Venezuela, quem tem razão?

A pergunta é quase insultuosa.

Ao vermos as notícias das televisões e dos jornais, parece óbvio que Nicolas Maduro é um ditador sádico, que impede a ajuda humanitária entrar num país depauperado, com pessoas a morrer í  fome e por falta de medicamentos, enquanto Juan Guaidó é um democrata do caraças que, apesar de se ter autoproclamado Presidente interino, tem toda a legitimidade para dirigir esta República das Bananas.

A RTP tem um enviado especial, Helder Silva, que está há vários dias na Venezuela, fazendo um excelente trabalho jornalístico, todo baseado nas coisas más que Maduro faz í  sua população e nas coisas boas que Guaidó quer fazer.

Por mero acaso, vi uma reportagem da BBC, noutro canal, em que o repórter entrevista gente do povo, a viver em bairros miseráveis, com frigoríficos ridiculamente vazios, mas que continua a apoiar Nicolás Maduro e a sua chamada revolução bolivariana, que já vem de Hugo Chávez.

As coisas nunca são pretas ou brancas.

Nem apoiar indefectivelmente Maduro, como faz o PCP, nem apoiar sem reservas Guaidó, como faz a comunicação social em bloco, para além do PSD, por exemplo. O cabeça de lista í s eleições europeias pelo PSD, Paulo Rangel, viajou até í  fronteira entre a Venezuela e a Colí´mbia, integrado numa delegação do Partido Popular Europeu, para apoiar a entrada da ajuda humanitária proveniente dos Estados Unidos.

E aqui entra o Trump que, ao mesmo tempo que prende os mexicanos que tentam entrar no território dos EUA e quer construir um muro que os impeça de imigrar, está a enviar camiões cheios de comida e medicamentos para ajudar os venezuelanos, desde que sejam contra o Maduro.

Nada disto é branco, nem preto – há por aí muitos cinzentos que, no entanto, não fazem parte da nossa comunicação social.

Enquanto isto, no Iémen, muitas crianças morrem í  fome, vítimas de uma guerra interminável, para a qual contribui a Arábia Saudita que, como sabemos, é alimentada pelo armamento americano.

Enfim, o Iémen parece que é mais longe, são todos muçulmanos e, pelos vistos, têm menos valor que os venezuelanos, segundo a comunicação social…

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