O perigoso esquerdista

—Olhem bem para ele, de cravo na mão, este perigoso marxista-direitista, este admirador de Lenine e de Bento 16, este maoista do Largo do Caldas.

Se Portas for para o governo, teremos Cuba do nosso lado e importaremos alta tecnologia da Coreia do Norte.

Com a nova colocação do CDS na cena política, í  esquerda do PSD, como Portas afirmou, teremos que repensar tudo e talvez uma coligação alargada CDS-PCP-Bloco comece a fazer sentido.

Portas já andava a ameaçar, com todo o seu apoio í  lavoura e í s pequenas e médias e empresas.

Agora, é definitivo: agora, o cravo. Amanhã, a foice e o martelo!

Vamos discutir pintelhos!

Eduardo Catroga mostrou, mais uma vez, toda a sua ignorância ao dizer aos jornalistas que “andam a discutir pintelhos, em vez de discutir coisas mais sérias”!

Sr. Eduardo: os pintelhos são uma coisa muito séria e só me admira que uma pessoa da sua idade ainda não se tenha apercebido disso.

A menos que, devido exactamenteÂ í  idade, já os tenha em tão pouco número, que já não lhes liga a devida importância.

Repare, Sr. Eduardo: se a pintelheira não fosse importante, teríamos as parte pudendas glabras (se é que conhece o termo…).

Digo-lhe: estou verdadeiramente preocupado com o senhor.

Começa por dizer que a sua “geração só fez porcaria“, depois engana-se na taxa do IVA da cerveja, confundindo-a com a do vinho (sacrilégio!) e agora vem dizer que os pintelhos não são um assunto sério!

Só de pensar que o senhor poderá vir a ser ministro das Finanças, até se me arrepelam os pêlos.

Incluindo os pintelhos!

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O percurso do costume

“Geração í  rasca muda de nome a pensar no futuro”, titula o DN de ontem.

Para que não sejam confundidos com outros movimentos sociais, os jovens que lançaram essa ideia grandiosa, incluindo um tal Labrincha, já adoptaram um novo nome e respectivo acrónimo: Movimento 12 de Março, ou M12M.

No entanto, para que não haja oportunismos, “geração í  rasca” foi registada como marca para impedir “utilizações abusivas, nomeadamente com fins lucrativos”, segundo afirmou o Labrincha.

Fiquei estupefacto.

E se eu fosse registar o “vai í  merda!”?

Evitaria que outros usassem essa expressão tão portuguesa e ainda ganharia uns cobres com a sua utilização abusiva.

Aguardemos, com serenidade, a notícia de que os promotores do M12M são cabeças de lista por um partido qualquer, numas eleições futuras.

10 Notas sobre a política caseira

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1. Passos Coelho deu ontem a sua primeira entrevista como primeiro-ministro.

2. Claro que o gajo ainda não foi eleito… mas isso é um pormenor. Os jornalistas já o bajulam como se fosse…

3. Ideias?… Nenhumas… O homem está a preparar-se para ser primeiro-ministro há mais de um ano mas ainda não foi capaz de apresentar um programa alternativo por inexperiência de Catroga, o jovem que lidera a equipa que está a preparar o programa do governo PSD.

4. Primeira medida tomada por Passos, como faz-de-conta-que-já-é-primeiro-ministro: revogar a avaliação dos professores. Os mercados internacionais agradecem…

5. Passos quer uma maioria absoluta e um governo alargado que pode incluir o PS, mas sem o seu secretário-geral, Sócrates. Boa ideia era o Passos Coelho candidatar-se a secretário-geral do PS. E ganhar.

6. Sócrates vai ser reeleito líder do PS com mais votos que o futuro presidente daquele clube com a camisola í s riscas mas, nos telejornais, foram as eleições dos lagartos que ocuparam mais espaço noticioso.

7. O filósofo-fashion Carrilho, ou a versão pedro-passos-coelho do PS, António José Seguro, são cães que ladram.

8. Eu, se fosse ao Sócrates, pegava nos 2 milhões que dizem que recebeu como luvas pelo licenciamento do Freeport, mais o quase-milhão que o seu amigo Vara recebeu do BCP, e começava a aliciar gajos do PSD para votarem no PS

9. Passos não revela o teor da conversa que teve com Merkel porque não percebe patavina de alemão

10. E Cavaco, mais uma vez, não tem nada a ver com isto. Penso, até, que o gajo é presidente de outro país qualquer…

Passinhos Láparo

Passos Coelho faz-me lembrar um delegado de propaganda médica de um laboratório í  beira da falência.

Quando o vejo nos telejornais, juro que tento ficar atento í s suas palavras, a ver se o gajo diz qualquer coisa que valha a pena ouvir. Mas, ao fim de cinco segundos, dou por mim concentrado no seu penteado í  Ken (o meu colega Zé Guimarães diz que ele lhe faz lembrar o namorado da Barbie), ou fixado no colarinho da camisa, demasiado largo para o seu pescoço emagrecido – enfim, distraio-me da sua voz monocórdica e deixo de o ouvir.

O homem está a preparar-se para chefiar o governo há anos e, até agora, ainda não lhe ouvi uma opinião, uma sugestão, uma proposta.

Corrijo: ouvi-o hoje admitir o aumento do IVA…

(Pausa para me rir um pouco de todos os tolos que pensavam que o PSD ia conseguir diminuir o déficit cortando na despesa, sem aumentar a receita…)

Passos Coelho é um dos líderes mais fracos que o PSD já teve. Dos 450 líderes que o PSD já teve, Coelho é o mais medíocre.

Exagero, 450?

Ora vamos lá a ver: Sá Carneiro, Emídio Guerreiro, Sousa Franco, Meneres Pimentel, Pinto Balsemão, Rodrigues dos Santos, Mota Pinto, Rui Machete, Cavaco Silva, Fernando Nogueira, Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso, Santana Lopes, Marques Mendes, Filipe Menezes, Manuela Ferreira Leite, Passos Coelho…

Não serão 450, mas anda lá perto…

Como se pode confiar num partido destes, que tem como piores inimigos os seus próprios dirigentes destacados.

Veja-se o Santana Lopes, hoje mesmo irritado com o Coelho por este ter admitido o aumento do IVA. Diz o Lopes: como é possível admitir-se aumento de impostos depois de se ter defendido o contrário ao longo destes últimos anos?!

Tens razão, Lopes – como é possível?

Mas Coelho não tem jeito. Não consegue convencer ninguém. Como é que se diz?… Não tem carisma!…

Numa palavra: não tem jeito nenhum para isto.

Com tanto descontentamento pelos Pec’s, o Coelho devia almejar a uma maioria absoluta.

Mas o resultado eleitoral do PSD vai ser uma desgraça.

O Coelho não passa de um láparo!…

Manifestações obrigatórias

Mais uma manif, hoje.

No sábado passado, foi a manif a favor de um duo de humoristas que ganhou o festival da canção (verídico!).

Hoje, foi mais uma manif organizada pela CGTP. Não sei bem, porque a coisa estava confusa, mas parece que eram funcionários públicos. Professores eram, com certeza, pois lá estava o Nogueira e o seu bigode mal semeado.

Coitados dos professores!… Este governo deve detestar os professores! Quer avaliar o seu trabalho, impede que formem pares nas aulas de educação visual (?!) e, agora, quer-lhes cortar o pagamento da correcção dos exames! Sinceramente! É o mesmo que o governo deixasse de me pagar, que sou médico, os atestados que passo aos meus doentes!… Espera lá… mas o governo não me paga nada pelos atestados! Queres ver que também tenho que me ir manifestar para a Avenida da Liberdade?

Bom, mas voltemos í  manif de hoje…

Na reportagem que a RTP transmitiu, vê-se um puto de cerca de 8-9 anos. A jornalista pergunta-lhe por que é que ele está ali e o petiz, na sua ingenuidade, diz qualquer coisa deste tipo: “venho ajudar o meu pai e o PCP… é obrigatório”.

Na imagem seguinte, surge o pai, orgulhoso do seu rebento. A jornalista pergunta-lhe se é importante levar o filho í  manif e o tipo responde: “Claro! Primeiro, manifesta-se, depois toma consciência!”

Disseste tudo, pá!

Primeiro, manifestar; depois, pensar…

As manifes tornaram-se tão corriqueiras que deixaram de ter significado.

O chamado “sobressalto cívico” – essa eufemismo inventado pelo Cavaco – devia ter mais substância para ser levado a sério.

Que significado têm manifes que juntam jovens a recibos verdes com tipos que querem uma Junta de Freguesia no Parque das Nações, tipos que querem Portugal fora da Nato e skinheads, fulanos a contrato a prazo há décadas e gajos contra o aumento do preço do gasóleo?

O Facebook está na moda e os jornalistas embarcam. Acreditam piamente que foi o Facebook que desencadeou a revolta na Tunísia e no Egipto e que, por extensão, estabeleceram uma comparação com a manif dos í  rasca, esquecendo-se ou escamoteando o “simples” facto de os tunisinos e os egípcios estarem a lutar contra ditaduras, arriscando as suas vidas, enquanto os portugas que passearam avenida abaixo, não desafiaram ninguém, não arriscaram nada!

Vivemos, de facto, numa paróquia de merda, muito pequenina, onde impera a mediocridade.

Hoje, dia em que aviões franceses começaram a bombardear as forças de Kadhaffi e em que os japoneses continuam aflitos, com a eminência de um desastre nuclear, os telejornais continuaram a dar a preferência í s palhaçadas da política nacional.

E por falar em palhaçadas, que dizer do ínhuca, que, cada vez mais, parece perfilar-se como próximo primeiro-ministro?

Quais as suas ideias para Portugal? Quais as medidas que ele propõe para diminuir e conter o déficit e acalmar os “mercados”? Quem convidará ele para ministro das Finanças? Quem será o seu ministro da Saúde, e da Justiça, e da Educação?

Como é possível acreditar num gajo sem ideologia, sem propostas e sem lábios?

Estamos fritos, pá!