Estou a ler o Orçamento

O Teixeira dos Santos teve a amabilidade de me enviar, via e-mail, o Orçamento Geral do Estado para 2009.

Como me custa um pouco ler no monitor do computador, imprimi aquilo tudo e comecei a lê-lo ontem í  noite, na cama, antes de adormecer.

Não estou a gostar muito. Acho que o argumento cheira a “déjí  vu” e a história não é grande coisa. Tive uma insónia…

Um tipo da minha idade já leu tantos livros na vida que, para ficar preso, precisa de mais qualquer coisa – e convenhamos que este OGE para 2009 é mais do mesmo.

Enfim, tem aquela coisa dos 2,9% de aumento para Função Pública, que sempre é uma inovação. Mas é pouco.

Confesso que estava í  espera de uma coisa com mais fí´lego e, afinal, todo o OGE cabe numa simples “pen drive”. Ouvi dizer que até cabe no Magalhães! Ora, uma Orçamento que cabe num Magalhães não pode ser grande coisa, não é?

De qualquer modo, prometi ao Teixeira que lhe enviava, depois, as minhas opiniões e vou cumprir – só que ainda não arranjei tempo para ler aquilo tudo.

Mas posso já fazer uma sugestão: se ainda não publicaste o Orçamento, troca os números do aumento, ó Teixeira: põe lá 9,2% de aumento, em vez de 2,9.

Sempre cria mais suspense na história, não achas?

Para a Islândia, e em força!

A Islândia nunca me enganou.

Como é que uma ilha praticamente gelada, situada no escroto de Judas, foi considerada, pela ONU, no ano passado, como o país mais avançado do Planeta?

Agora, está-se a ver. Bancarrota, a coroa islandesa não vale um caracol congelado e os islandeses correm aos supermercados e í s farmácias para açambarcarem os bens de primeira, segunda e terceira necessidade, como qualquer outro povo de um qualquer país subdesenvolvido da América do Sul e arredores.

Em bancarrota, ninguém deve dar nada pela Islândia, agora.

É portanto uma boa oportunidade para convencer o Alberto João Jardim a usar os lucros da off-shore da Madeira e comprar a Islândia.

Depois, muda-se para lá com todos os seus apaniguados, enquanto os islandeses (são pouco mais que 300 mil) vêm para a Madeira.

Ganhamos todos: Jardim ganha a independência, os islandeses ganham uma nova ilha sem gelo e nós ficamos livres do Alberto João.

Por que é que não tenho uma casa da Câmara?

—Antes de continuarem a ler este texto, agradeço que leiam esta pequena local, que saiu hoje no Expresso, a propósito do “Lisboagate” – distribuição de casas da Câmara a amigos e camaradas, por cunhas, pagamento de favores e outras trafulhices.

Já leram?

Então, agora, falo eu: em Junho de 1974, estudava no 2º ano de Medicina, tinha um filho, o Pedro, com um ano de idade e vivia num quarto, em casa dos meus sogros. Há mais de uma ano que colaborava, com estorinhas, poemas e outras brincadeiras, com o jornal República. Gratuitamente. “Just for fun”.

O ílvaro Guerra, que já não está por cá, achou que eu era bem capaz de ser jornalista e como, entretanto, depois do 25 de Abril, passara do República para a RTP, convidou-me para experimentar o jornalismo televisivo.

Não hesitei, claro.

Comecei por ganhar um salário de 7.500 escudos, que era excelente, naquela altura. Continuei a estudar, durante o dia, e a trabalhar no Telejornal da noite que, naqueles tempos, ia para o ar quando calhava, por vezes, depois da uma da manhã.

Graças ao ílvaro Guerra e ao meu emprego como jornalista estagiário, conseguimos sair da casa dos meus sogros e alugar um T1, em Benfica, por 3.500 escudos. Sobravam 4 mil escudos, do meu ordenado. Até dava para beber um gin tónico todos os dias!

Algum tempo depois, juntámo-nos ao nosso amigo José António, também jornalista, na altura, além de estudante de Matemática, e alugámos uma casa em Algueirão. Tinha dois andares: o rés-do-chão para nós, o primeiro andar para os amigos. Renda: 6 mil escudos mensais.

Nessa casa, nasceu a nossa Marta e a Joana deles.

“Obla-di Obla-da, life goes on…”

Em Setembro de 1987, 14 anos depois do 25 de Abril, já longe do jornalismo e trabalhando como Médico de Família há dois anos, conseguimos comprar a nossa primeira e única casa, em Almada.

Ainda a estamos a pagar.

Por isso, peço desculpa pela minha linguagem, mas quero que todos estes gajos façam o favor de ir í  merda!

Magalhães e os Velhos do Restelo

No Macacos sem galho decorre uma acesa discussão a propósito do computador Magalhães e da e-escolinha (http://www.macacos.com/2008/09/23/viva-o-magalhaes/).

Parece que, afinal, a tecnologia de ponta que o Sócrates diz que o Magalhães tem, já não é tão de ponta assim – dizem os críticos. Um dos fulanos que participa na discussão diz esta coisa enigmática:

“O portatil que eu dava aos alunos seria um com 32 megas de ram, disco de 512 megas, grafica de 2 megas, o s.o. seria linux ou bsd. Não precisavam mais do que isto. Queriam fazer processamento de texto, usavam latex, queriam fazer graficos usavam o gnuplot, queriam usar a calculadora ou abriam a shell de alguma liguagem interpretada ou então xcalc. Navegar na net era o lynx (caso precisasem de algo grafico que usem o “…links -g””). Querem fazer desenhos? usem papel e lapis (ou então o xfig que é poderosissimo)! Assim tornavam-se homemzinhos!”

Eu e 98% dos miúdos do ensino básico ficamos de boca aberta! Então, os putos podiam ter um sistema operativo linux, ou mesmo bsd, e não têm?! Que é lá isso, ó Sócrates? Está a roubar aos nossos infantes a possibilidade de usarem o “gnuplot”, seja lá isso o que for?! (a propósito: “bsd” quererá dizer “bondage-sado-masok”?)

Primeiro-ministro da treta, é o que tu és!

Sinceramente, a mim, parece-me uma ideia estrangeira, esta, a de fornecer portáteis aos putos do ensino básico e secundário. Quando percebi que isso se estava a passar em Portugal, pensei, por momentos, que tinha mudado de país.

Claro que o Sócrates e todo o Governo se aproveita do Magalhães para fazer auto-propaganda. Eu faria o mesmo. Os gajos do PSD fariam o mesmo (os gajos do PC, BE e CDS não fariam o mesmo porque nunca terão hipótese de chegar ao Poder, caso contrário… fariam o mesmo…).

A ideia é óptima e merece aplausos, o nome do computador é bem esgalhado (Magalhães ou Magajanes é conhecido em todo o mundo) e só gajos com o espírito do Velho do Restelo é que podem estar contra uma coisa destas.

O PSD não tem emenda

—Segundo o Expresso, Manuela Ferreira Leite estará inclinada a deixar que Santana Lopes possa ser o candidato do PSD í  Câmara de Lisboa.

Este seria o presente envenenado de Manuela ao Sr. Lopes: ao dar-lhe uma nova oportunidade, calaria a oposição dentro do partido. Se Santana ganhasse (ah! ah!), Manuela também ganharia; se Santana perdesse, Manuela não poderia ser acusada de não ter tentado.

Esta baixa política só mostra como se mexem os partidos, o PSD, em particular. No artigo do Expresso, assinado por í‚ngela Silva, não se fala, em lado nenhum, do que poderia ganhar a cidade se Santana Lopes voltasse a ser presidente da Câmara. Não se conhece, da parte de Santana, nenhuma ideia nova sobre Lisboa (ele tinha 3 e já as esgotou: o túnel do Marquês, o Casino de Lisboa e o Parque Mayer). Nada disto interessa. O que interessa são os jogos dentro do partido.

Aliás, no PS, a treta é a mesma. Agora, por exemplo, António Costa e Helena Roseta chegaram a um entendimento, que foi muito saudado pelos comentadores. Então, mas afinal eles não pertencem ao mesmo partido? Não podiam ter chegado a esse acordo antes de concorrerem separadamente í  Câmara, evitando meses e meses de decisões adiadas porque não havia maioria nas votações?

Voltando ao Sr. Lopes: será que ele quer a candidatura í  Câmara de Lisboa?

Não acredito.

O Sr. Lopes quer a Presidência da República, quando o ciclo de Cavaco acabar.

Lá terei que votar no Mário Soares, outra vez, daqui a 10 anos…

O Partido sou eu

—Sou assim desde criança.

Quando era pequenito, lembro-me de brincar sozinho com o meu comboio eléctrico e não deixar que mais ninguém lhe tocasse. A mãe ralhava comigo e dizia: «Paulo, por favor, não seja egoísta! Deixe o Miguel brincar!”

Mas eu encolhia os ombros e não deixava que o Miguel sequer se aproximasse. E fazia o mesmo com a pista de carros de corrida, e com as miniaturas Dinky Toys e, claro, com os Action Man. E tantos Action Man que eu tinha!…

Mais tarde, tive um jornal só para mim. Chamava-se “Independente”, que é como quem diz “Sozinho”. Quem precisa dos outros?

Mas precisava de voos mais altos. Quis um Partido político. Podia ter fundado um, mas demoraria muitos anos até que o Partido fosse conhecido e me levasse ao Poder. Por isso, aproveitei-me do CDS. Acrescentei-lhe a sigla PP e dei a entender que queria dizer Partido Popular quando, obviamente, quer dizer Paulo Portas.

O ano passado, o vice-presidente do Partido pediu a demissão. Aceitei mas não disse nada a ninguém.

Quem precisa de vices-presidentes?

Quem precisa de secretários-gerais?

Quem precisa mesmo de militantes?

Eu sou o Partido!

O Partido sou eu!

Ah! Ah! Ah!

Por que não falas, Manela?

Ficou célebre a frase do rei de Espanha, “por que no te callas”, dirigindo-se ao Presidente da Venezuela, Hugo Chavez, que não perde a oportunidade de botar faladura por tudo e por nada.

—Também entre nós começa a ficar célebre a frase dos militantes do PSD, dirigindo-se í  sua muda líder: “por que não falas, Manela?”

O país í  beira da falência, o Sócrates a anunciar empregos fictícios, o crime violento a aumentar de dia para dia, e a Manela caladinha que nem um rato, aliás, que nem uma rata…

Até parece que não tem mesmo nada para dizer.

Bem, ontem lá se reuniram os órgãos do partido e pariram um comunicado, pedindo a demissão do ministro da Administração Interna, só porque foram assaltados meia dúzia de bancos e uma carrinha da Próssegur.

O PSD devia ter vergonha na cara e dar atenção a coisas importantes, como esta notícia, publicada hoje no DN.

—

Inacreditável!

Se o Governo não toma medidas, hoje são as lagartixas, amanhã são capazes de ser as rãs, os sapos e até as salamandras!

O PSD devia fazer uma oposição consciente e adulta e pedir a demissão imediata do ministro dos Répteis!

Que dizes a isto, Manela?

Nada, não é?…

Pois…