Philip Kerr nasceu em Edinburgo, em 1956, é autor de 14 romances e colaborador de vários jornais britânicos.
“O Projecto Janus” é um policial, í boa maneira de Rex Stout ou Raymond Chandler, salvo as devidas distâncias.
O herói da história é um detective alemão, Bernie Gunther, que foi polícia antes da 2ª Grande Guerra, membro dos SS durante a Guerra, sem nunca ter pertencido ao partido nazi e que, depois da guerra, decide seguir a carreira de investigador particular.
Vai ser uma carreia curta, no entanto, já que Gunther se vê envolvido numa trama que o vai obrigar a mudar de vida. Essa trama envolve um médico nazi que fazia experiências de vacina contra a malária em prisioneiros, agentes da CIA e grupos de judeus perseguidores de criminosos nazis.
A acção decorre na Alemanha e na íustria e a recriação desses locais, no post-guerra, parece muito credível.
A linguagem mordaz de Kerr aproxima-se bastante dos escritores do romance negro norte-americano.
Exemplos:
«(a porta) abriu-se, revelando um homem numa cadeira de rodas, com os joelhos cobertos por uma manta e uma enfermeira de uniforme atrás. A enfermeira tinha um ar mais quente do que a manta e, instintivamente, percebi qual delas preferia ter ao colo. Estava a começar a sentir-me melhor.»
Outro exemplo:
«Pedi também um conhaque duplo por causa do frio. Pelo menos, foi a justificação que dei a mim mesmo. Mas sabia que era mais por causa do primeiro encontro com os advogados de Gruen. Os advogados causam-me inquietação. Como a ideia de apanhar sífilis.»
E mais:
«- Se quer saber, pode atribuir-se a culpa toda da Reforma í cerveja forte – disse. – O vinho é uma bebida perfeitamente católica. Torna as pessoas ensonadas e cúmplices. A cerveja só as torna agressivas. E olhe para os países que consomem muita cerveja. São sobretudo protestantes. E os países onde se bebe muito vinho? Católicos romanos.»
Já há alguns anos que não lia um policial tão divertido.