O sexto homem e outras cenas

Não se passa nada.

Neste país em que os ministros pedem desculpa e continuam tranquilamente a ocupar os seus lugares, não se passa nada.

No PS, o Seguro deu í  Costa.

Levou uma abada de 70 a 30%, meteu-se no carro com a família e nunca mais apareceu no emprego.

Mas Costa tem as costas largas e já arranjou cargos para alguns dos apoiantes de Seguro.

O PS é uma grande família feliz, só lhe falta o arroz chow chow.

Por outro lado, o Bloco está a desbloquear-se.

Aos poucos vai-se desfazendo em pequenos bloquinhos.

Quanto í quele advogado que é dois, Marinho & Pinto, parece que vai fundar um novo Partido amanhã, para comemorar o 5 de Outubro, enterrando o da Terra.

Eleito para o Parlamento Europeu, quer é as legislativas ou até ser Presidente, Dono Disto Tudo!

Por falar em DDT, o ex-presidente do BES, Salgado, apimentou esta semana com a revelação de cenas que se passaram em reuniões do Grupo Espírito Santo.

Segundo revela o i, a empresa que vendeu os submarinos a Portugal, untou a família Espírito Santo e não só.

Foram 30 milhões ao todo, mas 10 milhões ficaram nas mãos dos advogados.

Dos restantes 20 milhões, 5 milhões ficaram com a família ES (um milhão por cada um dos cinco ramos) e os restantes 15 foram repartidos pelos três administradores alemães e por uma sexta pessoa.

Claro que toda a gente quer saber quem é esta sexta pessoa que não é o Paulo Portas.

Nem pode ser o Portas porque a Comissão de Inquérito do Parlamento já chegou í  conclusão de que não houve nada de ilegal na compra de material de guerra, incluindo os submarinos.

A relatora da Comissão, Mónica Ferro, apresentou-se aos jornalistas com um calhamaço de mais de 400 páginas e garantiu que nenhum membro do governo se abotoou com nenhuma gorjeta nesta história toda.

A Mónica é de Ferro!

Sobre isto, Portas nada diz.

Anda ocupado a pensar como há-de convencer Passos Coelho a descer o IRS, mas Passos tem andado ocupado a procurar os recibos do ordenado que não recebia quando não trabalhava para a Tecnoforma, no tempo em que não estava em exclusividade no Parlamento.

Enfim, em Portugal não se passa mesmo nada!

Universidade Passos Coelho

Está tudo muito incomodado pelo facto de o nosso primeiro-ministro ter recebido uns dinheiros do Centro Português para a Cooperação – uma ONG (Organização Não Golpista) financiada pela Tecnoforma.

Pelos vistos, Passos Coelho era deputado em regime de exclusividade e não podia receber dinheiro por fora ou, afinal, podia receber porque talvez não estivesse em exclusividade, mas não declarou esse dinheiro, o que também não tem grande importância porque o crime, se existiu, já prescreveu.

Confuso, não?

Quando lhe perguntaram directamente se tinha recebido 5 mil euros por mês quando era deputado em exclusividade, Passos Coelho disse que não se lembrava – o que não me espanta porque ainda hoje, só quando cheguei í  minha garagem e deparei com dois Maseratis é que me lembrei que os comprei há uns anos, embora prefira conduzir o Honda…

Além disso, em 1991, ainda não havia euros e Passos Coelho não conseguiu converter os 5 mil euros em escudos assim de repente. Nunca foi muito bom em contas, como temos comprovado nestes últimos três anos…

Depois, Passos Coelho foi para casa, consultou os dossiers onde guarda as recordações, os recortes de jornais em que aparece de barba ao lado de uma das Doce e as fotos com o Relvas, e hoje foi ao Parlamento explicar que nunca recebeu nenhuma remuneração do Centro Português para a Cooperação – mas apenas despesas de representação.

Portanto, eles foram uns almoços, elas foram umas deslocações ao Porto e a Bruxelas e até a Cabo Verde.

Pelo vistos, uma das iniciativas da prestimosa ONG de Coelho, foi a criação de uma Universidade em Cabo Verde.

É por isso que proponho que, como castigo por nos estar a dar cabo da vida há três anos, Passos Coelho seja condenado a frequentar um curso de representação na Universidade que fundou em Cabo Verde.

Um curso de quatro anos.

Seguido de mestrado.

E doutoramento.

Só voltaremos a ouvir falar dele em 2022…

passos coelho nariz

Grupo excursionista Os Antónios

A nossa História recente faz-se com Antónios.

Se, segundo Dicionário de Nomes Próprios, António significa “valioso”, devemos perguntar: quantos Antónios vale o nosso país?

Tudo pode ter começado com António í“scar Carmona e o inefável António de Oliveira Salazar.

Sendo Santo António o padroeiro da nossa capital, outra coisa não se seria de esperar…

E, como diz a canção pimba, se te vires aflito, chama o António.

Assim fizemos, após o 25 de Abril.

Foi o António de Spínola e o António da Costa Gomes.

Foi o Francisco António de Sá Carneiro e o António Ramalho Eanes.

Foi o António Guterres que, dizem, vai voltar a ser e foi o repetente Aníbal António Cavaco Silva.

Sim, até o Aníbal é também António!

E como de Pedros e de Paulos não reza a história, há agora dois Antónios em luta pelo poleiro: o António Costa e o António José Seguro.

Portugal não é um país, mas sim uma espécie de Grupo Excursionista Os Antónios!

O recorde de Jardim

Informação perturbadora: Alberto João Jardim já é o político português há mais tempo no poder desde a implantação da República!

O recorde pertencia a Oliveira Salazar, esse brilhante democrata, que esteve no poder 36 anos e 84 dias, até que caiu da cadeira abaixo.

Pois esse outro brilhante democrata, que dá pelo nome de Alberto João Jardim, está no poder há exactamente 36 anos e 90 dias.

É verdade que é na Madeira, o que pode ser uma desculpa, mas mesmo assim!…

Gosto muito das campanhas eleitorais

Eu gosto muito das campanhas eleitorais.

É graças a elas que vemos como os políticos afagam criancinhas, beijam peixeiras, deambulam por mercados e feiras, distribuem canetas e bonés, conversam com senhoras í  janela, acenam, cumprimentam e abraçam.

Se não fosse a actual campanha eleitoral, ficaríamos sem conhecer aquele simpático senhor do Partido da Vida que, se for eleito para Bruxelas, quer realizar um novo referendo sobre o aborto em Portugal, ou o outro senhor, não menos simpático, do Partido dos Animais, que andou a distribuir sementes biológicas na Feira da Ladra.

E foi também a campanha que nos mostrou Marinho Pinto, como candidato do Movimento Partido da Terra, a perorar contra a política-espectáculo e a meter-se, depois num side-car, a caminho de Sintra. Espectáculo!

E o candidato do MRPP e o seu chefe, Garcia Pereira, que querem sair do euro quando, basta olhar para a cara e para o penteado deles, para perceber que nunca entraram no euro e que continuam a pagar as despesas em escudos!

Aquele rapazinho alto que se está a tornar no humorista oficial do regime, o Ricardo Araújo Pereira, também parece gostar de campanhas eleitorais e decidiu entrar nesta, apoiando o Partido Livre. Humor puro!…

Jerónimo de Sousa, por seu lado, explicou muito bem, ontem, quem é que a CDU quer nas suas fileiras. Referindo-se ao secretário de Estado Carlos Moedas, chamou-lhe “fraca figura”, mostrando que, na CDU, só os verdadeiros machos, ombros largos, patilhas grossas, têm direito a entrar. Vais longe, Jerónimo!

O Bloco escolheu a palavra de ordem “De pé!” (ó vítimas da fome?), mas a Marisa está rouca e as vítimas não ouvem…

O PS balança entre Seguro e Sócrates, com um Assis muito suado e um Capucho envergonhado… e o Soares nem foi convidado…

O PSD tem um Rangel que já foi de peso mas que, agora, 40 kg a menos, usa suspensórios e quase caiu da bicicleta abaixo, lá para os lados de Aveiro, com o Nuno Melo sempre atrás, armado em Clooney barato, beijando viúvas velhas e casadas obesas.

E a Carmelinda Pereira?…

A Carmelinda Pereira é bem o símbolo destas eleições, nas escadas do Parlamento, com dois ou três apaniguados, afirmando que quer ser eleita para sair da União Europeia.

Se a Carmelinda nunca para lá entrou por que se dá ao trabalho de lutar para de lá sair?

É por estas e por outras que cada vez gosto mais das campanhas eleitorais…

Cala-te, Coelho!

Eu só conhecia um coelho que fala: Bugs Bunny.

Sou fã.

Quando o Bugs Bunny pergunta what’s up doc?, roendo a cenoura, consegue arrancar-me sempre um sorriso.

Mas agora conheço outro coelho que fala: Passos Coelho.

E também tem muita graça, este coelho.

Ontem, perante uma plateia de jovens dirigentes associativos, Coelho disse “a democracia e a liberdade têm de ser regadas com muito cuidado todos os dias”.

Que grande porra!

Só li esta notícia agora e penso que já é tarde para ir regar a democracia e a liberdade hoje… Vão secar, coitadas…

Mas Coelho disse mais.

Numa curta declaração, nos jardins de S. Bento, apelou í  participação dos mais novos nas comemorações do 25 de Abril, para que não fiquem a “cheirar a bafio”.

E aqui fiquei confuso.

É que se regarmos a democracia e a liberdade todos os dias, com a humidade que tem estado, é certo e sabido que vão começar a cheirar a bafio.

Teremos, então, uma democracia e uma liberdade com bolor.

Em que ficamos, Coelho: regamos a coisa e ela fica a cheira a bafio, ou não regamos e a coisa seca?

Estás frito, Coelho…

Intolerância ao leite

O secretário de Estado da Administração Pública, José Leite Martins, convocou alguns órgãos de comunicação social para lhes dizer, informalmente, quais as ideias do Governo no que respeita ao futuro dos salários e  pensões dos trabalhadores do Estado.

Informalmente quer dizer, tipo, é pá, o Governo vai transformar os cortes transitórios em definitivos e tal e a Contribuição Especial de Solidariedade passa a ser para sempre e tal, mas isto é tudo off the record e tal.

Os jornalistas publicaram isto tudo e o Governo ficou indignadíssimo!

Passos espumou, Portas berrou!

Hoje, no Parlamento, Portas disse que “o que aconteceu foi um erro, não devia ter acontecido”, desmentido, assim, o secretário de Estado Leite.

Não é a primeira vez que Portas se dá mal com um Leite.

Já há uns anos fiou famoso um homem misterioso que teria financiado a campanha eleitoral do CDS e que se chamava Jacinto Leite Capelo Rego…

Definitivamente, Portas tem intolerância ao leite…

Eu já desconfiava…

Passos Coelho fez ontem uma revelação inédita.

Durante a visita ao Salão Internacional do Sector de Alimentação e bebidas, o primeiro-ministro disse:

«A coisa mudou tanto, que o bacalhau já é uma coisa que só pode estar í  mesa de gente um bocadinho mais abonada. E o primeiro-ministro não é nada abonado».

Depois da indelével Isabel Banco-Alimentar Jonet ter proscrito os bifes, é a vez de Passos Coelho considerar que só os mais ricos têm direito a comer bacalhau.

Mas o que mais espanta é a afirmação pública que Passos faz, confessando que “não é nada abonado”.

Muita coisa fica explicada com esta revelação!…

passos e mulher