O Sócrates é um tipo de esquerda?
Partindo do princípio que o é, como explicar que as suas políticas sejam apoiadas pelo Presidente Cavaco?
A menos que Cavaco, seja, ele também, um homem de esquerda…
Marques Mendes tem atacado Sócrates e apoiado os trabalhadores da função pública, os professores, os juízes, o Jardim, e todos os que se sentem prejudicados pelas políticas do governo.
Será Mendes um tipo de esquerda?
Se, afinal, Mendes é de esquerda, chegamos í conclusão que Sócrates é de direita.
Partindo deste pressuposto, onde colocamos Jerónimo e Louçã?
Ribeiro e Castro não conta.
Aumentar desmesuradamente os funcionários públicos, é de esquerda?
Cortar o financiamento da Madeira, é de direita?
Acreditar que é possível manter um Serviço Nacional de Saúde praticamente gratuito, apesar das ressonâncias magnéticas, dos TAC, dos transplantes, é de esquerda?
Criar aulas de intersubstituição, para que os alunos não tenham furos constantemente, é de direita?
Cada vez faz menos sentido esta distinção entre esquerda e direita ou, pelo menos, o modo como esta distinção se tem feito, nos últimos trinta anos.
Não aceitar que as definições de esquerda e direita têm que ser reformuladas, é o mesmo que negar que o telemóvel substituiu o telefone fixo, que os discos de vinil já só servem para coleccionadores, que a internet é uma coisa tão vulgar como o microondas, coisas estas que nem sequer existiam, há trinta anos.
Sejamos politicamente incorrectos: já não tenho pachorra para as novas canções do Paul McCartney, assim como já não tenho paciência para o Carvalho da Silva, para o Manuel Alegre, para o Marcelo Rebelo de Sousa e para toda essa malta da minha geração que continua a mandar bitaites.
Deixem a malta mais nova tomar conta disto e deixem-me em paz!
Até que estava inclinado para concordar com o útimo paragrafo, que com todo o resto não posso deixar de concordar.
O problema é saber ao certo o que pensam, o que aspiram e o que são capazes de fazer os que nesse paragrafo citas.
Mas, qual malta mais nova???
Acha que a idade, ou melhor, a pouca idade, só por si, resolverá a coisa? Não haverá por aí muita malta jovem com pensar de velho? E muito adulto maduro (repare na subtileza) capaz de abanar o capacete e derramar ideias porreiras? Não existirá muito preto de cabeleira loira e muito branco de carapinha?
… por acaso também não tenho pachorra para o brinquinho do Paulo de Carvalho…
É ridícula esta necessidade de rotular tudo ou í esquerda ou í direita! Eu então, como não fico apenas de um dos lado ditos de direita ou de esquerda farto-me de andar í roda… Discuti muito isso na altura da invasão do Iraque quando se rotulou í esquerda toda a gente que era contra a guerra! Ou seja, toda a gente de direita seria, por natureza, bélica… Concordo, portanto, reformulem-se os conceitos ou esqueçam-nos e não nos aborreçam com teorias inúteis!