![\u2014](\"https:\/\/i0.wp.com\/www.coiso.net\/wp-content\/uploads\/2018\/02\/Swing-Time-e1518532648700.png?resize=140%2C90\")
<\/a>Zadie Smith nasceu em Londres em 1975, filha de m\u00e3e jamaicana e pai ingl\u00eas, tal como a narradora deste romance. Em crian\u00e7a, gostava de sapateado e, quando adolescente, considerou a hip\u00f3tese de uma carreira como actriz de musicais, tal como Tracey, a amiga da narradora de Swing Time.<\/p>\nAs duas amigas cresceram num bairro social dos sub\u00farbios de Londres e as descri\u00e7\u00f5es que Zadie Smith faz desses ambientes remeteu-me para o Bairro do Pica-Pau Amarelo, perto do qual trabalho h\u00e1 d\u00e9cadas.<\/p>\n
A m\u00e3e da narradora \u00e9 uma activista, que estuda e luta pelos direitos das minorias.<\/p>\n
Diz a protagonistas, sobre a m\u00e3e:<\/p>\n
“Nunca se submetia, por exemplo, ao culto da \u00c2\u00abimpecabilidade\u00c2\u00bb reinante no bairro – a paix\u00e3o dos fatos de treino reluzentes, das coruscantes j\u00f3ias falsas, dos dias inteiros passados no cabeleireiro, dos filhos com t\u00e9nis de cinquenta libras, dos sof\u00e1s pagos a presta\u00e7\u00f5es ao longo de v\u00e1rios anos – se bem que tamb\u00e9m n\u00e3o condenasse completamente nenhuma destas coisas. As pessoas n\u00e3o s\u00e3o pobres por terem tomado op\u00e7\u00f5es erradas, gostava de dizer a minha m\u00e3e, tomam op\u00e7\u00f5es erradas porque s\u00e3o pobres”.<\/em><\/p>\n Esta \u00faltima frase aplica-se a muitos dos meus doentes, habitantes dos bairros sociais do Monte de Caparica…<\/p>\n As duas amigas querem ser bailarinas e adoram os musicais de Hollywood, sobretudo os de Fred Astaire, mas tamb\u00e9m admiram Michael Jackson. Frequentam aulas de dan\u00e7am e treinam todas as tardes.<\/p>\n Quando chega a adolesc\u00eancia e os seus conflitos, come\u00e7am a afastar-se.<\/p>\n A narradora diz:<\/p>\n “Eu, pelo contr\u00e1rio, tinha sido completamente apanhada desprevenida pela adolesc\u00eancia, continuando a trautear can\u00e7\u00f5es de Gershwin no fundo da sala de aula enquanto, \u00ed\u00a0 minha volta, os c\u00edrculos de amizade come\u00e7avam a formar-se e a consolidar-se, definidos pela cor, classe, dinheiro, c\u00f3digo postal, nacionalidade, m\u00fasica, droga, pol\u00edtica, desporto, aspira\u00e7\u00e3o, l\u00edngua, sexualidade… um dia dei a volta naquele enorme jogo de cadeiras musicais e verifiquei que n\u00e3o havia lugar para mim. Sem saber o que fazer, fiz-me g\u00f3tica.”<\/em><\/p>\n Separadas pela vida, a narradora torna-se assistente pessoal de uma artista pop norte-americana, com ascend\u00eancia africana que tem muitos pontos comuns com algumas reais bem conhecidas: filhos de pais diferentes criados por amas, funda\u00e7\u00e3o de escolas para crian\u00e7as das aldeias africanas… – enquanto Tracey, a amiga de inf\u00e2ncia, consegue ser bailarina em alguns shows musicais mas acaba de volta ao bairro social, com tr\u00eas filhos, um de cada pai.<\/p>\n