The Wire é uma das melhores séries de televisão de sempre. Parágrafo.
Por razões maiores e por pormenores.
Pormenores:
1. O tema musical da série é a canção de Tom Waits, “Way Down in the Hole“, e só por isso já merecia aplausos. Mas fizeram mais: na primeira série, escutamos o próprio Waits a interpretar o tema e nas restantes 4 séries há outras tantas versões do mesmo.
2. A série não tem um herói, mas uma panóplia de pequenos anti-heróis; no fundo, é Baltimore, a cidade, a heroína da série.
3. Omar, o bandido negro, outsider, o personagem que mais se aproxima de um herói, não só é gay como acaba por ser assassinado por um puto enfezado de 10 ou 11 anos.
4. Cada série debruça-se sobre um sector da cidade: os bairros sociais, o porto de Baltimore, as escolas, o jornal Baltimore Sun, a Câmara Municipal.
E as grandes razões:
A série é óptima. O apartheid envergonhado que, de facto, existe nos EUA, a inevitabilidade da corrupção na política, o papel dos advogados como coadjuvantes dos criminosos, a importância de se ser “the king of the streets”, a gente respeitável que não se importa de viver í conta do tráfico, a violência gratuita, os jornalistas oportunistas, o ensino caótico, etc, etc.
David Simon, ex-jornalista do Baltimore Sun foi o criador da série e, juntamente com Ed Burns, ex-polícia, é o responsável pela maior parte da notável escrita da série, que não fica nada a dever aos Sopranos, por exemplo.
Fiquei sem vontade nenhuma de conhecer Baltimore…