País de cobardolas

O governo decidiu assinalar hoje um dia de luto nacional pelas mulheres vítimas de violência doméstica.

Foram 28 mulheres assassinadas no ano passado e nestes dois meses, já foram mortas 19 mulheres!

A GNR e a PSP recebeu 26.439 queixas de violência doméstica em 2018 e parece que o número até desceu ligeiramente, em relação a 2017.

Como é possível continuar a dizer que o povo português é bonzinho, que o povo é que sabe, que a sabedoria popular é que vale?

Somos um país de cobardes, que agredimos as nossas mulheres, violentamos as nossas crianças e incendiamos as nossas florestas.

Exagero?…

É tudo uma questão de educação – ou falta dela.

E todos temos a culpa: as famílias, a escola, a comunicação social, os governantes.

300 Salazares

O meu cunhado Fernando, que é advogado, foi convidado a dar a sua opinião profissional sobre alguns casos de violência doméstica, no programa da TVI, “Você na TV”.

Aceitou e safou-se muito bem, explicando o que tinha que explicar, de um modo simples e directo. Não tenho dúvida de que os espectadores perceberam o que ele quiz dizer e ficaram mais esclarecidos.

Eu nunca vejo a TVI, excepto se transmite algum jogo do Benfica. Mas hoje abri uma excepção, para ver o Fernando.

Claro que se pode questionar a participação num programa tão reles, como o do Goucha. Valerá a pena? Não será até imoral participar numa coisa tão abjecta como aquela?

Acho que o Fernando fez bem em aceitar. Pelo menos, ele fez o contraponto ao chorrilho de asneiras que foram os testemunhos dos outros convidados e as parvoíces populistas do Goucha. Pelo menos, o Fernando explicou que a decisão de libertar alguém a meio da pena é tomada por um juiz, não é nada de automático, que é não é por isso que se evita ou se acelera o cometimento de mais um crime, etc. Foi ponderado, esclarecedor e correcto.

No entanto, Fernando, aquilo são pérolas a porcos.

O tio da jovem que foi assassinada pelo ex-marido, apesar de demonstrar grande consternação pela sua perda, não deixou de afirmar que o que o país precisa é de “300 Salazares”!

Por que carga de água o pobre do homem haveria de querer 300 Salazares?

A primeira coisa que um Salazar (e não eram preciso 300) faria era calar o homem – e, de caminho, calava também o Goucha, o que não deixaria de ser uma vantagem…