Intolerância ao leite

O secretário de Estado da Administração Pública, José Leite Martins, convocou alguns órgãos de comunicação social para lhes dizer, informalmente, quais as ideias do Governo no que respeita ao futuro dos salários e  pensões dos trabalhadores do Estado.

Informalmente quer dizer, tipo, é pá, o Governo vai transformar os cortes transitórios em definitivos e tal e a Contribuição Especial de Solidariedade passa a ser para sempre e tal, mas isto é tudo off the record e tal.

Os jornalistas publicaram isto tudo e o Governo ficou indignadíssimo!

Passos espumou, Portas berrou!

Hoje, no Parlamento, Portas disse que “o que aconteceu foi um erro, não devia ter acontecido”, desmentido, assim, o secretário de Estado Leite.

Não é a primeira vez que Portas se dá mal com um Leite.

Já há uns anos fiou famoso um homem misterioso que teria financiado a campanha eleitoral do CDS e que se chamava Jacinto Leite Capelo Rego…

Definitivamente, Portas tem intolerância ao leite…

Relva não é erva?

Vitor Gaspar foi peremptório, no que respeita aos cortes salariais na função e nas empresas públicas: não há excepções!

A TAP, onde não haverá cortes, é a excepção que confirma a regra.

A Caixa Geral de Depósitos, onde também não haverá cortes, será a a excepção que confirma a excepção da regra.

Muito provavelmente, a ANA também não terá cortes, passando a ser a excepção da excepção da excepção que confirma a regra.

E o mesmo se vai passar com os CTT, com a NAV (controladores aéreos) e, quem sabe?, com a RTP.

O excelente ministro Relvas já explicou – com aquele ar de xico-esperto a quem apetece dar umas estaladas – que o caso da TAP e da CGD não é uma excepção, mas sim uma adaptação…

Que inteligência! Que perspicácia!

Relvas deve ser o orgulho da família!

A maneira como ele nos mostra uma maçã e nos tenta convencer que é uma laranja!

Afinal, uma adaptação não é uma excepção, não é Miguel Ervas?…

Os milhões de Mexia

—Está tudo muito escandalizado com os 3 milhões de euros que o chefe da EDP meteu ao bolso, em salários e prémios.

Mas o que são 3 milhões de euros?…

É certo que dava para pagar o prejuízo da TAP, mas não chegava, por exemplo, para comprar sequer metade do passe de Fábio Coentrão!

Com 3 milhões Mexia compraria, quanto muito, um Helder Postiga – mas, francamente, para que queria o Mexia um Helder Postiga?! Qua haveria de fazer com ele? Só se fosse para o pí´r a fazer as leituras dos contadores da luz…

Também foi notícia de primeira página do DN que Mexia tinha ganho mais que o Steve Jobs – aquele senhor da Apple (pronunciar “eiple”, como muitos jornalistas que pensam, que assim, estão a falar muito bem inglês…).

O Jobs já deve até ter perguntado aos seus assessores: mas quem é esse tal português que ganha mais do que eu? Que é que ele inventou?

Se Pedro Mexia, agora já não mexe, irritado com todo este barulho e está a pensar incorporar os milhões, passando a chamar-se Pedro Mexilhões.