Finalmente, novos valores na política!

Fartos dos velhos políticos portugueses?

Not anymore!

O PSD anunciou ontem o seu candidato í  Câmara de Lisboa: trata-se de Pedro Santana Lopes, um jovem e talentoso político que começa, agora, a dar os primeiros passos na cena portuguesa, e logo como candidato a um cargo tão importante como este.

A escolha de Pedro Santana Lopes foi uma decisão unânime de todos os membros da comissão política nacional, portanto não se pode falar em insanidade temporária de Manuela Ferreira Leite, quanto muito, poderá dizer-se que toda a comissão política está passada dos cornos por escolher um rapaz tão novo e tão verde (sim, é do Sporting… não se pode ser perfeito…)

Claro que este Santana Lopes não tem nada a ver com o outro Santana Lopes, o do túnel, aquele que abandonou a presidência da Câmara de Lisboa para ir fazer figuras tristes como primeiro-ministro e, depois, voltou para a Câmara, com o rabinho entre as pernas, desalojando o outro senhor de óculos, cujo nome já nem me lembro (Carmona? Craveiro Lopes?).

Não – este Santana Lopes é novo e não tem nada a ver com o outro Santana Lopes, que pagou 2,5 milhões de euros ao Frank Gehry para o gajo fazer um orçamento para o Parque Mayer e vir comer uns almoços ao Bairro Alto.

Este Santana Lopes é muito diferente, como se pode comprovar pelas imagens em baixo. í€ direita, o jovem Pedro Santana Lopes, agora candidato í  Câmara de Lisboa; í  esquerda, o outro Pedro Santana Lopes, o que deixou um buraco formidável nos cofres da Câmara. As diferenças são notórias…

Parabéns PSD!

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Estrabismo de esquerda

Manuel Alegre, como poeta, é um mau político.

Os jornalistas adjectivam-no como “histórico deputado socialista”, mas devem usar o adjectivo “histórico”, no sentido de “dinossáurio”.

Alegre defendeu a convergência das esquerdas, que é como diz, o estrabismo de esquerda.

Todos os esquerdistas a olhar para si próprios – um olho na merda, outro no infinito.

Marcelo Rebelo de Sousa, na sua homilia, esfregou logo as mãos de contente, dizendo que com um novo partido, liderado pelo Alegre, talvez o PSD, mesmo esfrangalhado, conseguisse mais votos que o PS.

Tinha a sua graça: o PS e o PSD empatarem nas eleições e ficarmos sem governo por causa de um novo partido de esquerda, lançado por um poeta serí´dio. Como se a esquerda precisasse de mais partidos. Como se a esquerda não estivesse já suficientemente fragmentada e enfraquecida.

De cachecol branco em redor do pescoço e casaco de pele de antílope, quiçá caçado por ele próprio, Alegre disse outras coisas lindas, como esta: “esta é a nova coragem que é preciso ter”!

E mais esta: “Dante reservou os lugares mais quentes do Inferno para aqueles que em tempo de crise moral se mantivessem neutros”.

E ainda esta: “Ninguém é proprietário da esquerda, ninguém tem o monopólio da verdade, ninguém é dono do futuro.”

A mim ninguém me cala!

Manuel Alegre, como político, é um mau poeta…

Afinal, os deputados são humanos

—Contextualizemos: na sexta-feira passada, dia 6, 40% dos deputados do PSD faltaram. Muitos deles assinaram a folha de ponto e puseram-se na alheta, para um fim de semana prolongado.

Acontece que havia uma votação importante. O plenário ia decidir se recomendava ao governo que suspendesse a avaliação dos professores, ou não. Seis deputados do PS votaram contra o governo mas, mesmo assim, a proposta foi chumbada porque 40% dos deputados do PSD fizeram gazeta.

História habitual.

A propósito disto, Almeida Santos disse que, quando era Presidente da Assembleia, nunca fazia plenários í  sexta-feira, por ser véspera de fim-de-semana.

E acrescentou: «Talvez esteja errado é que as votações sejam í  sexta-feira, é preciso arranjar horas para a votação que não sejam as horas em que, normalmente, é mais difícil e mais penoso estar na Assembleia da República».

É o que eu digo aos meus doentes: por favor, não adoeçam í  sexta-feira, porque é véspera de fim-de-semana.

Almeida Santos tem 82 anos.

Talvez por isso se perceba porque diz mais uma enormidade como esta: “Os deputados são humanos, não são máquinas”.

E eu que pensava que Paulo Portas, com aqueles dentinhos tão brancos e brilhantes, fosse um robot. Só um robot (ou um ditador africano) consegue votações como Portas conseguiu ontem: mais de 95% dos militantes votaram nele e ninguém votou nos outros candidatos que, aliás, não havia. Também é verdade que 65% dos militantes nem se incomodaram em ir votar, mas Almeida Santos veio desfazer esta imagem que eu tinha de Portas. Afinal, não passa de um reles humano!…

E Rangel, o anafado líder do PSD? Não será uma enfardadeira?

E o mal-encarado Alberto Martins, do PS – humano?

E o camarada Jerónimo de Sousa não será apenas um reprodutor de cassetes, perdão, de dvd?

E Louçã não pode ser humano! Tão perfeitinho, tão politicamente correcto, tão resposta na ponta da língua, tão beato – Louçã é definitivamente uma máquina, não é humano!

Dr. Almeida Santos, permita-me discordar: os deputados são máquinas.

O problema é que, í s sextas-feiras, muitas dessas máquinas têm que ir í  manutenção para ajustes…

Recessão – primeiros sinais

Quando acordei, esta manhã, o país já estava em recessão.

Dei por isso porque acordei mal disposto, o café tinha pouco açúcar e a torrada queimou-se.

Na rua, só me cruzei com transeuntes mal encarados e os automobilistas iam todos de trombas e devagarinho, para poupar combustível.

Numa esquina, parece que vi a economia a encolher-se, mas podia ser uma cadela a fugir. Só a vi de relance.

No trabalho, toda a gente me respondeu mal e eu respondi mal a toda a gente e só não andei í  pancada porque me faltou a energia alternativa.

Quando cheguei a casa, calcei só um chinelo, para poupar e sentei-me a ler o jornal.

Logo na primeira página: “Portugal está disposto a acolher presos da base de Guantánamo”.

Bonito gesto.

Mas será que os presos estarão na disposição de vir viver para um país em recessão? Não preferirão as economias florescentes do Iémen, do Afeganistão ou do Mali?

Logo ao lado, outra notícia da recessão: “Falências sobem 50% no distrito de Braga: este ano, até ao final do mês de Setembro, faliram 440 empresas do distrito de Braga”.

Onde é que Braga tinha tantas empresas? Passei por lá em Outubro e juro que não me apercebi disso.

Mais acima, uma notícia alegre: Manuel de Oliveira completa 100 anos.

Confesso que nunca vi nenhum filme do Manuel de Oliveira, mas há que elogiar o homem. Com 100 anos e ainda teima em trabalhar. É por causa de homens como ele que a idade da reforma cada vez é mais tardia…

Mais um pensamento triste…

Lá mais para o fim do jornal, uma notícia engraçada: o PSD considera que Sócrates “vai ficar na História como o primeiro-ministro do governo que levou o país í  recessão”.

Afinal não foi o sub-prime, nem o crédito imobiliários dos yankees, nem os bancos mal comportados. Foi o Sócrates. Embora malhar no homem!

í€s vezes era o que apetecia: uma boa sova, uma tareia, uma trepa, assim como está a acontecer agora em Atenas. Qual manifestações ordeiras avenida abaixo: porrada e mau viver, cocktails molotov, gás pimenta, gás mostarda, gás ketchup, tudo ao molho!

Olha, um bom exemplo é o do Vitor Constâncio, que já disse que não se importava que lhe baixassem o salário.

Sonso!

Eu não me importava era que me aumentassem o salário. Se todos ganhássemos mais, acabava-se a recessão.

Por isso é que o meu herói se chama Mugabe, o gajo que lançou, agora, uma nota que vale 200 milhões de dólares zimbabweanos.

Digam lá se não gostavam de ser pagos com notas de 200 milhões…

Tens dias, Loureiro…

—Por que não ficaste em Aguiar da Beira?

Ficavas a dois passos de Contenças, a terra do teu amigo e sócio, Jorge Coelho. Podias ir í  Serra da Estrela, ver a neve. Em pouco mais de uma hora, estavas em Espanha, para comprar caramelos…

Podias ter ficado com o negócio do teu pai, que era latoeiro, em vez de te meteres nesta coisa do Valor Alternativo que, além de cheirar a alterne, tem algo a ver com ferro-velho.

Podias continuar a conviver com a Dona Natividade dos Santos, senhora com a provecta idade de 82 anos e que disse, ao Correio da Manhã, que tu foste para o seminário por influência do teu tio e padre José Fonseca.

A velhota – que te adora – disse ainda que foste “sempre uma flor de menino” e que, sempre que a vês lhe dás dois beijos.

Por que raio te foste meter nestas coisas da política, Manuel?

Não era melhor teres ficado sossegado, mais o teu bigode farfalhudo, em Aguiar da Beira, onde poderias ter tido um grande futuro como latoeiro?

Vieste para Lisboa, meteste-te na política, e acabaste como ministro da Administração Interna do Cavaco. Foste tu o responsavel pela carga policial sobre a malta que estava a bloquear a ponte 25 de Abril.

E sabes quem te sucedeu no cargo, depois do PSD perder as eleições (por causa da ponte e do feriado do Carnaval)? Pois foi o Jorge Coelho – que coincidência!

Ou então, não é coincidência – é a chamada solidariedade beirã…

Mas vê onde chegaste! Conselheiro de Estado, hã?!

E rico, muito rico – não graças aos ordenados de ministro e de deputado, diz o Pacheco Pereira – e digo eu, que sei como são os ordenados dos quadros da Função Pública.

Portanto, ficaste rico graças ao BPN e a negócios como aqueles de Porto Rico?

Ou ganhaste o Totoloto várias vezes?

De qualquer modo, fiquei com pena de ti, quando te vi ontem, na SIC, a seres entrevistado por aquele jornalista de economia, com ar sério. Que carinha tão inocente fizeste, durante toda a entrevista. Fizeste-me lembrar aqueles putos que acabam de fanar os chocolates todos da dispensa e dizem, com carinhas de anjinhos: «não fui eu, mãezinha…»

Mas podes estar tranquilo.

Nada te vai acontecer. A coisa vai engonhar nos tribunais, engonhar, engonhar, até seres bisaví´.

Entretanto, já estarás novamente em Aguiar da Beira, a pí´r flores na campa da Dona Natividade Santos.

O PCP e o Índice de Desenvolvimento Humano

Nota prévia: Índice de Desenvolvimento Humano é, segundo a definição da Wikipédia, “uma medida comparativa que engloba três dimensões: riqueza, educação e esperança média de vida. É uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma população. O índice foi desenvolvido em 1990 pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no seu relatório anual”.

O PCP está a realizar o seu 18º Congresso, o primeiro desde a morte do Pai Cunhal.

Esta imagem do Congresso é esmagadora.

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Ai, desculpem!… enganei-me… esta é uma imagem de um Congresso do PC Chinês… Agora é que é:

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Esta é que é uma foto do Congresso do PCP, no Campo Pequeno, mas também podia ser de qualquer outro Congresso de qualquer outro PC de qualquer outro país, delirantemente a caminho do socialismo.

Segundo as teses do 18º Congresso do PCP, importantes, “nomeadamente pelo seu papel de resistência í  Â«nova ordem» imperialista, são os países que definem como orientação e objectivo a construção de um sociedade socialista – Cuba, China, Vietname, Laos e RDP da Coreia”

Cuba – 51º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (Portugal está no 29º lugar);

China – 81º lugar (num total de 177 países);

Vietname – 105º lugar no ranking;

Laos – 130º lugar;

Coreia do Norte – dados indisponíveis desde 1995; nesse ano, tinha um Índice de Desenvolvimento Humano semelhante ao do Laos.

Ainda segundo as teses do Congresso, o eixo do capitalismo internacional é formado pela União Europeia, os Estados Unidos e o Japão.

Os EUA estão no 11º lugar do IDH; o Japão, no 8º lugar e, na União Europeia, a classificação vai desde o 5º lugar da Irlanda ao 32º da República Checa.

Mas todos nós sabemos como é difícil a caminhada em direcção ao socialismo.

Cuba ainda só desde 1959 é que vai em direcção ao socialismo.

A China é um pouco mais antiga nessa caminhada: começou-a em 1949.

Vietname e Laos são novatos nestas coisas do socialismo e só começaram a caminhar nesse sentido depois da retirada dos americanos, em 1976.

Quanto í  Coreia do Norte, nem para isso há dados disponíveis. Aliás, a sua própria existência real é posta em dúvida por muitos observadores internacionais.

Lemos as teses deste 18º Congresso do PCP e fazemos uma viagem no tempo. Recuamos, pelo menos, 30 anos.

Por exemplo:

“Apesar dos reveses sofridos, a violenta ofensica do imperialismo não dá sinais de recuo, antes se acentuam os seus traços fundamentais – exploração, opressão, agressão, militarismo e guerra. No caldo de cultura da crise e da pretensão do imperialismo de impor ao mundo a sua hegemonia, cresce o perigo de aventuras militares de dramáticas consequências”.

Por exemplo:

“Intensifica-se a exploração dos trabalhadores com a extensão do uso da força de
trabalho e a redução, por todos os meios possíveis, da sua remuneração, visando arrecadar a maior fatia possível de mais-valias, tirando partido do enfraquecimento temporário do movimento comunista e operário.”

Por exemplo:

“O socialismo, objectivo programático do PCP, tendo no horizonte o comunismo, não só traduz a superioridade dos valores de liberdade e justiça social que animam os comunistas de todo o mundo na sua luta contra o capital, como constitui, na actualidade, uma possibilidade cada vez mais necessária e urgente.”

O problema é que os autores das teses deste Congresso acreditam piamente no que escrevem, como quem acredita, sem vacilar, nas sagradas escrituras.

Ver Jerónimo de Sousa a discursar, tendo, como fundo, uma bancada vermelha e com a saliva seca acumulada nas comissuras labiais, ver centenas de militantes, de punho erguido, masturbando a atmosfera e gritando, cadenciadamente. “Assim se vê, a força do Pêc튔, um tipo sente-se transportado para o passado e pergunta-se como é possível que este tipo de partido ainda tenha tanta força e influência, no panorama nacional.

E ali, na primeira fila, Carvalho da Silva, da CGTP e Mário Nogueira, da Fenprof, a mostrarem que, apesar de tudo e de todos, são eles que continuam a marcar a agenda sindical em Portugal, na Função Pública, nas fábricas, nas escolas.

Mas, enfim, como dizia o José Mário Branco, nos idos de 1982, na cantiga-poema “FMI”: “votas í  esquerda moderada nas sindicais, votas no centro moderado nas deputais e votas na direita moderada nas presidenciais”.

Não é filho?

Assim se explica que tenhamos o Cavaco como presidente da República, o Sócrates como primeiro-ministro e o Carvalho da Silva e o Mário Nogueira a mandar nas ruas.

Assim se vê… a força do Pê Cê…

Ferreira Leite, Santana Lopes style

—Saudades do Santana Lopes e das suas calinadas?

Não tenhas!

Agora há: MANUELA FERREIRA LEITE!

Tão divertida como Lopes, com a vantagem de ser do sexo feminino, embora, no caso dela, bem… adiante…

Depois de dizer que o TGV e o aeroporto iriam resolver o problema do desemprego na Ucrânia e em Cabo Verde, Dona Leite, na passada 4ª feira, bateu o recorde das afirmações absurdas.

1ª Chalaça da Manuela: “os líderes políticos, numa sociedade democrática, têm que saber fazer passar a sua mensagem através da comunicação social (…), não pode ser só a comunicação social a seleccionar o que se diz.”

Nesse caso, Manuela propõe o quê? A censura prévia? Um comissário político em cada redacção de cada jornal e de cada televisão, para “seleccionar o que se diz”?

2ª Chalaça da Manuela: “enquanto o sistema de justiça não for eficaz, o polícia faz figura de palhaço”.

Claro que os polícias não leram esta notícia, caso contrário teriam ido para a porta da sede do PSD, vestidos de palhaços, exigindo que a Manuela explicasse por que razão o PSD, que tem estado no governo tantos anos quantos o PS, não conseguiu tornar a justiça eficaz.

3ª Chalaça da Manuela: “a nova lei do divórcio, que ninguém pediu, é a destruição da família”.

De qual família, Manuela? Da família nuclear, em que o marido bate na mulher e não quer saber dos filhos? Da família alargada, em que os avós cuidam dos netos e ninguém sabe do pai ou da mãe?

Estas chalaças da Dona Leite foram todas proferidas num único discurso, mas quase ninguém reparou, porque anda tudo preocupado com os professores.

Com esta líder da Oposição, Sócrates bem pode dormir descansado…

Não te cales, Manuela!

—Já percebi por que razão Manuela Ferreira Leite esteve tanto tempo calada.

Manuela estava apenas a tomar balanço!

E agora, que começou a falar, é bom que não se cale, porque a senhora, apesar daquele ar sério, é de uma comicidade formidável.

Qual Buster Keaton, que fazia os maiores disparates sempre com aquele fácies fechado, Manuela diz, por exemplo, que a decisão de aumentar o salário minimo em 24 euros, “roça a irresponsabilidade” (e a conotação do verbo “roçar” é sempre curiosa…) – e diz, agora, que a construção das grandes obras públicas (aeroporto e TGV) contribuem para resolver os problemas do desemprego… de Cabo Verde e da Ucrânia!

í“ Manuela, a senhora é impagável!

Que boa piada!

Embora se tenha esquecido dos brasileiros. Os nossos irmãos brasileiros imigrados, apesar de preferirem a restauração, o turismo ou outras ocupações alternativas, também trabalham nas obras. Bem como os guineenses, alguns quenianos e mesmo um ou outro marroquino.

Por favor, Manuela – não se cale!

Desde os tempos áureos do Sr. Lopes que não me divertia tanto com a leitura de entrevistas políticas.

Tenham medo, tenham muito medo!

O general Loureiro dos Santos disse que os militares estão descontentes com a política do Governo em relação í s Forças Armadas e que esse descontentamento poderia “conduzir a actos de desespero”, atitudes “irreflectidas”, por parte de “militares mais jovens”.

Ontem, dezenas de oficiais juntaram-se para um jantar em que se debateu, í  porta fechada, “o mal-estar” que se vive nas Forças Armadas.

O general Silvestre dos Santos disse que estes problemas “existem há muito tempo, mas que se agravaram em 2005, quando foram tomadas medidas í  revelia dos militares”, sobretudo no que diz respeito í  assistência na doença. Acrescentou que é urgente “os órgãos de soberania tomarem decisões antes que a situação se agrave”. Disse mais: a situação “poderá não chegar í s consequências do 25 de Abril, mas poderá agudizar-se”.

E os militares farão o quê?!

Dão um tiro no Sócrates? Invadem a Assembleia da República? Fecham os quartéis e vão para casa? Declaram guerra í  Mauritânia? Pintam a cara de preto? Rasgam os uniformes? Fazem uma manifestação todos nus?

Tudo isto seriam atitudes irreflectidas, como disse Loureiro dos Santos.

Estamos, portanto, no campo das ameaças.

É uma boa maneira de tratar dos problemas.

Os médicos, para obterem melhores salários, poderão ameaçar receitar os antibióticos errados.

Os professores, em vez de andarem aos gritos na Avenida da Liberdade, podem combinar não dar mais que 8 valores a todos os alunos, em todas as disciplinas.

Os trabalhadores que recolhem o lixo, podem passar a espalhá-lo pelas ruas.

Os motoristas dos transportes públicos podem começar a andar sempre em marcha atrás…

Independentemente de terem, ou não, razão nas suas reivindicações (a história da assistência na doença também daria pano para mangas, nomeadamente, a utilização dos cartões da ADME, ADMA, etc por toda a família, vizinhos e amigos…) – penso que os militares não têm o direito de fazerem ameaças deste género para tentarem vergar o poder político.

Ou então, eu estou enganado e vamos mas é fazer mais um golpe de Estado.

Estou disponível até í  próxima quarta-feira.

Depois, acabam-se as férias e teremos que combinar outra altura…

Leite e derivados

—Na concertação social (“concertação” com “cê”, porque vem de “concerto”; com “esse”, não, porque já não há “conserto”…), patrões, trabalhadores e governo chegaram a acordo: em 2011, o salário mínimo será de 500 euros.

Até lá, vai subindo devagarinho. Para o ano, será de 450 euros.

Manuela Ferreira Leite, distraída ou desconhecendo a decisão da concertação social, disse que Sócrates, ao fazer este aumento, “roça a irresponsabilidade”.

í“ Dra. Leite: é um aumentozinho de 24 euros mensais!

No que respeita ao leite, propriamente dito, e escolhendo o magro, tendo em atenção a doutora, 24 euros dá para comprar mais 27 litros de leite Matinal ultrapasteurizado por mês, partindo do princípio que cada litro custa 88 cêntimos. Quer dizer que o trabalhador, com o novo salário mínimo nacional, nem sequer vai poder comprar mais um litro de leite por dia, todos os dias do mês!

Quanto aos derivados: 24 euros dão para mais 40 iogurtes Longa Vida, a 2.19 cada pack de 4; ou mais 14 pacotes de 250 gramas de manteiga UCAL, a 1.69 cada um; ou 3 queijos e meio, tipo flamengo, da Agros, a 6.49 cada um.

A senhora acha que isto roça a irresponsabilidade?