Um triplo \u00e1lbum de Tom Waits \u00e9 uma grand\u00edssima prenda de Natal. Tem um subt\u00edtulo: “Brawlers, Bawlers, Bastards”, que \u00e9 como quem diz: vociferadores, amotinadores e bastardos.<\/span><\/p>\n

O subt\u00edtulo est\u00e1 bem aplicado. O primeiro disco (Brawlers) reflecte as \u00faltimas tend\u00eancias de Waits; o homem grita, vocifera, usa e abusa da sua voz rouca, enquanto, ao fundo, os instrumentos, todos com som esquisito, fazem a chinfrineira ordenada do costume. S\u00e3o assobios (da responsabilidade de Anges Amar), sinos de vaca e seixos (Bobby Baloo), baixos (Seth Ford-Young e Larry Taylor), guitarras (Joe Gore e Marc Ribot), harm\u00f3nica (Charlie Musselwhite), bateria (Casey Waits, o filho do chefe). Tudo misturado, soando como uma banda embriagada e apenas vagamente afinada. Inclui uma raridade – “Sea of Love”, tema do filme interpretado por Al Pacino.<\/span><\/p>\n

O segundo disco (Bawlers) aproxima-se mais dos tempos mais “calmos” (?) de Tom Waits, tipo “Swordfishtrombones” e “Rain Dogs”. Gosto mais deste Tom Waits. Muitas faixas t\u00eam o piano ou a guitarra, como instrumento b\u00e1sico, as percuss\u00f5es s\u00e3o mais discretas, h\u00e1 sopros e acorde\u00e3o, e a loucura parece controlada. Os condimentos s\u00e3o os habituais: valsinhas, hist\u00f3rias cantadas, temas vagamente country.<\/span><\/p>\n

O terceiro disco (Bastards) \u00e9 uma brincadeira. Embora comece com uma outra raridade (“What keeps mankind alive”, do disco de homenagem a Kurt Weill e Bertolt Brecht), continua com historinhas contadas por Waits, que devem ser muito engra\u00e7adas, porque o homem d\u00e1 algumas gargalhadas; o problema \u00e9 que n\u00e3o consigo perceber metade do que ele diz.<\/span><\/p>\n

Em resumo: 54 temas de Tom Waits num \u00fanico \u00e1lbum! \u00c9 um fartar vilanagem!<\/span><\/p>\n

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