O meu cunhado Fernando, que é advogado, foi convidado a dar a sua opinião profissional sobre alguns casos de violência doméstica, no programa da TVI, “Você na TV”.
Aceitou e safou-se muito bem, explicando o que tinha que explicar, de um modo simples e directo. Não tenho dúvida de que os espectadores perceberam o que ele quiz dizer e ficaram mais esclarecidos.
Eu nunca vejo a TVI, excepto se transmite algum jogo do Benfica. Mas hoje abri uma excepção, para ver o Fernando.
Claro que se pode questionar a participação num programa tão reles, como o do Goucha. Valerá a pena? Não será até imoral participar numa coisa tão abjecta como aquela?
Acho que o Fernando fez bem em aceitar. Pelo menos, ele fez o contraponto ao chorrilho de asneiras que foram os testemunhos dos outros convidados e as parvoíces populistas do Goucha. Pelo menos, o Fernando explicou que a decisão de libertar alguém a meio da pena é tomada por um juiz, não é nada de automático, que é não é por isso que se evita ou se acelera o cometimento de mais um crime, etc. Foi ponderado, esclarecedor e correcto.
No entanto, Fernando, aquilo são pérolas a porcos.
O tio da jovem que foi assassinada pelo ex-marido, apesar de demonstrar grande consternação pela sua perda, não deixou de afirmar que o que o país precisa é de “300 Salazares”!
Por que carga de água o pobre do homem haveria de querer 300 Salazares?
A primeira coisa que um Salazar (e não eram preciso 300) faria era calar o homem – e, de caminho, calava também o Goucha, o que não deixaria de ser uma vantagem…