POLÍCIA BOM
POLÍCIA MAU
Mas no fim, lixamo-nos na mesma!
aqui desde 1999
Andam os socialistas muito preocupados com a candidatura í presidência da República de Sampaio da Nóvoa.
Quem é, afinal, este homem?
Será ele o D. Sebastião que regressa entre o nevoeiro?
Da Nóvoa ou da Névoa?
Um Presidente Sampaio não será suficiente para um país pequeno como o nosso – embora o outro fosse Jorge e este seja da Nóvoa?
Sampaio diz que “não quer nada mas está disposto a tudo”.
A tudo? Mesmo a tudo?
Isso não pode ser perigoso para um homem de 60 anos?
E no entanto, tem bons padrinhos.
Alegre e Soares, esses jovens e promissores quadros do PS, já disseram que apoiam da Nóvoa.
Marcelo Rebelo de Sousa, outro protocandidato, diz que Sampaio “cobre toda a esquerda”.
Toda a esquerda?
Cobre o PCP, os Verdes, o Agir, o Bloco, o MAS, o LIVRE, mesmo o MRPP?
E cobre como?
Em sentido figurado ou cobre mesmo?
Não será esforço de mais para um homem de 60 anos?
Mas ficamos na dúvida: alguém conseguirá ultrapassar o nosso grande e brilhante Cavaco?
Acho que nem paio, nem nóvoa!
O assunto desta semana foi a lista VIP do fisco.
Para quem andou distraído com as declarações do Ricardo Salgado, os habeas corpus do Sócrates ou optimismo do Cavaco, recordo que os Sindicatos bufaram que existe uma lista de contribuintes VIP; se os funcionários do fisco consultarem os dados fiscais dos tipos que fazem parte dessa lista, toca uma campainha algures, e são apanhados.
Supõe-se que, dessa lista, fariam parte o presidente, o primeiro-ministro e outras figuras de topo.
Segundo os Sindicatos, o secretário de Estado Paulo Núncio seria o responsável pela lista.
Núncio desmentiu.
Passos Coelho disse que mantinha a sua confiança no secretário de Estado.
A ministra das Finanças, superiora hierárquica de Núncio, não se pronuncia porque anda toda contentinha porque tem os cofres cheios!
O director-geral da Autoridade Tributária demite-se e diz que ele é que tem a culpa de tudo mas a Oposição exige a demissão de Núncio.
No Parlamento, Núncio diz que não se demite, não sabia de nada e é “visceralmente contra” a lista.
Estamos, portanto, ao nível das vísceras.
Mas como é que Núncio pode estar contra uma coisa que, pelos vistos, não existe?
E, se existisse, sinceramente, qual era o problema?
Agora, que sabemos, graças í Maria Luís, que temos os cofres cheios de dinheiro, nada mais interessa!
Núncio: se fosse a ti, pegava na lista e pespegava com ela nos jornais todos amanhã de manhã.
Depois, pegava na Maria Luís e nos cofres cheios de dinheiro, e pirava-me para um paraíso fiscal qualquer.
Mandavas o Ricardo Salgado, o Henrique Granadeiro e o Zeinal Bava irem ter contigo, pagavas a um comando para vir libertar o Sócrates e fundavas uma República Portuguesa no exílio.
O Varoufakis ia-se roer de inveja!…
A vitória do Syriza nas eleições gregas levantou alguns problemas geográficos.
Dizem que a Grécia virou í esquerda.
Ora, se virou í esquerda, a Grécia foi para cima da Albânia que, entalada entre a nova República da Macedónia e o Adriático, nada poderá fazer senão atirar-se ao mar.
Ora, se a Albânia cair no mar e a Grécia ocupar o seu lugar, vai haver guerra com a auto-denominada República da Macedónia porque, como se sabe, os gregos não autorizam que os macedónios utilizem esse nome, já que Macedónia é o nome de uma província grega, para além de um sabor de gelado e de um agrupamento de legumes.
Os balcãs sempre foram complicados.
Temendo que Portugal caísse na tentação de também virar í esquerda, afundando-se no Atlântico, os nosso políticos de direita têm declarado a pés juntos, e com eles afastados, que Portugal não é a Grécia.
Ainda bem.
Se Portugal fosse a Grécia, a Espanha seria a Turquia e teríamos a Síria, o Iraque e o Irão a dois passos.
O Califado seria muito mais exequível.
Livra!
O Syriza está na moda.
A comunicação social, sempre com aquela tendência tabloidizante, inunda-nos de informações irrelevantes sobre a actualidade grega, e pouco ou nada nos diz sobre as questões de fundo.
O que interessa é sabermos que o Tsipras não quis jurar sobre a bíblia, para além de teimar em não usar gravata; informam-nos, também, que o governo cessante, o de Samaras, abandonou o Palácio governamental, deixando tudo vazio, nem sequer deixou a password para o wi-fi e, nas casas de banho, nem sabonetes havia!
Como se vê, tudo informações importantes para perceber o fenómeno Syriza.
Afinal, o que quer o Syriza de diferente?
Segundo o nosso inteligente primeiro-ministro, o que eles queres é um “conto de crianças“, assim uma espécie de história da Carochinha porque, disse Coelho, como “é possível que um país, por exemplo, não queira assumir os seus compromissos, não pagar as suas dívidas, querer aumentar os salários, baixar os impostos e ainda ter a obrigação de os seus parceiros garantirem o financiamento sem contrapartidas?”.
Por outras palavras: segundo o Coelho, o programa do Syriza será não pagar dívidas, aumentar os salários e baixar os impostos.
E isso é mau?
O que Coelho tem é inveja!
Portanto, o que há a fazer é Syrizar Portugal.
Apear o Passus Coelhanis, transformar o PS, o Bloco e o Livre, não em Syriza, mas em Cereja (Coligação da Esquerda Realista Embora Já Anquilosada), eleger o Antonius Costakis e convidar o Louçanikis para ministro das Finanças.
Merkel teria o enfarte.
O poeta surrealista António Maria Lisboa, numa texto intitulado “Esta não é a minha letra”, concluía que “tudo é e não é, alternadamente”.
Estava enganado.
Vejamos.
Primeira página do Expresso de hoje:
“Guterres mantém Belém em aberto”
Primeira página do Público:
“Guterres pode ficar na ACNUR sem perder corrida a Belém”
Primeira página do i:
“Guterres não é candidato í s presidenciais”
Portanto, tudo é e não é, simultaneamente…
Quanto mais te baixas, mais se te vê o cu – lá diz o velho ditado…
Passos Coelho e sus muchachos tudo fizeram, ao longo destes três anos, para satisfazer os credores e a Comissão Europeia.
Eles diziam mata, o Coelho dizia esfola, mesmo que isso fosse uma enorme contradição (um coelho a defender o esfola é o mesmo que uma marta a pugnar por uma estola…).
Mas nada deste esforço é reconhecido.
Eis que, depois de tantos cortes, a Comissão Europeia vem dizer que o «Governo perdeu “apetite político” nas reformas mais ambiciosas», como titula hoje o DN.
Entre essas reformas, a Comissão Europeia destaca a das pensões.
Com efeito, o Governo subiu a idade da reforma para os 66 anos, mas é pouco!
Ainda hoje a Direcção Geral de Saúde revelou os números das causas de morte e parece que, finalmente, o cancro ganha vantagem e está quase a ultrapassar as doenças cardiovasculares.
Ora, toda a gente sabe que, com os avanços da medicina, o cancro se está a transformar numa doença crónica.
Portanto, se começarmos a morrer mais de cancro do que de enfarto de miocárdio, a esperança de vida poderá aumentar ainda mais.
É perfeitamente aceitável que um tipo continue a trabalhar aos 67 ou 68 anos, mesmo com um cancro da próstata, ao contrário de um palerma que morra aos 50 com enfarto – esse, sim, nunca mais vai trabalhar na puta da vida!
Tudo isto tem sido discutido entre o nosso formidável Presidente e os seus conselheiros.
Quando a gente pensa que Cavaco se está cagando para a prisão de um ex-primeiro ministro, para o descalabro da PT ou para a requisição civil da TAP, a verdade é que o homem está a pensar estas coisas importantes e ainda ontem disse esta frase essencial: «é uma ilusão pensar que os problemas do país estão resolvidos».
Vejam bem a dimensão deste pensamento, o alcance desta frase, a profundidade desta ideia: Cavaco diz-nos que os problemas do nosso país não estão resolvidos!
Porra, Cavaco! que grande desarrincanço!
É preciso ser um grande Presidente para chegar a essa conclusão!
Enfim, com um primeiro-ministro e um presidente destes, de que é que estávamos í espera?
Não fiquei espantado com a prisão de José Sócrates.
Ainda ontem aqui escrevi que ele era o culpado da crise da dívida soberana, do subprime norte-americano, da epidemia do ébola e da queda da bolsa de Tóquio.
Até me admira como só agora foi preso!
Se fosse pelo Correio da Manhã, o homem já estava preso desde os tempos em que frequentava o Jardim de Infância…
Sócrates é acusado de vários crimes.
No que respeita í acusação de corrupção e de fuga aos impostos, não me espanta.
Aliás, foi por tentativa de fuga que Sócrates foi preso em plena manga do avião, quando se preparava para se esconder na casa de banho, afim de se pirar para Paris.
O que eu estranho é a acusação de branqueamento de capitais.
Parece-me uma acusação racista.
Branquear é crime?
E escurecer?
E, afinal, o que é branquear capitais?
Transformar Kinshasa em Londres e Monróvia em Madrid?
De qualquer modo, acho que o juiz Carlos Alexandre escusava de se incomodar esta noite a interrogar o ex-primeiro ministro porque já se percebeu que Sócrates é culpado disto tudo.
Aguardo, serenamente, a detenção dos outros…
É indecente o que Passos Coelho e António Costa fizeram aos seus deputados!
Depois de, muito justamente, os deputados do PSD e do PS terem aprovado a reintrodução da subvenção vitalícia, eis que os líderes dos partidos os obrigam a voltar atrás!
O que vai ser agora dos deputados quando saírem do Parlamento?
Que lhes resta senão o Rendimento de Inserção Social?
Recordo que foi o malvado do Sócrates quem acabou com essa subvenção vitalícia, um pagamento mensal que todos nós, contribuintes, concordámos em oferecer aos nossos deputados, até ao fim dos seus dias, como agradecimento pelas horas que passaram na Assembleia a resolver os nossos assuntos.
Sócrates, esse malandro, não satisfeito em ser o causador da crise da dívida soberana, da bronca do subprime norte-americano, da epidemia de ébola e da queda da bolsa de Tóquio, ainda teve tempo para massacrar os pobres dos deputados, retirando-lhes o pão da boca!
Agora, com a Economia a crescer e a crise a abrandar, embora ainda não seja possível repor os ordenados dos funcionário públicos, já seria viável voltar a conferir a subvenção aos nossos queridos deputados – se não fosse a intervenção de Passos Coelho e António Costa!
Estes dois que não se entendem em nada, logo haviam de concordar nisto!
Depois de anos a trabalhar na Assembleia, o que faz um deputado quando de lá sai?
Veja-se o exemplo de Santana Lopes, que teve que ir trabalhar para a Misericórdia, ou de Marques Mendes, que teve que enveredar pela carreira televisiva para conseguir pagar a água e a luz!
Penso que é da mais elementar justiça organizarmos uma petição pública para que seja reposta a subvenção vitalícia dos deputados!
Deputados subvencionados jamais serão escravizados!
Com subvenção vitalícia, os deputados são uma delícia!