Soares Franco, francamente…

O chefe do Sporting, Soares Franco, disse ontem, na televisão, que o árbitro Lucílio Batista terminou a sua carreira, ao assinalar aquele penalti na final da Taça da Liga.

Francamente, Soares Franco!… Não estarás a exagerar?

O homem não amputou a perna errada, não se esqueceu de descer o trem de aterragem, não atropelou ninguém na passadeira, não disparou acidentalmente uma caçadeira de canos serrados sobre a multidão, não fez uma queimada no Parque Nacional do Gerês, não despejou merda de uma suinicultura no rio Liz, não desviou 40 milhões de euros para uma off-shore, não inventou a bomba atómica, não deitou estricnina no aqueduto das águas livres.

O homem nem sequer contratou jogadores inaptos, nem é ele que lhes paga ordenados principescos, e lhes desculpa birras infantis, e lhes perdoa ordinarices incríveis.

O homem apenas pensou que o teu inteligente e bem-educado defesa Pedro Silva tinha desviado a bola com o braço e, consequentemente, marcou penalti.

Depois disso, ainda houve mais 20 minutos de jogo e 5 penaltis para cada lado.

Não ganhaste a Taça porque não marcaste um segundo golo nesses 20 minutos e porque falhaste três penaltis, pá!

Não queiras ferir a nossa inteligência!

E vamos mas é falar de coisas importantes!…

Que se lixe a Taça, que é de barro!

Com uma brilhante exibição, o Benfica esmagou o Sporting e arrecadou a Taça da Liga.

Em nenhum momento do jogo o Sporting se conseguiu impor e o golito que marcou foi por mero acaso.

De facto, foi patético ver alguns jogadores do Sporting.

Derlei caiu 35 vezes e queixou-se sempre da região lombar. Das duas, uma: ou tem falta de imaginação (ele há tantas partes do corpo que podem ser aleijadas…), ou anda muito tempo de gatas e deu cabo dos rinzes.

Liedson mostrou, uma vez mais, por que razão pode muito bem vir a ser ponta de lança da selecção de Madagáscar: dá encontrões a toda a gente, faz aquela cara de quem não sabe o que se está a passar (e não deve saber…) e está sempre a fazer queixinhas ao árbitro.

Polga, depois de ter dado uma grande ajuda ao Bayern, também tentou ajudar o Benfica. Deve estar quase a ser contratado pelo Louletano.

Rochenback parece um hipopótamo a correr: depois de começar, é difícil fazê-lo parar; o que vale é que corre sempre em frente; se lhe abrissem uma porta, o tipo acabava por sair do estádio.

Quem também se portou muito bem, foi o árbitro. Lucílio Batista deu uma verdadeira lição de anatomia, ao explicar ao Pedro Silva que aquela parte do peito faz parte do braço.

Com efeito, toda a gente sabe que, para empurrar a região peitoral para a frente, é preciso dar um impulso com o braço.

Ora, usar o braço, dentro da grande área, é penalti.

Obrigado í  Sic, pela excelente transmissão, permitindo-me ver o Paulo Bento a gritar “CARALHO FODA-SE!”, com aqueles lábios tão sensuais que ele tem!

Uma palavra para o Quim, que defendeu três penaltis: aconselho Quique Flores a continuar a usar o Moreira, na baliza e, sempre que houver um penalti, substitui-o pelo Quim.

Força, Benfica!

A dúzia

Sempre me insurgi com a tradução para português dos títulos de muitos filmes.

Por exemplo: porquê chamar “Os Amigos de Alex”, a um filme que se chama, de facto, “O Grande Calafrio” (“The Big Chill”).

Mas há boas adaptações.

Por exemplo: “Dirty Dozen”, em vez de ter sido traduzido para “A Dúzia Porcalhona”, ficou “Os Doze Indomáveis Patifes”, e ficou muito bem.

Ora, 12 indomáveis patifes foi o que aconteceu ao Sporting, na Liga dos Campeões. Foram 12 golitos que levaram do Bayern, coitados…

Diz-se que í  dúzia é mais barato mas, neste caso, o Sporting nem vendeu cara a derrota. Entregou-se.

Os lagartos pareciam lagartixas letárgicas.

E 12 golos é muito golo, em apenas dois jogos.

Claro que o Bayern teve ajudas: o Polga marcou na própria baliza, o guarda-redes leonino agarrou a cabeça de um defesa, em vez de agarrar a bola, vários jogadores com a camisola í s riscas, chutaram na atmosfera, com a bola a saltitar sobre a linha de golo.

Enfim, o Bayern não teve outro remédio senão marcar mesmo 12 golos!

Não faço ideia por que razão existe um substantivo próprio para designar a quantidade “doze”.

Que eu me lembre, só existe um outro substantivo semelhante e que é “grosa”. Ora, uma grosa corresponde a 144, isto é doze dúzias. Lá está a dúzia a funcionar.

Convenhamos que, para o Sporting, estas considerações têm pouco importância. Levou aquilo a que se chama uma abada e, para o caso, tanto faz que se diga que foram 12 golos ou uma dúzia de golos.

Doze!

É dose!

PS – dormi tão bem esta noite (provocação)…

Sporting perde mais uma oportunidade!

Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance!

O David Luiz abriu uma auto-estrada pelo lado esquerdo da defesa, ignorou a presença de Liedson, atrapalhou-se, falhou cortes limpos, tentou fazer penalti várias vezes. Sidnei e Luisão fizeram tudo para se atrapalharem mutuamente, Katsouranis deixou jogar, Suazo nem suou.

E, no entanto, os piços do Sporting só marcaram três míseros golos!

Podia ter sido a goleada da década – caso o Sporting fosse uma equipa de jeito.

Assim, apesar das facilidades concedidas, os lagartos acabaram por ganhar pela margem mínima.

Quase no fim do jogo, por desfastio, Cardozo ainda fez o 2-3, como quem diz: “se a malta quisesse, vocês perdiam este jogo!”

Mas a malta não quis. A malta deu um bodo aos pobres de Alvalade, e os gajos não aproveitaram.

Uma equipa assim, não merece ganhar o campeonato!

A Liga Intercalar

Ontem recebi um SMS muito estranho do Pedro.

Dizia, mais ou menos, o seguinte: “Benfa e Sporten na RTP-N, na Liga Intercalar. Que mais vão eles inventar?”

Fui ver.

A RTP-N transmitia, directamente do Centro de Estágio do Seixal, um Benfica-Sporting, a contar para a Liga Intercalar.

Nos idos de 60, quando eu ia í  bola com o meu pai (literalmente e em sentido figurado), havia um Campeonato de Reservas. As reservas eram formadas pelos putos que aspiravam a, um dia, jogar na equipa principal ou, ainda, os jogadores de topo que se portavam mal ou que estavam em processo de recuperação de uma lesão.

Nos tempos em que o meu pai andava mais louco por bola, chegávamos a ir ver jogar os juniores, ao sábado de manhã, as reservas, ao sábado í  tarde e, ao domingo, os gloriosos de primeiro plano, com o Eusébio a comandar.

Agora, chamam a esse campeonato de reservas, a Liga Intercalar.

Que interesse terão os jogos desta Liga para serem transmitidos por um canal de notícias, ainda por cima, í  hora de jantar?

E por que se chamará Liga Intercalar?

Intercalar ou para calar o Inter?

De qualquer modo, como dizia o Pedro, “mais um campeonato para o SLB perder”…