Mais uma manif, hoje.
No sábado passado, foi a manif a favor de um duo de humoristas que ganhou o festival da canção (verídico!).
Hoje, foi mais uma manif organizada pela CGTP. Não sei bem, porque a coisa estava confusa, mas parece que eram funcionários públicos. Professores eram, com certeza, pois lá estava o Nogueira e o seu bigode mal semeado.
Coitados dos professores!… Este governo deve detestar os professores! Quer avaliar o seu trabalho, impede que formem pares nas aulas de educação visual (?!) e, agora, quer-lhes cortar o pagamento da correcção dos exames! Sinceramente! É o mesmo que o governo deixasse de me pagar, que sou médico, os atestados que passo aos meus doentes!… Espera lá… mas o governo não me paga nada pelos atestados! Queres ver que também tenho que me ir manifestar para a Avenida da Liberdade?
Bom, mas voltemos í manif de hoje…
Na reportagem que a RTP transmitiu, vê-se um puto de cerca de 8-9 anos. A jornalista pergunta-lhe por que é que ele está ali e o petiz, na sua ingenuidade, diz qualquer coisa deste tipo: “venho ajudar o meu pai e o PCP… é obrigatório”.
Na imagem seguinte, surge o pai, orgulhoso do seu rebento. A jornalista pergunta-lhe se é importante levar o filho í manif e o tipo responde: “Claro! Primeiro, manifesta-se, depois toma consciência!”
Disseste tudo, pá!
Primeiro, manifestar; depois, pensar…
As manifes tornaram-se tão corriqueiras que deixaram de ter significado.
O chamado “sobressalto cívico” – essa eufemismo inventado pelo Cavaco – devia ter mais substância para ser levado a sério.
Que significado têm manifes que juntam jovens a recibos verdes com tipos que querem uma Junta de Freguesia no Parque das Nações, tipos que querem Portugal fora da Nato e skinheads, fulanos a contrato a prazo há décadas e gajos contra o aumento do preço do gasóleo?
O Facebook está na moda e os jornalistas embarcam. Acreditam piamente que foi o Facebook que desencadeou a revolta na Tunísia e no Egipto e que, por extensão, estabeleceram uma comparação com a manif dos í rasca, esquecendo-se ou escamoteando o “simples” facto de os tunisinos e os egípcios estarem a lutar contra ditaduras, arriscando as suas vidas, enquanto os portugas que passearam avenida abaixo, não desafiaram ninguém, não arriscaram nada!
Vivemos, de facto, numa paróquia de merda, muito pequenina, onde impera a mediocridade.
Hoje, dia em que aviões franceses começaram a bombardear as forças de Kadhaffi e em que os japoneses continuam aflitos, com a eminência de um desastre nuclear, os telejornais continuaram a dar a preferência í s palhaçadas da política nacional.
E por falar em palhaçadas, que dizer do ínhuca, que, cada vez mais, parece perfilar-se como próximo primeiro-ministro?
Quais as suas ideias para Portugal? Quais as medidas que ele propõe para diminuir e conter o déficit e acalmar os “mercados”? Quem convidará ele para ministro das Finanças? Quem será o seu ministro da Saúde, e da Justiça, e da Educação?
Como é possível acreditar num gajo sem ideologia, sem propostas e sem lábios?
Estamos fritos, pá!