Haddon escreveu o excelente livro “O Estranho Caso do Cão Morto”, que era uma história narrada por uma criança autista. Daí, a curiosidade em ler este novo livro que, também ele, tem como principal personagem uma pessoa com dificuldades na relação com a realidade.
Trata-se de George, um vulgar chefe de família recém-reformado. A sua família é, também ela, uma vulgar família dos nossos dias: a mulher, Jean, cinquentona, redescobriu as delícias da vida sexual post-menopáusica com um ex-colega de trabalho de George; a filha mais velha, Kate, tem um filho pequeno, Jacob, vidrado em homens-aranhas e outros super-heróis e está prestes a casar-se, pela segunda vez, com um tal Ray; o filho mais novo, Jamie, é homossexual e a família ainda não aceitou bem esse facto. Depois, há uma série de pequenos personagens menores, que dão cor í história.
E a história, no fundo, resume-se a isto: nas vésperas do segundo casamento da filha, George descobre uma mancha na pele da coxa e decide que tem cancro. A partir desse momento, qualquer racionalização é impossível. Para piorar tudo, apanha a sua mulher a ser comida pelo ex-colega de trabalho, na sua própria cama!
A história está muito bem contada, numa escrita escorreita e fácil, sem grandes devaneios filosóficos, mas com uma grande dose de realismo.
Um bom livro para se ler em viagem.