O Coiso e a tradutora dos livros de Olga Tokarczuk

Deparei-me com este simpático comentário no Coiso:

“…Sou a tradutora de Olga Tokarczuk e queria felicitá-lo pelas publicações que tem feito sobre os livros da escritora polaca. Espero que nunca deixe de o fazer. Saiu no Expresso um artigo meu onde menciono o seu blogue ““ uma forma de reconhecimento pelo seu trabalho. Parabéns!”

A Revista do Expresso estava ainda í  espera de ser lida, mas fui logo buscá-la e encontrei um texto escrito pela tradutora Teresa Fernandes Swiatkiewicz, onde ela refere:

“…A boa recepção de Olga Tokarczuk em Portugal pode ser analisada í  luz do conceito de fidelidade, porque entre os agentes do processo. editor, tradutor e leitor ““ se desenvolveu um relacionamento profícuo, manifesto no facto de os livros da escritora nobelizada serem simultaneamente best-sellers e long-sellers, bem como no facto de terem surgido no ciberespaço blogues literários (por exemplo, “…Palavras Sublinhadas” e “…O Coiso ““ aqui desde 1999″) que dissertam sobre os seus sucessivos livros, elogiando o carácter inovador da sua estrutura narrativa, a escrita fluida repleta de passagens memoráveis e pensamentos aforísticos, as personagens inesquecíveis e os enredos imaginativos, bem como a imprevisibilidade do desenrolar dos acontecimentos.”

Teresa Fernandes traduz os livros de Tokarczuk do polaco para português e percebe-se, pelo que diz neste texto, que o faz com prazer porque, também ela, deve ser (é certamente) uma fã da escritora polaca.

Quanto ao facto de O Coiso ser um blogue literário, não diria tanto… limito-me a escrever meia dúzia de opiniões sobre os livros que vou lendo.

“Jim, o Sortudo” (1953), de Kingsley Amis

É muito raro deixar um  livro a meio, mas aconteceu com este.

jim o sortudoNão foi devido í  qualidade da história que, até onde aguentei (página 93), não era grande coisa, mas podia ainda estar a aquecer.

O problema foi a tradução, atribuída a Nuno Castro, mas que mais parece uma daqueles traduções automáticas do Google.

Quando, na página 41, encontrei isto:

“- Muito me temo que desta vez sim”

E, mais abaixo:

“- Muito me temo que não”

…pensei que podia ser uma brincadeira. “I’m affraid not” traduzido por “muito me temo que não”?

Mas fui percebendo que era mesmo assim, porque o erro se repete várias vezes!

Fui ignorando outros erros crassos porque, como já disse, não gosto de deixar um livro a meio, mas a coisa foi-se avolumando.

Na página 58, uma das personagens pergunta ao protagonista se tinha bebido muitas cervejas na noite anterior; ele responde que terá bebido sete ou oito, e ela pergunta:

“- Pintas de cerveja?”

Pintas de cerveja?! Mas que raio é isso? Será “pints”?… muito me temo que sim...

Na página 85, deparo-me com isto:

“A sua gravata de seda com nó de Windsor condizia imerolhavelmente com a camisa de cor creme”.

Este neologismo, “imerolhavelmente”, não faço ideia do que seja!

Cada vez com mais dificuldade, fui avançando no livro mas, ao chegar í  página 93 fartei-me.

Foi nessa página que encontrei isto:

“Que te parece, querida? Acho que só há cerveja e sidra, a menos que queiras prosseguir e procurar um estabelecimento adjacenta”.

Desisti.

Esta trampa pertence í  chamada Biblioteca Sábado, uma colecção de meia dúzia de livros que acompanhavam a revista Sábado, há meia dúzia de anos.

Uma vergonha!