Nota pr\u00e9via: \u00cdndice de Desenvolvimento Humano \u00e9, segundo a defini\u00e7\u00e3o da Wikip\u00e9dia, “uma medida comparativa que engloba tr\u00eas dimens\u00f5es: riqueza<\/a>, educa\u00e7\u00e3o<\/a> e esperan\u00e7a m\u00e9dia de vida<\/a>. \u00c9 uma maneira padronizada de avalia\u00e7\u00e3o e medida do bem-estar de uma popula\u00e7\u00e3o. O \u00edndice foi desenvolvido em 1990<\/a> pelo economista<\/a> paquistan\u00eas<\/a> Mahbub ul Haq<\/a>, e vem sendo usado desde 1993<\/a> pelo Programa das Na\u00e7\u00f5es Unidas para o Desenvolvimento<\/a> no seu relat\u00f3rio anual”.<\/em><\/p>\n

O PCP est\u00e1 a realizar o seu 18\u00ba Congresso, o primeiro desde a morte do Pai Cunhal.<\/p>\n

Esta imagem do Congresso \u00e9 esmagadora.<\/p>\n

<\/a><\/p>\n

Ai, desculpem!… enganei-me… esta \u00e9 uma imagem de um Congresso do PC Chin\u00eas… Agora \u00e9 que \u00e9:<\/p>\n

<\/a><\/p>\n

Esta \u00e9 que \u00e9 uma foto do Congresso do PCP, no Campo Pequeno, mas tamb\u00e9m podia ser de qualquer outro Congresso de qualquer outro PC de qualquer outro pa\u00eds, delirantemente a caminho do socialismo.<\/p>\n

Segundo as teses do 18\u00ba Congresso do PCP, importantes, “nomeadamente pelo seu papel de resist\u00eancia \u00ed\u00a0 \u00c2\u00abnova ordem\u00c2\u00bb imperialista, s\u00e3o os pa\u00edses que definem como orienta\u00e7\u00e3o e objectivo a constru\u00e7\u00e3o de um sociedade socialista – Cuba, China, Vietname, Laos e RDP da Coreia”<\/strong><\/p>\n

Cuba – 51\u00ba lugar no \u00cdndice de Desenvolvimento Humano (Portugal est\u00e1 no 29\u00ba lugar);<\/p>\n

China – 81\u00ba lugar (num total de 177 pa\u00edses);<\/p>\n

Vietname – 105\u00ba lugar no ranking;<\/p>\n

Laos – 130\u00ba lugar;<\/p>\n

Coreia do Norte – dados indispon\u00edveis desde 1995; nesse ano, tinha um \u00cdndice de Desenvolvimento Humano semelhante ao do Laos.<\/p>\n

Ainda segundo as teses do Congresso, o eixo do capitalismo internacional \u00e9 formado pela Uni\u00e3o Europeia, os Estados Unidos e o Jap\u00e3o.<\/p>\n

Os EUA est\u00e3o no 11\u00ba lugar do IDH; o Jap\u00e3o, no 8\u00ba lugar e, na Uni\u00e3o Europeia, a classifica\u00e7\u00e3o vai desde o 5\u00ba lugar da Irlanda ao 32\u00ba da Rep\u00fablica Checa.<\/p>\n

Mas todos n\u00f3s sabemos como \u00e9 dif\u00edcil a caminhada em direc\u00e7\u00e3o ao socialismo.<\/p>\n

Cuba ainda s\u00f3 desde 1959 \u00e9 que vai em direc\u00e7\u00e3o ao socialismo.<\/p>\n

A China \u00e9 um pouco mais antiga nessa caminhada: come\u00e7ou-a em 1949.<\/p>\n

Vietname e Laos s\u00e3o novatos nestas coisas do socialismo e s\u00f3 come\u00e7aram a caminhar nesse sentido depois da retirada dos americanos, em 1976.<\/p>\n

Quanto \u00ed\u00a0 Coreia do Norte, nem para isso h\u00e1 dados dispon\u00edveis. Ali\u00e1s, a sua pr\u00f3pria exist\u00eancia real \u00e9 posta em d\u00favida por muitos observadores internacionais.<\/p>\n

Lemos as teses deste 18\u00ba Congresso do PCP e fazemos uma viagem no tempo. Recuamos, pelo menos, 30 anos.<\/p>\n

Por exemplo: <\/span><\/p>\n

“Apesar dos reveses sofridos, a violenta ofensica do imperialismo n\u00e3o d\u00e1 sinais de recuo, antes se acentuam os seus tra\u00e7os fundamentais – explora\u00e7\u00e3o, opress\u00e3o, agress\u00e3o, militarismo e guerra. No caldo de cultura da crise e da pretens\u00e3o do imperialismo de impor ao mundo a sua hegemonia, cresce o perigo de aventuras militares de dram\u00e1ticas consequ\u00eancias”.<\/span><\/p>\n

Por exemplo: <\/span><\/p>\n

“Intensifica-se a explora\u00e7\u00e3o dos trabalhadores com a extens\u00e3o do uso da for\u00e7a de
\ntrabalho e a redu\u00e7\u00e3o, por todos os meios poss\u00edveis, da sua remunera\u00e7\u00e3o, visando arrecadar a maior fatia poss\u00edvel de mais-valias, tirando partido do enfraquecimento tempor\u00e1rio do movimento comunista e oper\u00e1rio.”<\/span><\/p>\n

Por exemplo: <\/span><\/p>\n

“O socialismo, objectivo program\u00e1tico do PCP, tendo no horizonte o comunismo, n\u00e3o s\u00f3 traduz a superioridade dos valores de liberdade e justi\u00e7a social que animam os comunistas de todo o mundo na sua luta contra o capital, como constitui, na actualidade, uma possibilidade cada vez mais necess\u00e1ria e urgente.”<\/span><\/p>\n

O problema \u00e9 que os autores das teses deste Congresso acreditam piamente no que escrevem, como quem acredita, sem vacilar, nas sagradas escrituras.<\/span><\/p>\n

Ver Jer\u00f3nimo de Sousa a discursar, tendo, como fundo, uma bancada vermelha e com a saliva seca acumulada nas comissuras labiais, ver centenas de militantes, de punho erguido, masturbando a atmosfera e gritando, cadenciadamente. “Assim se v\u00ea, a for\u00e7a do P\u00eac\u00ed\u0160”, um tipo sente-se transportado para o passado e pergunta-se como \u00e9 poss\u00edvel que este tipo de partido ainda tenha tanta for\u00e7a e influ\u00eancia, no panorama nacional.<\/span><\/p>\n

E ali, na primeira fila, Carvalho da Silva, da CGTP e M\u00e1rio Nogueira, da Fenprof, a mostrarem que, apesar de tudo e de todos, s\u00e3o eles que continuam a marcar a agenda sindical em Portugal, na Fun\u00e7\u00e3o P\u00fablica, nas f\u00e1bricas, nas escolas.<\/span><\/p>\n

Mas, enfim, como dizia o Jos\u00e9 M\u00e1rio Branco, nos idos de 1982, na cantiga-poema “FMI”: “votas \u00ed\u00a0 esquerda moderada nas sindicais, votas no centro moderado nas deputais e votas na direita moderada nas presidenciais”. <\/span><\/p>\n

N<\/span>\u00e3<\/span>o \u00e9 filho?<\/span><\/p>\n

Assim se explica que tenhamos o Cavaco como presidente da Rep\u00fablica, o S\u00f3crates como primeiro-ministro e o Carvalho da Silva e o M\u00e1rio Nogueira a mandar nas ruas.<\/span><\/p>\n

Assim se v\u00ea… a for\u00e7a do P\u00ea C\u00ea…<\/span><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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