Exemplo (p\u00e1g. 204):<\/p>\n “A enorme vela carangueja embate contra o mastro, dando balan\u00e7os na marejada, com fortes pux\u00f5es que fazem estremecer o pau e o casco preto da balandra. \u00ed\u20ac popa, junto dos dois timoneiros que dirigem a cana de ferro forrado de couro, Pepe Lobo mant\u00e9m a embarca\u00e7\u00e3o de capa, com o vento de proa a fazer ondular a bujarrona solta e com a longa retranca a oscilar sobre a sua cabe\u00e7a. At\u00e9 ele chega o cheiro dos bota-fogos que fumegam no costado de estibordo, junto dos quatro canh\u00f5es de 6 libras que, por essa banda e sob supervis\u00e3o do contramestre Brasero, apontam para a tartana imobilizada muito perto, a tiro de pistola, com as duas velas triangulares a ondular e com as escotas soltas.”<\/em><\/p>\n E trechos como este n\u00e3o faltam, ao longo do livro.<\/p>\n O Ass\u00e9dio<\/em> passa-se em 1811, na cidade espanhola de C\u00e1dis, cercada pelas tropas de Napole\u00e3o. Cercada n\u00e3o ser\u00e1 o termo certo, porque a cidade mant\u00e9m a sa\u00edda para o mar, o que lhe permite resistir por mais de tr\u00eas meses.<\/p>\n Nessa cidade sitiada, um assassino est\u00e1 a matar jovens mulheres, chicoteando-as at\u00e9 \u00ed\u00a0 morte e os corpos v\u00e3o aparecendo onde, momentos depois, h\u00e1-de cair uma bomba francesa.<\/p>\n Um comiss\u00e1rio de pol\u00edcia muito pouco escrupuloso, persegue o assassino, acabando por conseguir apanh\u00e1-lo com a ajuda de um oficial inimigo.<\/p>\n Paralelamente, vamos conhecendo a hist\u00f3ria de Lolita Palma, dona de um empresa de exporta\u00e7\u00e3o e do cors\u00e1rio Pepe Lobo, que quase vai para a cama com ela – e outras pequenas hist\u00f3rias laterais.<\/p>\n P\u00e9rez-Reverte documentou-se a valer e descreve, ao pormenor, h\u00e1bitos, costumes, indument\u00e1ria, m\u00f3veis, publica\u00e7\u00f5es, e muito mais da C\u00e1dis do s\u00e9culo 19 e, por vezes, a narrativa tem o tom de uma grande reportagem (o autor foi jornalista, nomeadamente rep\u00f3rter de guerra).<\/p>\n O Ass\u00e9dio<\/em> \u00e9 um bom romance hist\u00f3rico, embora pudesse ganhar mais ritmo se n\u00e3o fosse t\u00e3o longo.<\/p>\n Outras obras do mesmo autor: O Pintor de Batalhas<\/a><\/em>, O Hussardo<\/a>, O Cemit\u00e9rio dos Barcos Sem Nome e A\u00c2\u00a0Rainha\u00c2\u00a0do Sul.<\/em><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Foi com alguma dificuldade que li este\u00c2\u00a0romance hist\u00f3rico\u00c2\u00a0de P\u00e9rez-Reverte. S\u00e3o mais de 650 p\u00e1ginas de escrita densa e, por vezes, dif\u00edcil de desbravar, sobretudo quando o autor decide inundar-nos de termos n\u00e1uticos. Exemplo (p\u00e1g. 204): “A enorme vela carangueja embate contra o mastro, dando balan\u00e7os na marejada, com fortes pux\u00f5es que fazem estremecer o pau […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"jetpack_post_was_ever_published":false,"_jetpack_newsletter_access":"","_jetpack_dont_email_post_to_subs":false,"_jetpack_newsletter_tier_id":0,"_jetpack_memberships_contains_paywalled_content":false,"_jetpack_memberships_contains_paid_content":false,"footnotes":""},"categories":[6],"tags":[1022,677,61,557],"class_list":["post-6136","post","type-post","status-publish","format-standard","hentry","category-lido","tag-arturo-perez-revert","tag-espanha","tag-livros","tag-romances"],"jetpack_featured_media_url":"","jetpack_shortlink":"https:\/\/wp.me\/p2Cpjx-1AY","jetpack_sharing_enabled":true,"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/6136","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=6136"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/6136\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=6136"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=6136"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/www.coiso.net\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=6136"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}<\/a>Foi com alguma dificuldade que li este\u00c2\u00a0romance hist\u00f3rico\u00c2\u00a0de P\u00e9rez-Reverte<\/a>. S\u00e3o mais de 650 p\u00e1ginas de escrita densa e, por vezes, dif\u00edcil de desbravar, sobretudo quando o autor decide inundar-nos de termos n\u00e1uticos.<\/p>\n