Que ninguém o pare!

Houve duas coisas de que gostei muito na noite eleitoral.

Uma, foi a maneira sentida, vibrante, máscula, í  homem, como Paulo Portas, com uma lágrima no canto do olho, se abraçou a Nuno Melo.

Por momentos, pensei que iam arrancar o braço um ao outro, tal o vigor aplicado naquele abraço.

Os homens a sério vêem-se neste gestos(*).

A outra, foi ver Paulo Rangel a ocupar metade do palanque e rodeado por 152 jovens pê-esse-dês, imberbes, a gritarem: “Ninguém pára o Rangel! Ninguém pára o Rangel! Ninguém pára o Rangel, olé-ó!”.

Concordo plenamente.

Posto a rolar, em direcção a Bruxelas, espero bem que ninguém o pare e que o deixe rolar, Europa fora, até aos Urais.

(*) – Os homens? A sério?! Vêem-se nestes gestos?

Os homens!… A sério que se vêem nestes gestos?

Os homens a sério vêm-se nestes gestos?

A reflectir

Desde as 9 da manhã que estou sentado no sofá da sala.

A reflectir.

Amanhã vou votar e ainda não decidi para quem vai o meu voto.

Se escolhesse o meu sentido de voto pela aparência dos candidatos, votaria em branco.

Ninguém se safa.

NO PS não votaria porque o Aví´ Cantigas me parece deslocado nestas eleições; aquele bigode e aquele cabelo parecem não pertencer í quela pessoa e a voz fica muito melhor a um professor primário de Mangualde do que a um deputado europeu.

No PSD também não votaria porque o cabeça de lista parece, de facto, o Manelinho, da Mafalda, com o cabelo cheio de gel e aquele corpo em forma de pêra, qual sempre-em-pé.

Na CDU, muito menos. A Dona Ilda aparece com aquele casaco verde, que parece uma grande alface frisada e troca os vês pelos bês e diz coisas que já ninguém diz em nenhum país da Europa, excepto, talvez, o Azerbeijão (que, por acaso, fica na ísia).

O meu voto também não iria para o CDS porque o Nuno Melo também não se parece nada com um eurodeputado, dando mais a impressão de ser o gerente de um loja de roupa para homens modernaços, mas pouco, tipo Cortefiel ou Dielmar. E, depois, traz o Portas sempre atrás…

No Bloco, também não. O Miguel Portas tem aqueles olhos sempre franzidos, como se tivesse obstipação crónica e agora anda com uma calmeirona sempre atrás dele, com olhos de carneira-mal-morta e ar de matadora. Perigosa, aquela senhora…

O meu voto também não iria para nenhum dos outros candidatos, por razões várias.

Para a Laurinda Alves, do MEP, não, porque é demasiado católica. Para a Manuela Magro, do Partido Humanista, também não, porque não. Para o Partido da Terra, só se fosse adubo. Para aquela coisa que se chama MMS, também não, por razões óbvias (MMS?!…). Para o MRPP, nunca, porque tem Lenine a mais. Para a Carmelinda, do RUE (ligado ao POUS, que não tem nada a ver com a OCMLP, nem com a FSR, muito menos com o PCM-ML), também não, porque estou farto de siglas.

Sendo assim, poderia escolher o meu sentido de voto depois de ler as propostas de cada um dos candidatos.

E, neste caso, tirando o tal RUE (ligado ao POUS), que propõe a ruptura com a União Europeia, todos os outros candidatos querem uma Europa melhor e mais justa, mais igual e mais fraterna, mais humana e mais amiga do ambiente, mais moderna e mais aberta e mais honesta e mais bonita e mais limpinha e mais asseada e mais, e mais, e mais…

Já passa do meio-dia, já estou a reflectir há mais de 3 horas e cada vez estou mais confuso.

Ajudem-me, por favor!

Playboy portuguesa desilude

Apesar da crise, sai amanhã o primeiro número da edição portuguesa da revista Playboy, com uma tiragem de 100 mil exemplares.

Penso que vai ser um fracasso.

Os responsáveis escolheram, para capa do primeiro número, uma tal Mónica Sofia (quem?!).

Eu estaria í  espera de uma Manuela Ferreira Leite, uma Maria de Belém, uma Helena Roseta, ou até um Paulo Portas.

Nus, claro.

Agora, uma desconhecida, que fez parte de uma banda chamada Delírium, é uma desilusão.

Não vou comprar.

O Partido sou eu

—Sou assim desde criança.

Quando era pequenito, lembro-me de brincar sozinho com o meu comboio eléctrico e não deixar que mais ninguém lhe tocasse. A mãe ralhava comigo e dizia: «Paulo, por favor, não seja egoísta! Deixe o Miguel brincar!”

Mas eu encolhia os ombros e não deixava que o Miguel sequer se aproximasse. E fazia o mesmo com a pista de carros de corrida, e com as miniaturas Dinky Toys e, claro, com os Action Man. E tantos Action Man que eu tinha!…

Mais tarde, tive um jornal só para mim. Chamava-se “Independente”, que é como quem diz “Sozinho”. Quem precisa dos outros?

Mas precisava de voos mais altos. Quis um Partido político. Podia ter fundado um, mas demoraria muitos anos até que o Partido fosse conhecido e me levasse ao Poder. Por isso, aproveitei-me do CDS. Acrescentei-lhe a sigla PP e dei a entender que queria dizer Partido Popular quando, obviamente, quer dizer Paulo Portas.

O ano passado, o vice-presidente do Partido pediu a demissão. Aceitei mas não disse nada a ninguém.

Quem precisa de vices-presidentes?

Quem precisa de secretários-gerais?

Quem precisa mesmo de militantes?

Eu sou o Partido!

O Partido sou eu!

Ah! Ah! Ah!