“Planet Earth”

—Esta série de documentários da BBC, datada de 2006, merece ser vista assim, em dvd, um episódio todas as noites, para termos uma ideia da grandiosidade do projecto.

Os episódios, de cerca de uma hora, contêm, no final, uma pequeno “making of”, que nos mostra algumas das técnicas usadas para conseguir imagens únicas.

E vamos viajando pelo mundo, através dos episódios: pole to pole, mountains, fresh water, caves, deserts, ice worlds, great plains, jungles, shallow seas, seasonal forests e ocean deep e um último dvd com o título “The Future” e com mais três episódios: saving species, into the wilderness e living together.

A narração é de Sir David Attenborough e, como não tem legendas, é por vezes difícil de perceber o que o senhor diz, porque o timbre da sua voz se confunde com a banda sonora – mas apenas por momentos.

Gostei da experiência e vou arranjar mais séries destas para (re)ver.

Precisão – até no erro!

Ontem í  noite verifiquei que estava sem televisão, sem internet e sem telefone fixo.

É o que dá colocar todos os ovos no mesmo cesto.

Liguei para o Apoio ao Cliente da Zon e atendeu-se um Gonçalo qualquer.

Muito simpático e aparentemente feliz por estar a falar comigo, o Gonçalo Qualquer, depois de indagar o meu número de cliente e de consultar O SISTEMA (sempre com letra grande), informou-me que, de facto, havia uma avaria na minha zona.

Mais me informou que a avaria estava a ser resolvida e que havia uma previsão: estava previsto que o problema fosse resolvido í s 0h32 do dia 11 de março.

Não í s 0h30, não pouco depois da meia-noite, não por volta da meia-noite e meia, não ainda antes da uma da manhã – mas sim, í s 0h32!

Claro que esta manhã, quando acordei, continuava sem televisão, sem internet e sem telefone fixo.

O Gonçalo Qualquer enganou-se – mas com muita precisão!…

Mad Men – 1ª temporada

—Mad Men pode ter duplo sentido: homens loucos e homens de Madison Avenue.

Loucos, nem por isso. Não há sequer um alcoólico, para amostra, nem tampouco um cocainómano e, apesar do protagonista, Draper, ter duas namoradas, para além da esposa, também não há nenhum mulherengo.

Quanto í  Madison Avenue, lá está, em Nova Iorque – e só tenho pena de não ir lá há 8 anos. E a série nem para isso serve, isto é, não me mata as saudades de Nova Iorque, porque, embora a acção se passe, pretensamente, na Madison Avenue, raramente (ou nunca), vemos uma cena no exterior.

Apesar do aplauso unânime da crítica, esta série televisiva não conseguiu agarrar-me. Concordo que a reconstituição da época, do final dos anos 50 e princípio dos anos 60, é quase perfeita, mas a trama da série é muito superficial e não fiquei com vontade de ver a 2ª temporada.

Lost – 5ª temporada

—Já não há pachorra para esta série!

A coisa arrasta-se e, depois dos flash-back e dos flash-forward, agora temos saltos no tempo e vemos os principais paspalhões a saltarem 30 anos para a frente e 30 anos para trás, com a figura patibular do Locke, qual deus dos pequenos argumentistas, como pano de fundo.

Pena que a série não dê também alguns saltos para o lado. Podia ser que invadisse o espaço onde estão a filmar o “24” e o Jack Bauer entrasse por ali adentro e desatasse a partir o pescoço í  malta toda – menos í  Juliet, que deve ter feito um “boob job” nas férias, e í  Kate, que faz tão bem aqueles anúncios a champí´s (ou será depilatórios?).

Enfim, estou a ser mauzinho porque, na realidade, adormeci a meio de quase todos os episódios. No entanto, se me perguntarem, sou capaz de vos fazer um resumo do argumento, o que também não é difícil.

E ainda falta uma 6ª temporada!

24 – 7ª temporada

—O argumento da série 24 está cada vez mais inverosímil.

Na 7ª temporada, os EUA têm que enfrentar um bando de patetas, provenientes de um país imaginário, Sangala, comandados por um general improvável, chamado Zuma e que têm a brilhante ideia de invadir a Casa Branca.

Caso aquilo não resulte, têm, por trás, uma organização tentacular, que possui armas biológicas e que vai largá-las no metro de Washington, a fim de matar milhares de norte-americanos, provavelmente para obrigar a presidente dos EUA – desta vez uma mulher, que parece uma dona de casa desesperada – a renunciar, se é que é isso que eles querem, porque nunca se chega a perceber.

Tony Almeida que, afinal, não morreu, colabora com os maus, porque se quer vingar de um país que sempre serviu, mas que o lixou ou, então, quer-se vingar do homem que será responsável pela morte da mulher, Michelle, e que é o cérebro da tal organização, ou talvez não.

No meio de tudo isto, Jack Bauer passa um terço da série a morrer, depois de ter inalado gás cheio de H1N1 ou algo parecido, sempre a chutar dopamina para as veias para evitar as convulsões, sempre a sussurrar, em vez de falar, e com um trejeito na boca que lhe deve ter dado caimbras.

Confuso? Mais ficarão, depois de verem a 7ª temporada de 24 – uma série que já foi das melhores mas que, a partir da 5ª temporada se assemelha, cada vez mais, a um filme de acção de segunda categoria.

Salvam-se alguns bons momentos de Jack Bauer, como aquele em que, amarrado a uma mesa cirúrgica, depois de ter sido sedado e de lhe terem feito uma punção medular na coluna cervical (!), e apesar de ter apenas duas horas de vida, estar cheio de convulsões e movimento atetósicos, consegue libertar-se, cortar o pescoço a um dos médicos com um bisturi, matar o outro com um golpe de karate e partir o pescoço ao terceiro!

Aguardemos pela 8ª série, na qual Bauer, de cadeira de rodas, vence um exército inteiro enquanto sussurra qualquer coisa ininteligível.

Nip/Tuck – 5ª temporada, 2ª parte

niptuck5_2Já se sabe que Nip/Tuck é a série mais “kinky” da televisão.

Basta dizer que Matt, o filho do cirurgião McNamara que, afinal é filho do outro cirurgião, Christian Troy, uma vez que a sua mães, Julia, dormiu com os dois cirurgiões, muito antes de descobrir que era lésbica, pois Matt casou-se com uma ex-atriz porno, que já fora casada com o Dr. Troy e com ela teve uma menina que, aos 18 meses, já leva com Botox nos lábios para poder fazer campanhas publicitárias.

Depois, os casos clínicos vão desde o tipo que tem o corpo coberto de verrugas enormes, passando pela mulher que corta uma das mamas com uma serra eléctrica na recepção da clínica, e culminando com o tipo que quer fazer uma redução do pénis porque passa o tempo a fazer broche a si próprio.

Esta é mais uma daquelas séries que exige, do espectador, a aceitação do “setting”. Se o aceitarmos, divertimo-nos pela certa.

E a produção é excelente, com o guarda roupa dos actores a condizer com os sofás, ou os cortinados.

Por mim, pode continuar durante mais algumas temporadas.

ER – 13ª temporada

er13O ER sem o Dr. Greene já não era grande coisa – agora, sem o Dr. Carter e sem a Dra. Weaver, o ER não passa de um SAP de segunda categoria.

As situações clínicas de urgência, que fizeram desta série a melhor “série de médicos” e que transformavam cada episódio num vórtice de acção e ansiedade, foram substituídas pelos problemas pessoais de cada uma das personagens, o que faz desta 13ª temporada do ER uma espécie de telenovela, apenas um bocadinho acima da média.

No último episódio, é introduzida uma nova personagem, um novo chefe das Urgências, que talvez traga mais pica í  série, embora já se saiba que ela só dura mais duas temporadas.

“Dexter” – 1ª temporada

dexter1Michael C. Hall é o responsável por metade do êxito de Dexter, uma série negra, desenvolvida para televisão por James Manos Jr., a partir da novela de Jeff Lindsay.

Dexter é um perito forense da polícia de Miami que, simultaneamente, é um serial killer. No entanto, graças í  educação do seu pai adoptivo, também ele polícia, Dexter foi canalizando os seus instintos assassinos para os “maus”.

E assim, Dexter faz o que, no fundo, muitos de nós gostaríamos que fosse feito: justiça pelas suas próprias mãos, matando os maus, embora com requintes de psicopata.

Como é habitual nestas séries, a galeria de personagens secundárias é rica e variada, permitindo histórias laterais. Por outro lado, episódio a episódio, vamos conhecendo a infância de Dexter, ao mesmo tempo que surge um duelo com outro psicopata que, afinal, conhece o seu segredo.

E, repito, a personagem criada por Michael C. Hall é excelente, não tendo nada a ver com a que o mesmo actor personificava em “Six Feet Under”, outra grande série.

Vejamos se a segunda temporada mantém o mesmo nível.

“Prison Break”, série 4

prisonbreak4“Prison Break” é o exemplo acabado de uma boa ideia completamente estragada por necessidades contratuais.

A ideia de inventar um herói (Michael Scofield), que se deixa prender para ajudar o irmão a fugir da prisão, é óptima – e vi a primeira série com muito interesse.

Devia ter terminado aí, quando eles conseguem, finalmente, fugir de Fox River.

As restantes três séries são uma chatice e esta quarta temporada ultrapassa tudo, fazendo lembrar os piores episódios da “Misson: Impossible” e do McGiver, com os múltiplos personagens a fazerem jogos duplos e triplos, apoiando uns, mas denunciando outros, mais a inverosímil personagem da mãe de Scofield e da Companhia, uma organização tentacular mais ridícula que a do sucateiro Godinho.

O último episódio é-nos servido numa versão alargada, que é exclusiva da edição em dvd, e que é dolorosamente longo, indo quase até aos netos do Scofield.

Largamente dispensável.

The Wire – 4ª e 5ª séries

The Wire é uma das melhores séries de televisão de sempre. Parágrafo.

wire4Por razões maiores e por pormenores.

Pormenores:

1. O tema musical da série é a canção de Tom Waits, “Way Down in the Hole“, e só por isso já merecia aplausos. Mas fizeram mais: na primeira série, escutamos o próprio Waits a interpretar o tema e nas restantes 4 séries há outras tantas versões do mesmo.

2. A série não tem um herói, mas uma panóplia de pequenos anti-heróis; no fundo, é Baltimore, a cidade, a heroína da série.

3. Omar, o bandido negro, outsider, o personagem que mais se aproxima de um herói, não só é gay como acaba por ser assassinado por um puto enfezado de 10 ou 11 anos.

wire54. Cada série debruça-se sobre um sector da cidade: os bairros sociais, o porto de Baltimore, as escolas, o jornal Baltimore Sun, a Câmara Municipal.

E as grandes razões:

A série é óptima. O apartheid envergonhado que, de facto, existe nos EUA, a inevitabilidade da corrupção na política, o papel dos advogados como coadjuvantes dos criminosos, a importância de se ser “the king of the streets”, a gente respeitável que não se importa de viver í  conta do tráfico, a violência gratuita, os jornalistas oportunistas, o ensino caótico, etc, etc.

David Simon, ex-jornalista do Baltimore Sun foi o criador da série e, juntamente com Ed Burns, ex-polícia, é o responsável pela maior parte da notável escrita da série, que não fica nada a dever aos Sopranos, por exemplo.

Fiquei sem vontade nenhuma de conhecer Baltimore…