Uma tarde de bola nos anos 60

Ao ver a transmissão de um jogo de futebol na Sportv, lembrei-me dos tempos em que ia à bola com o meu pai.

Íamos a pé, claro, até porque não morávamos muito longe do velho Estádio da Luz. Nas imediações do estádio, lá estava o velho pregão que gritava “Cá está o tabaco! Olhó tabaco! Cá está o tabaco!”. Tinha uma pequena baliza, na frente da qual estavam dois maços de tabaco. Tudo o que tinhas de fazer era pagar uma certa quantia e chutar uma pequena bola. Se conseguisses deitar abaixo os dois maços de tabaco, eram teus.

Mais à frente, alguém vendia chapéus feitos de cartolina branca, de forma cónica, mas, se te quisesses proteger do sol, também podias colocar um lenço de assoar na cabeça, com um nó em cada ponta.

No entanto, o que mais me espanta, sempre que penso nessas tardes passadas no velho Estádio da Luz, ao lado do meu pai e dos seu amigos e familiares, é o facto daquelas alminhas, que falavam o dialecto do Bairro Alto, serem também capazes de falar inglês.

Naqueles tempos, não havia cantos – só corners. O guarda-redes era o Keeper, os defesas eram os backs e o árbitro nunca assinalava foras de jogo, mas sim off sides. Por outro lado, o liner, era muitas vezes apelidado, ternurentamente, de bandeirinha.

Aos domingos à tarde – naqueles tempos, os jogos eram sempre ao domingo à tarde – o meu pai e a malta do Bairro Alto, eram todos bilingues!

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