O povo andou \u00ed\u00a0 porrada nas lojas do Pingo Doce.<\/p>\n
Diz Pacheco Pereira, no seu texto “Humilha\u00e7\u00e3o”, publicado hoje no P\u00fablico:<\/p>\n
\u00c2\u00abProcedeu-se como se no meio de um ajuntamento qualquer, de “manifesta\u00e7\u00e3o”, seja ela pelo que for, atirasse um molho de moedas para mostrar que era f\u00e1cil levar as pessoas a andar pelo ch\u00e3o a apanh\u00e1-las, quebrando o ajuntamento. As pessoas ficam melhor com o dinheiro que apanharam, mas sabem muito bem que isso significou andar de gatas pelo ch\u00e3o e isto humilha-as. O modo como se escolheu o 1\u00ba de maio, o mais politizado dos feriados portugueses, tamb\u00e9m o mais “social” dos feriados portugueses, o \u00fanico que est\u00e1 associado a uma simbologia de luta e de reivindica\u00e7\u00e3o dos trabalhadores, para fazer isto, tem um significado que n\u00e3o pode ser ignorado. O modo como as coisas correram n\u00e3o foi muito diferente de abrir promo\u00e7\u00f5es de 50% na carne na sexta-feira santa, o que naturalmente seria visto como uma provoca\u00e7\u00e3o desnecess\u00e1ria aos crentes que aceitam as obriga\u00e7\u00f5es diet\u00e9ticas da sua religi\u00e3o.\u00c2\u00bb<\/p>\n
E diz Miguel Sousa Tavares, na sua cr\u00f3nica de hoje, no Expresso:<\/p>\n
\u00c2\u00abA direita acredita na caridade, a esquerda acredita na justi\u00e7a social. (…) Ter\u00e7a-feira passada, o que a Jer\u00f3nimo Martins fez foi um gesto de pura arrog\u00e2ncia empresarial, uma opera\u00e7\u00e3o reveladora de profundo desprezo e desrespeito pelos seus clientes, disfar\u00e7ada de caridadezinha social. E n\u00e3o apenas por o fazer sem aviso num primeiro de maio – o que, j\u00e1 de si e para mais na situa\u00e7\u00e3o actual, revela uma profunda ignor\u00e2ncia hist\u00f3rica e uma atitude de ‘vale tudo’. Mas atirar descontos de 50% aos pobres, como outrora os senhores ricos atiravam moedas aos pedintes \u00ed\u00a0 porta das igrejas e ficar a gozar o espect\u00e1culo da multid\u00e3o a disputar a esmola, \u00e9 a direita novecentista no seu pior, \u00e9 juntar o insulto \u00ed\u00a0 pobreza.\u00c2\u00bb<\/p>\n
Pacheco e Sousa Tavares est\u00e3o enganados.<\/p>\n
Aquela malt\u00f3sia que andou \u00ed\u00a0 chapada para comprar 250 rolos de papel higi\u00e9nico a metade do pre\u00e7o, n\u00e3o era o povo.<\/p>\n
O povo estava a descer a Avenida da Liberdade, com o Proen\u00e7a da UGT \u00ed\u00a0 frente, dando vivas ao 1\u00ba de Maio.<\/p>\n
Ou talvez eu esteja enganado e o povo estivesse, isso sim, em frente \u00ed\u00a0 Fonte Luminosa, de punho erguido, gritando palavras de ordem ensinadas pelo Arm\u00e9nio da CGTP.<\/p>\n
E da\u00ed, se formos a ver bem, o povo, aquilo a que se chama povo, estava em casa, calmamente a ver um daqueles programas televisivos idiotas.<\/p>\n
Porque essa do “povo unido”, aconteceu uma vez, ali para o Largo do Carmo – e correu bem porque o Jer\u00f3nimo Martins, o verdadeiro, n\u00e3o se lembrou de, nesse dia, vender tudo com 50% de desconto.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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