como dizia o próprio engenheiro Sócrates quando se apresentou aos portugueses, o caminho mais fácil, mas não faz bem í  economia».

Ou o que disse a Teixeira dos Santos em janeiro de 2010: “…A ameaça do ministro das Finanças fez” só merece uma resposta “…se quer aumentar os impostos não conta com CDS” para uma viabilização do Orçamento do Estado.

Ou, finalmente, o que disse em setembro de 2007: «Quem está a combater o défice não é o governo, mas o contribuinte português, com os seus impostos, cujas receitas aumentaram 8,3% e estão a pagar a factura».

Mas não disse nada disso.

Preferiu engolir o sapo.

Vamos lá aumentar a receita, Paulo!

—O empresário chinês (de Hong Kong), Cecil Chao, decidiu oferecer 50 milhões de euros ao homem – qualquer homem – que consiga seduzir a sua filha, Gigi.

(De repente, lembrei-me daquela canção do Paulo de Carvalho: “Chamava-se Gigi, vestia de organdi…” – e lembrei-me que o Passos Coelho, depois de ter anunciado ao país, através da televisão, que nos ia lixar com a TSU e outras cenas, foi com a esposa a uma “noite cultural”, como disseram os jornalistas; “noite cultural” essa que consistiu em assistir a um show do dito Paulo de Carvalho, autor do hino do PSD, show que contou, também, com a participação do nosso Coelho, que cantou, com a sua voz de tenor, a tal cantiga da Nini, que vestia de organdi…)

Adiante…

Gigi Chao tem 33 anos e é lésbica. Assumidamente lésbica. Terá, até, juntado os trapinhos com a sua companheiro dos últimos sete anos, Sean Eav, em Paris.

Mas Cecil não se dá por vencido e diz que a sua Gigi é “uma muito boa menina, com talento e um bom visual, dedicada aos pais, generosa e que participa em trabalhos voluntários”.

Por isso, o homem – qualquer homem, “não me importo que seja rico ou pobre” – que consiga seduzir a Gigi e casar com ela, receberá 50 milhões de euros.

Ora, considerando que Paulo Portas é solteiro, que tem um bom emprego e que tem o dever patriótico de ajudar Portugal a reduzir o défice, penso que ele deve deslocar-se a Paris – pode ir até num dos nossos Falcon – seduzir a miúda e casar com ela!

Sempre são 50 milhões que entram, caramba!

O estilo de Portas

Se me perguntam se eu fico, eu fico. Se me perguntam se vou, vou.

Se me perguntam se gosto, gosto. Se me perguntam se detesto, detesto.

Se me perguntam se engulo, não engulo. Se me perguntam se regurgito, vomito.

Se me perguntam se não posso mais, posso mais. Se me perguntam se aguento, não aguento.

Se me perguntam se tenho um pé fora, tenho um pé dentro. Se me perguntam se apoio, não apoio.

– Certificar as palavras de Portas, a propósito da descida da TSU decidida pelo governo, com o apoio de Portas, embora em desacordo, embora não tenha bloqueado, apesar de estar contra, apesar de nem por isso.

Sugestões para reduzir o défice

Aproveitando o espírito de Natal que me escorre pelas entranhas, decidi ajudar o Passos Coelho a reduzir o défice.

Cortaram-me 10% do ordenado, sacaram-me metade do subsídio de Natal e obrigaram-me a trabalhar na véspera de Natal sem ganhar mais um tostão.

Merecem a minha ajuda.

Lá vai:

– taxar  a 23% os pacotes de açúcar e/ou o adoçante que acompanha gratuitamente as bicas

– taxar a 23% os tremoços ou os amendoins que acompanham as imperiais

– criar uma licença para pendurar pais natais das varandas; digamos, 50 euros

– criar outra licença para aquelas luzes que piscam epilepticamente nas marquises; digamos, 100 euros

– multas efectivas para os donos de cães que ainda não apanham os cagalhões dos bichos e pí´r o Miguel Relvas a fiscalizar os passeios

– reactivar a licença de isqueiro e as coimas por beijos indecentes em locais público, bem como a saudosa coima quando alguém é apanhado com aquilo na mão ou com aquilo na boca

– multar o José Rodrigues dos Santos sempre que ele terminar o telejornal a piscar-me o olho

– multar o Mário Crespo sempre que aparece no écran, quando eu mudo, sem querer, para a Sic Notícias

– multar o Cardozo sempre que falhar um golo com a baliza aberta; digamos 10 mil euros, que o gajo pode pagar

– obrigar os deputados a reporem 10% do seu ordenado sempre que faltarem a uma sessão parlamentar

– obrigar o Paulo Portas a pagar as viagens do seu próprio bolso

– criar uma taxa para o uso dos elevadores dos edifícios públicos (subir escadas faz bem í  saúde)

– fazer com que todos os sanitários públicos passem a ser pagos (que mijem em casa!)

– criar uma taxa para se poder entrar num centro comercial, mesmo que não se vá lá comprar nada – aliás, se não comprar nada, paga o dobro

E acho que já chega de ideias.

É melhor não revelar as melhores, senão o Passos ainda me convida para o governo, para o lugar do Relvas, que vai ter muito trabalho a fiscalizar o cocó dos cães.